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Agronegócio

Tecnologia e rotação de culturas para controle de nematoides

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A quantidade de nematoides em solos agricultáveis tem crescido em todo país. Em Mato Grosso, a ocorrência tem sido monitorada por ser de grande preocupação para o futuro do setor produtivo. Por ser de difícil controle, já que em alguns casos são assintomáticos, e por causar reduções consideráveis na produção, o assunto tem sido recorrente nos estudos de pesquisadores do agro.

Na manhã de terça-feira (4), o tema fez parte do painel de Sistemas de Cultivos, no Master Meeting Soja 2023, realizado pela Proteplan.

Nematoides são inimigos ocultos nas lavouras

Os nematoides são patógenos que ficam no solo e que, muitas vezes, são confundidos com outras doenças ou como um problema de compactação e fertilidade. E por isso, acabam sendo negligenciados por alguns produtores que tomam decisões tardias quanto ao manejo.

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Foto: Pesquisadora da Universidade Estadual de Maringá e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nematologia, Claudia Arieira. Crédito: João Pedro/Proteplan

A pesquisa da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Claudia Arieira, explica que quando observam o problema ele já está generalizado e em estado grave. E são chamados de inimigos ocultos.

Segundo Claudia, o sistema de cultivo interfere diretamente na dinâmica dos nematoides.

“Nós temos que pensar quanto que o nematoide tem de inimigo natural ou não no solo e principalmente quanto a soja tem de raiz para suportar o nematoide. Então, o sistema de cultivo tem efeito direto neste patógeno, pois a palhada e as plantas que são cultivadas ali, quando fazemos cobertura, essa degradação libera uma substância química que pode até ser ativa contra o nematoide, mas o mais importante nisso é o efeito sobre o vegetal e a microbiologia daquele solo”, afirma a pesquisadora.

Ela destaca que para recuperar a saúde do solo, é preciso ter um volume de sistema radicular que suporte o ataque desses patógenos. “Temos que fazer com que a soja suporte conviver com o nematoide, e por isso o sistema de rotação de cultivo é muito importante”, completa.

Neste caso, a rotação de culturas entra com duas opções distintas. A de cultivar uma planta que é uma redutora de nematoides, com o objetivo de reduzir a população, ou uma planta para melhorar o sistema, que é protegida contra o patógeno.

“Hoje a rotação de culturas é o nosso coringa, a principal ferramenta redutora do patógeno, com plantas antagonistas, que podem ser hospedeira ou não”, diz a pesquisadora.

Diversidade na produção de grãos

O produtor rural José Eduardo Macedo Soares, proprietário da Fazenda Capuaba, de 1,8 mil hectares no município de Lucas do Rio Verde, aposta na maior biodiversidade para manter o solo “vivo”. Apesar de a soja ainda ser a protagonista, a propriedade faz a rotação com o arroz, milho, sorgo, milheto e mais de dez espécies diferentes de plantas de cobertura para o solo.

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Foto: Produtor de Lucas do Rio Verde, José Macedo Soares. Crédito: João Pedro/Proteplan

Segundo o produtor, a rotação de culturas visa um projeto a médio e a longo prazo fazendo com que o solo receba maior aporte de matéria orgânica com a diversidade de plantas e sistemas radiculares diferentes.

“A diversidade na superfície do solo é o espelho da diversidade subterrânea, e é fundamental para conseguirmos recuperar o solo. Mas para isso é necessário planejamento, pensar na diversidade de culturas e sempre pensar na proteção constante do solo, durante 365 dias do ano, com uma boa palhada protegendo a superfície do calor extremo e ajudando a manter a vida do solo”, pontua.

É preciso entender como a soja funciona

De acordo com o coordenador da Proteplan e doutor em ciência do solo, Marcelo Barbosa, é preciso entender como a planta da soja funciona. E, em que momento elas estão mais sensíveis às ações de fatores abióticos, de forma que seja possível intervir na sua fisiologia, para evitar quebras de produtividade.

Barbosa frisa que Mato Grosso está em uma região que é privilegiada em relação ao tipo de solo. Aproximadamente 52% dos tipos de solo do estado são classificados, de acordo com o sistema brasileiro de classificação do solo, como Latossolos.

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Foto: Marcelo Barbosa, Geraldo Chavarria e Gabriel Schaich em debate sobre sistema radicular – Crédito João Pedro/Proteplan

Isso quer dizer que são solos muito intemperados, profundos, de textura homogênea que não apresentam impedimento físico ao desenvolvimento do sistema radicular, o que é uma característica muito favorável ao cultivo.

“A soja possui a capacidade de absorver água e nutrientes em profundidade. Entre 30 a 60 cm a planta absorve 22,5 % da água que ela necessita durante o seu ciclo. Entre 60 a 90 cm de profundidade, ela absorve 26,8% e entre 1,20 a 1,50 metros de profundidade, ela absorve 37,5%. Por isso é preciso estimular o desenvolvimento do sistema radicular da planta, caso contrário estamos limitando a expressão do máximo potencial produtivo dela”.

Investir em tecnologia é a melhor alternativa para o plantio

O coordenador da Proteplan defende que na hora do plantio é preciso investir em tecnologias que estimulam um sistema radicular mais robusto. Isso é feito com a aplicação, via tratamento de sementes e folha, de hormônios ou precursores hormonais que possuem essa função na planta. Além de trabalhar a estrutura da planta para conseguir ter uma boa fixação biológica de nitrogênio. Método muito frisado pelo professor Geraldo Chavarria, durante painel “Fisiologia no campo: manejo da soja para altas produtividades”.

O coordenador e doutor explica que a cultura da soja é altamente exigente em nitrogênio. Ocasionando uma demanda de aproximadamente 80 quilos de nitrogênio para cada mil quilos de grão produzido. Isso resultaria em uma demanda de aproximadamente 400 quilos de N por hectare, para esse nível de produtividade.

O Brasil é um grande importador de fertilizantes nitrogenados. E fornecer esse nitrogênio via fertilizantes minerais, tornaria o custo de produção da cultura muito elevado. O que deixa a commodity pouco competitiva, frente ao mercado mundial.

“A grande competitividade da comercialização da soja brasileira no mercado internacional é resultado do uso de tecnologias como a inoculação, que se caracteriza pela aplicação de microrganismos capazes de captar o nitrogênio da atmosfera na forma elementar (N2) e transformar e disponibilizar para as plantas nas formas nas quais ela consegue absorver (NH4+), sendo essa tecnologia de baixo custo”, finaliza.

 

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Editado por: Ana Moura, de Cuiabá (MT)

Fonte: canalrural

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