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“Candidato à Presidência promete revolucionar o país enquanto o dólar alcança os 400 pesos”

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Lembram-se de quando a crise argentina era tão grave que o dólar estava batendo nos 300 pesos? Parece que foi ontem. Agora, está chegando nos 400. Para continuar nos números redondos, vale notar que a inflação passou dos 100%.

O que acontece com um presidente de esquerda como Alberto Fernández quando vê o mundo desabar? Vai a Washington, de chapéu na mão, pedir a Joe Biden que apoie a reestruturação da dívida como o FMI. Este é o final humilhante de quem comanda — ou finge comandar — economias em estado terminal, como recorrentemente acontece na Argentina.

Fernández se declarou um “aliado absoluto” dos Estados Unidos, enquanto sua ex-chefe Cristina Kirchner acusava os malvados americanos de tramarem contra ela via processos por corrupção (nossa,será que tem uma combinação além-fronteiras aí?).

E o que acontece com o país, nosso vizinho tão importante, capaz de causar um estrago por procuração no Brasil, principalmente se a percepção for de que os mesmos erros estão sendo cometidos?

Países não acabam, a carne continua divina e os argentinos são escolados em viver no abismo. Mas, como outros seres humanos normais, uma realidade difícil para muitos deles admitirem, procuram alternativas.

A alternativa se chama Javier Milei, um economista de cabelos revoltos e discurso apocalítico, eleito deputado por um partido que não existia, o Liberdade Avança, justamente por causa disso.

Na semana passada, ele propôs seu programa econômico, chamado, adequadamente, de “plano motosserra”.

Principais pontos: forte corte dos gastos públicos — a gigantesca mala sem alça que afunda a Argentina —, com o fim dos ministérios da Educação, Saúde, Obras Públicas e Desenvolvimento Social; privatização de tudo; flexibilização do de trabalho; abertura unilateral ao comércio internacional; desregulamentação dos bancos e reforma fiscal.

Mas esperem: eliminação progressiva dos programas sociais — nada menos que 141 na Argentina — à medida que os beneficiados consigam trabalho num setor privado renovado, fim do Banco Central, reforma no sistema de aposentadorias e pensões, programa de demissões voluntárias de funcionários públicos para diminuir o tamanho do estado. 

Nas reformas de terceira geração, como diz, entraria o sistema de saúde, com abertura e livre competição entre empresas do setor.

Isoladamente, o pacotão é chocante. Do ponto de vista da Argentina, onde propagar benefícios sociais bancados pelo estado todo-poderoso é praticamente a definição nacional feita a partir da ascensão do peronismo, é quase impensável.

“Antes, ser rebelde era ser de esquerda”, costuma dizer Milei. “Agora, a esquerda virou o status quo. Por isso, os mais jovens, que são rebeldes, abraçam o contrário das ideias de esquerda”.

O estilo “anarcocapitalista” de Milei realmente tem mais repercussão entre os jovens. No grande plano, ele tem 17% das preferências, contra 25% para a frente peronista no poder e 27% do Juntos Pela Mudança.

Isso antes de Maurício Macri anunciar que não iria ser candidato, uma atitude que ajuda a oposição, pois é muito alto o índice de rejeição a ele e seu governo fracassado, que pretendia aplicar 1% das ideias libertárias de Milei, e acabou fazendo o contrário.

Como as candidaturas ainda estão indefinidas e Cristina Kirchner saiu na frente de Macri ao dizer que não seria candidata a nada, as pesquisas ainda são muito fluídas. O eleitorado peronista tradicional acredita que Cristina vai voltar atrás. Uma amostra de como as pesquisas flutuam: um levantamento recente dava 18,3% dos votos para Milei; 16,9% para Cristina; 10,1% para Patricia Bullrich, que disputa a candidatura pelo Juntos Pela Mudança, e 8,4% para Sergio Massa, o ministro da Economia que não tem a energia relativística para segurar o touro à unha — nem ele, nem ninguém, do jeito que vão as coisas.

Em outras pesquisas, Horacio Rodríguez Larreta, que é prefeito de Buenos Aires, a capital com um peso desproporcional em relação ao resto do país, aparece na frente como candidato oposicionista favorito.

E se Cristina realmente não for candidata, os candidatos peronistas, inclusive o fraco e algo patético Alberto Fernández, o presidente rompido com a mulher que o elegeu, não se beneficiam automaticamente dos votos que ela teria.

Os candidatos serão definidos numa eleição primária nacional, em 13 de agosto, com primeiro turno em 22 de outubro e, se for preciso, o em 19 de novembro.

Até lá, ainda há muito espaço para o “plano motosserra” de Milei crescer e o programa econômico vigente, que poderia ser chamado de “massacre da serra elétrica, produzir mais resultados horripilantes.

Fonte: Veja

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