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Descubra a Metabolômica e outras Ciências Ômicas – A evolução da pesquisa científica.

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Já ouviu falar das ciências “ômicas”?

Dentro do estudo de metabólitos, saúde, doenças e a nossa relação com o ambiente, podemos encontrar as ciências ômicas, ou seja, o estudo sobre diferentes tecnologias nas áreas de função, interações entre moléculas e suas implicações ao correlacionarmos doença versus saúde.

Dentro das ciências ômicas, encontramos:

Genômica (estudo do DNA)

Transcriptômica (RNA)

Proteômica (proteínas)

Metabolômica (metabólitos)

Cada um de nós possui um DNA único, sendo assim, dentro da genômica, poderemos estudar nosso perfil de saúde, genética especifica para doenças ou condições. A partir do DNA, temos o RNA, uma “cópia” do nosso próprio DNA que é feita através da transcrição molecular, e resulta na renovação das funções já existentes no organismo. É na transcrição do RNA que ocorrem inúmeros erros genéticos, processo de envelhecimento, alterações em expressão genética, e os polimorfismos ou mutações.

Dando sequência, temos a proteômica, que é o estudo das proteínas resultantes da transcrição do RNA, ou seja, a cada função existente no nosso corpo, de forma minuciosa, novas proteínas são fabricadas, e cada proteína possui um papel diferente, em diversas funções especificas.

Por fim, os metabólitos, ou seja, a etapa final de todos os passos anteriores, que resultam em metabólitos, ou melhor dizendo, substâncias moleculares que desempenham papel fundamental para cada ciclo metabólico, energético ou funcional no nosso organismo. Se você já lê minhas matérias aqui, conhece ao menos uma dessas moléculas, como a histamina, amplamente discutida hoje sobre sua intolerância e implicações diretas na saúde de quem possui alteração sobre a absorção ou síntese da histamina, o que acarreta em inúmeros sintomas e distúrbios no organismo do indivíduo.

No último mês, São Paulo foi sede da segunda edição do congresso GutBrain, com palestrantes nacionais e internacionais renomados, sobre as últimas novidades e atualizações do eixo intestino-cérebro, e toda a implicação intestino-organismo. Convidei o médico, pesquisador e microbiologista Alessandro Silveira para falar mais sobre a metabolômica e como a população pode ser impactada com essas novidades, que diretamente podem melhorar tratamentos, deixar as prescrições muito mais assertivas e direcionadas.

“No que diz respeito aos testes de sequenciamento genético do genoma, exoma humano, tudo que está ali é uma propriedade em potencial. São informações que podem, ou não, ser codificadas, ali especificamos todos os genes. Já quando falamos em sequenciamento genético da microbiota, o exame faz o sequenciamento do genoma microbiano, e a partir dessa informação conseguimos especificar quais microrganismos estão presentes ali. É a partir desse pressuposto de informação que sabemos que, se aquele microrganismo está ali, ele irá produzir um metabólito dentro do nosso organismo. Um exemplo clássico é o Faecalibacterium prausnitzii e sua produção de butirato.”

E a metabolômica aplicada ao nutricionista, médico ou profissional da saúde?

“Na metabolômica, podemos fazer o teste do metabólito, diretamente, e assim avaliar este (butirato) e qualquer outro metabólito, como neurotransmissores, no organismo do paciente e correlacionar com o tratamento a ser feito.”

O sequenciamento genético da microbiota faz a relação do microrganismo que se encontra ali, o sequenciamento do genoma humano, sequencia o gene do hospedeiro, e os exames de metabólitos são capazes de já mostrar a etapa mais final dos processos que aconteceram antes.

Na prática, o paciente tem a oportunidade de investigar muito mais a fundo suas condições de saúde, que outrora foram tratados de forma mais rasa ou subjetiva. Claro que a análise clinica do paciente é o primeiro passo para uma boa investigação. Tanto eu, como outros profissionais como o Alessandro, temos uma certa ressalva quanto ao excesso de exames a serem solicitados ao paciente. Mas uma coisa é certa: em termos de eficiência e precisão, é notória a importância de podermos investigar de forma muito mais minuciosa o organismo na sua mais íntima relação bioquímica, como quando usamos a metabolômica.

Para o paciente, saber tantas informações sobre si pode gerar inclusive uma certa frustração, pois muitas vezes o tratamento estará além daquilo que ele poderá fazer no momento, ou então desejará fazer naquele momento de vida.

Já para o profissional, o estudo da metabolômica vem ganhando mais e mais espaço justamente por transformar um tratamento em algo mais minucioso, direcionado e de precisão (já ouviu falar nesse termo? Medicina de precisão ou nutrição de precisão são áreas de abordagem muito direcionadas).

Para Alessandro, “o termo metabolômica é amplo, afinal já temos muitos exames realizados que são de metabólitos e que direcionam informações sobre o estado de saúde do paciente, como é o caso do LDL, HDL, sais biliares secundários, histamina, ácidos graxos de cadeia curta, aminoácidos de cadeia ramificada, neurotransmissores —todos esses são muito importantes para poder analisar e quantificar”.

A diferença entre os que já aplicamos e os que podemos iniciar a estudar e aplicar na metabolômica, é que os exames de última geração são caros, dependem de equipamentos de alto custo, apesar de oferecerem tantas possibilidades.

Agora um ponto-chave, com o qual eu me identifico particularmente quanto à responsabilidade no relacionamento paciente-profissional, diz respeito à opinião do Alessandro sobre a aplicabilidade dos testes de metabolômica: “Os testes são caros, não é todo mundo que poderá realizá-los, temos a restrição do pagamento mas também temos a restrição do conhecimento desses testes”, diz.

“Quem conhece metabolômica atualmente? São poucos os que realmente entendem a fundo. O teste é maravilhoso, mas será que o profissional tem capacidade para interpretar? O profissional que hoje solicita esses exames está sendo inundado de informação a todo tempo sobre diagnósticos. É humanamente impossível todos saberem tudo sobre tantos testes, análises e diagnósticos. Como o profissional vai transformar essas informações em algo útil ao paciente, uma abordagem tão ampla e com tantas possibilidades?”, diz.

Para finalizar, de fato existem diferentes tipos de exames, tanto os de ultima geração (sequenciamentos genéticos, espectrometria de massa, cromatografias, entre outros) como alguns séricos e urinários já existentes e amplamente solicitados em atendimento clinico, porém é cada vez mais imprescindível e indispensável que o paciente tenha sob ele um olhar multidisciplinar dentro das grandes áreas, e com diferentes especialidades, pois só assim esse montante de informação se tornará útil.

Alessandro Silveira foi um dos profissionais renomados, pesquisador brasileiro, que foi convidado a palestrar no GutBrain deste ano, você pode acompanhar todo o trabalho dele e de outros profissionais nas suas redes sociais: @alessandromicro e @gutbraincongress

Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda

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Carlos Miranda

Business consultant | Gastronomo | Chef Executivo | Pitmasters | Chef proprietário OSSOBUCO Outdoor Cooking