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China detém jornalista acusado de espionagem em meio à repressão à liberdade de imprensa

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Dong Yuyu, um jornalista de um dos principais meios de comunicação estatais da China, foi preso sob acusação de espionagem, denunciou sua família nesta terça-feira, 25. Dong é conhecido por seus textos relativamente francos e progressistas.

O jornalista foi preso em fevereiro do ano passado, após se encontrar com um diplomata japonês que, conforme relatado na época, também foi levado para interrogatório antes de ser libertado. A princípio, a família de Dong manteve a prisão em segredo, na esperança de que acelerasse sua libertação. No mês passado, porém, foi notificada de que o caso iria progredir para julgamento.

Grupos de direitos humanos e de liberdade de imprensa criticaram amplamente a prisão do jornalista. Críticos afirmam que Dong está sendo julgado por ter “interações normais” com estrangeiros.

“A esperança [da família] era que os investigadores pudessem entender que seus laços estrangeiros não eram suspeitos, mas uma parte normal de seu trabalho e uma interação normal entre pessoas na maior parte do mundo”, disse o comunicado de sua família, segundo o jornal americano The Washington Post.

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Dong trabalhava no Guangming Daily, um dos principais jornais controlados pelo estado da China, desde 1987 e é bem conhecido tanto em Pequim quanto entre os jornalistas e diplomatas ocidentais. Ao longo de uma longa carreira, ele já escreveu para o jornal americano The New York Times e seus textos são considerados pró-reforma, com defesa progressista da melhoria da governança chinesa.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) na China afirma que processar Dong por espionagem é “absurdo e cruel”. O órgão ainda destacou que o país é o segundo pior carcereiro de jornalistas do mundo, com pelo menos 48 atrás das grades em 1º de dezembro de 2022. Já as pesquisas da Repórteres Sem Fronteiras colocaram o número acima de 100.

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A acusação gerou alertas sobre a crescente hostilidade do governo de Pequim em relação às interações entre chineses e estrangeiros. O caso de Dong ocorre em um momento em que sentimento nacionalista está em crescimento no país, devido à suspeita do governo de “interferência” estrangeira. As relações com os Estados Unidos e o Japão, em particular, estão em um ponto baixo, devido às tensões em relação a Taiwan.

Mais de 60 acadêmicos e jornalistas assinaram uma carta aberta pedindo a libertação de Dong. No documento, eles afirmaram que atos de “diplomacia do povo para o povo”, apoiados pelo governo chinês, não poderiam acontecer se os chineses correm risco de serem acusados de espionagem.

“Reuniões com pessoas como Dong são essenciais para que a China e o resto do mundo tenham relações produtivas, abertas e estáveis”, disse a carta.

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De acordo com as leis de espionagem da China, Dong pode enfrentar uma sentença de prisão de 10 anos à prisão perpétua. O sistema judicial do país tem uma taxa de condenação de 99% para esse tipo de acusação, com quase nenhuma transparência para casos relacionados à segurança nacional.

Na próxima quarta-feira, 26, é esperado que o parlamento da China aprove emendas às leis de espionagem do país, ampliando seu escopo e aumentando os poderes das autoridades.

O crescente autoritarismo chinês é visto como um risco para a atuação de jornalistas, ativistas e advogados. Nesta terça-feira, 25, a mídia estatal chinesa revelou que um ativista político taiwanês, Yang Chih-yuan, preso em agosto, havia sido formalmente acusado de crimes de secessão. Antes disso, autoridades chinesas prenderam um vendedor de livros de Taiwan que havia retornado a Xangai para renunciar à cidadania, como parte de sua naturalização taiwanesa. No início deste mês, dois proeminentes ativistas de direitos humanos receberam sentenças de prisão extraordinariamente longas, de 12 e 14 anos.

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Fonte: Veja

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