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Ser mãe e avó através de barriga de aluguel: a história de Ana Obregón

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Aos 68 anos, Ana Obregón foi fotografada deixando uma maternidade na Flórida, com uma bebezinha nos braços. Nas redes, postou a felicidade sentida naqueles momentos. Causou, obviamente, o mais rebuliço na Espanha, onde é uma conhecida atriz e personalidade de televisão.

A história ficou mais complexa ainda quando ela deu uma entrevista à revista Hola, contando que a criança, Ana Sandra, tinha sido gerada por barriga de aluguel com sêmen de seu filho, Aless, que morreu de câncer aos 27 anos.

O desejo de deixar um filho tinha sido transmitido por Aless pouco antes de morrer, em 2020, levado por um sarcoma de Ewing. Antes de fazer a quimioterapia que apenas retardou os efeitos do devastador câncer nos ossos e tecidos circundantes, ele havia congelado o esperma, um procedimento comum entre pessoas em idade fértil submetidas ao tratamento poderoso, capaz de afetar a capacidade reprodutiva.

Para cumprir o desejo postumamente, Ana foi aos Estados Unidos. Na Espanha, a barriga de aluguel é proibida e condenada inclusive por políticas de esquerda, como as que integram o atual governo, considerando o procedimento uma forma de exploração de mulheres necessitadas.

Nenhuma mulher que não precisa do dinheiro faz isso, fora do contexto familiar, mas a barriga de aluguel já é um procedimento absorvido pela sociedade, principalmente quando envolve um casal infértil, desde a primeira gestação bem sucedida dessa forma, em 1985.

A legislação americana varia conforme o estado, mas os Estados Unidos são uma meca dos pais que não conseguem ter filhos de outra forma. Tudo é feito através de agências, com advogados para ambas as partes de forma a impedir futuras disputas e com um cardápio de mães terceirizadas.

Os pais podem incluir no contrato cláusulas proibindo consumo de álcool e até de café durante a gestação. Kim Kardashian e Kanye West, quando ainda estavam casados, exigiram abstenção sexual num período fixo antes e depois da inseminação. Os dois últimos filhos do casal nasceram de barriga de aluguel. Nos dois primeiros partos, Kardashian contou ter sofrido de placenta acreta, quando a bolsa onde as crianças são gestadas não sai. Isso provoca a hemorragia que matava tantas mulheres antes da evolução no atendimento médico, mas ainda pode ser fatal em casos extremos.

Para ter a neta nos braços, Ana Obregón assumiu o processo de barriga de aluguel como mãe e de tal forma saiu a criança registrada do hospital americano. Ela ainda está na Flórida, esperando o passaporte americano da neta que trata como filha: troca fraldas, dá mamadeira e, segundo a Hola, “há semanas não vai ao cabeleireiro” – certamente um sacrifício para uma mulher que vive da imagem, conhecida pelas múltiplas intervenções estéticas.

A situação legal da criança ainda terá que ser regularizada na Espanha. Existe também a questão ética. Uma mulher de 68 anos não poderá, pelo desenvolvimento natural da vida, acompanhar a infância e a adolescência da criança com a energia que isso demanda, mesmo dispondo de meios para se cercar de toda ajuda possível.

Outra questão ética raramente mencionada é a das mães que simplesmente não querem sofrer as mudanças corporais da gestação. Ou motivos como o alegado pela atriz Lucy Liu, americana de origem chinesa, que disse que estava trabalhando muito e “não sabia quando poderia parar” quando resolveu ser mãe, aos 46 anos. Seu filho, Rockwell, está com sete anos.

Prorrogar a maternidade, acreditando que a medicina resolve tudo, é um dos motivos que levam muitas mulheres a apelar para a gestação terceirizada. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, já contou que a perda de oportunidades reprodutivas aconteceu com ela. Depois de ter a primeira filha, Ginevra, chegando aos 40 anos, ela não conseguiu engravidar de novo, como desejava.

Hoje com 46, ela protagoniza a maior discussão, até agora, de um governo bastante equilibrado, ao contrário dos que previam uma tomada fascista do poder no país onde tudo começou. O governo Meloni está orientando as prefeituras a não registrar filhos de casais do mesmo sexo. As uniões homossexuais são reconhecidas na Itália, mas não a adoção nem as barrigas de aluguel.

A lista de celebridades, homo ou hétero, com filhos nascidos de gestações comerciais inclui, famosamente, Cristiano Ronaldo, Elon Musk, Elton John, Ricky Martin, Tom Ford, George Lucas, Robert De Niro, Nicole Kidman, Sarah Jessica Parker, Paris Hilton e um longo etc.

O desejo de ter um filho – ou um filho do filho que se foi, como mostrou o caso de Ana Obregón – é um dos sentimentos mais poderosos do ser humano e a ciência muitas vezes anda mais depressa do que a sociedade, produzindo situações que compete a todos decidir e não julgar, sem deixar de levar como consideração suprema o bem estar das crianças.

Ratos de laboratório, que nos precedem em tudo, já produziram óvulos, abrindo caminho à futura geração de filhos com dois pais, sem participação de uma fêmea. Estamos preparados para isso?

Fonte: Veja

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