Com as exportações de carne bovina suspensas para a China a partir da detecção de um caso atípico de mal da vaca louca no Pará, em 22 de fevereiro, as cotações da arroba do boi gordo estão caindo desde o fim do mês passado.
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E para saber como fica o mercado do boi gordo no curto, médio e longo prazo, o Dia de Ajudar entrevistou Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria. Ele participou da edição desta quarta-feira (22) do telejornal ‘Mercado & Companhia’.
Entrevista sobre preço do boi gordo
Confira, abaixo, os principais pontos da entrevista com Alcides Torres. Em pauta, as perspectivas de preços do boi gordo.
Os preços do boi gordo estão mais fracos no mercado físico, mas, no atacado, a carne tem cotações firmes ainda. O que explica isso?
A cotação da arroba do boi gordo caiu para os pecuaristas porque os frigoríficos estão mais retraídos, pois redirecionaram a carne que seria exportada [para a China] para o mercado interno. Na segunda quinzena de março, a exportação caiu . Só que quando a gente vai no varejo, a oscilação é muito pequena.
Por que isso? Porque os varejistas estão recompondo a margem perdida durante a pandemia e não estão muito sensibilizados com o drama que está acontecendo com o produtor no mercado atacadista. Com isso, o consumidor está sentindo pouco no preço da carne os efeitos da suspensão da exportação.
Quando o mercado da carne bovina brasileira for reaberto para a China, como o senhor enxerga os preços a longo e médio prazos?
A China consome 60% da carne exportada [pelo Brasil]. A gente espera que a retomada aconteça agora, com a viagem do presidente da República à China. E voltando a exportação, devemos ter, primeiro, a volta da oferta de boi China, que normalmente tem o ágil e isso acaba contaminando o mercado.
O pecuarista, hoje, está segurando o boi, está vendendo justamente aquelas boiadas com mais idade, que a China não compra. E está vendendo fêmeas, que não ficaram prenhas agora. Mas com a volta da China, a gente deve ter uma recuperação da cotação na arroba do boi gordo. E isso não deve mudar a situação do consumidor final, pois as oscilações já estão tão fracas que não devem alterar tanto o preço do quilo da carne.
Vamos continuar líderes na exportação, mas sempre dependemos do mercado chinês? Para onde mais podemos expandir?
Isso é muito lento. Por exemplo: o México abriu agora o mercado para a carne bovina brasileira. Mas isso levou 12 anos! A gente teve a conquista [do mercado] da Indonésia, um país cujo o consumo per capita de carne é de 1,2 kg (a gente tem potencial para crescer muito por lá). Também tivemos o aumento das exportações para os Estados Unidos.
Para substituir um mercado como o chinês, que é o maior do mundo pensando em commodities agropecuárias, deve ser feito assim: conquistando pequenos mercados. Tecer uma colcha de retalhos suficientemente grande para a gente depender menos da China, para onde continuaremos a exportar.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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Fonte: canalrural