Uma das protagonistas da novela das 21h da Globo, Brisa, enfrenta um problema de má formação genética que a impede de provar ser mãe de seu filho: o quimerismo. Mas você sabe o que é isso? O médico geneticista Gustavo Guida, da Dasa Genômica explica um pouco mais sobre essa condição. As pessoas com quimerismo nascem com dois materiais genéticos distintos em suas células. No entanto, a condição também pode acontecer durante um transplante de células-tronco.
“Cada um de nós deveria ter um único conjunto de DNA, repetido em todas as células, que recebeu metade do material da mãe e metade do pai. Quando falamos em quimerismo, isso significa que a pessoa tem dois conjuntos diferentes de material que não tem a mesma origem. Ou seja, foram fusionados dois grupos diferentes de material genético”, pondera Guida.
O especialista explica que o quimerismo tem caracteristicas perceptíveis. Como cores de olhos diferentes, um padrão de manchas na pele. E wventualmente pode ter problemas de saúde. “Outro impacto na saúde é quando vai receber sangue ou órgão de doação e a compatibilidade foi identificada erradamente por conta do quimerismo”.
A condição pode ser diagnosticada quando consegue demonstrar num teste que identifica no material genético duas linhagens diferentes. “Vários testes podem detectar uma quimera. Posso num teste de DNA ou de investigação de doença descobrir que aquela pessoa tem duas linhagens. Hoje o método mais habitual é usar o mesmo teste de DNA”.
O quimerismo pode também acontecer de forma artificial, que são os transplantes. “Quando eu transplanto um órgão, a pessoa passa a ter um segundo conjunto de DNA. Isso acontece principalmente quando transplanta uma medula, o sangue passa a ser o do doador. Não deveria mais encontrar sangue do receptor. Quando existe o sangue do receptor, ele pode sofrer com reação imunológica e interferir com a perda do transplante”.
Geneticista Gustavo Guida, da Dasa Genômica
O quimerismo pode interferir num teste de DNA e até mesmo num exame criminológico. “É real o quimerismo interferir num resultado de DNA ou num exame criminológico. O quimerismo pode interferir num teste de paternidade, num teste genético.Quem já fez um transplante de medula não deve fazer um teste genético a partir do sangue”, complementa.
Tipos de Quimerismo
Gustavo destaca que existem alguns tipos de quimeirismo, o mais comum que praticamente todo mundo passou por ele é chamado o microquimerismo, que acontece durante a gravidez. Algumas células maternas invadem o organismo do feto. Algumas células fetais fazem o mecanismo inverso e invadez o organismo da mãe. Para algumas mulheres, consegue detectar presença de células fetais após o parto. Isso tende a sumir após um tempo, mas em algumas pessoas é detectada a presença”.
O geneticista confirma que outro tipo de quimerismo mais raro é o partenogenético, o quimerismo que um óvulo não foi fecundado, ele se autofecunda sozinho, não recebe material genético do espermatozóide. “Ele duplica o material dele e passa a comportar como uma gestação, mas não consegue evoluir. Sempre que um óvulo faz isso, ele para a evolução dele e sofre um abortamento espontâneo”. Porém, há situação rara em que um óvulo faz esse desenvolvimento espontâneo. Existe um outro óvulo que foi fecundado por um espermatozóide. Esses dois óvulos podem reunir em um embrião só, que passa ser o quimerismo partenogenético.
Outra forma parecida envolve dois embriões normais, criados pela fusão óvulo/espermatozóide e depois esses dois embriões se juntam. é o chamado o quimerismo tetragamético. “Isso geralmente acontece em situações de gêmeos, em que um gêmeo não evolui e é absorvido pelo outro”.
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Fonte: unicanews
