“Os planetas se alinharam”, assim Cinthya Rachel, a eterna Biba, explica o sucesso de Castelo Rá-Tim-Bum. “A gente tinha muita química em cena e com a equipe técnica. Foi um trabalho de muito amor, cuidado, criação, muita gente jovem e também tempo. A gente teve tempo para desenvolver o programa e ajustar todos os detalhes”, continua a atriz , hoje com 42 anos e mãe de Joaquín, de 4.
Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, Cinthya conta que, nas últimas três décadas, se acostumou a ouvir diariamente que fez parte da infância de alguém. “Não dá para superar”, diz ela sobre o sucesso estrondoso da série exibida entre 1994 e 1997, pela TV Cultura. “Nunca haverá nada igual. É aquele tipo de trabalho que só aparece uma vez na vida.”
De fato, Castelo Rá-Tim-Bum se tornou um crédito imbatível no currículo de Cinthya, que, apesar de amá-lo, reconhece ser difícil se desvencilhar dele. “É muito legal ser lembrada por um projeto tão bom, tão importante. Ao mesmo tempo, parece que eu nunca fiz mais nada. Eu não ligo, mas é engraçado”, confessa ela.
“Pessoalmente, o programa me afeta até hoje, porque recebo muitas mensagens de pessoas agradecendo e contando suas histórias. É muito profundo mexer com a infância alheia”, acrescenta Cinthya.
A procura aumentou com o especial exibido pela Cultura no último sábado (25/02), que reuniu parte do elenco original em comemoração aos quase 30 anos de lançamento de Castelo Rá-Tim-Bum. Para Cinthya, foi a oportunidade de rever velhos amigos como Cassio Scapin (Nino), Rosi Campos (Morgana), Fredy Állan (Zequinha), Pascoal da Conceição (Dr. Abobrinha), Angela Dippe (Penélope), Patricia Gaspar (Caipora) e tantos mais.
O reencontro foi também uma ocasião para refletir sobre a representatividade racial no programa, que contava com outros atores negros como Eduardo Silva (Bongô). Ao AdoroCinema, Cinthya disse que só passou a entender o peso de sua personagem anos depois e que virar mãe adicionou uma nova camada a esse letramento.
“No começo da pandemia, a Taís Araújo – com quem trabalhei na novela ‘Tocaia Grande’, da Manchete – fez um post falando que, quando era criança, me via na TV e que isso foi muito importante. Mas, na época em que estava gravando, eu não tinha noção. Realmente é de grande importância.”
Confira a publicação de Taís abaixo:
Atualmente, Cinthya mora na Argentina, cuja maioria esmagadora da população é branca. “Sempre que meu filho assiste a um programa de TV ou vê alguém com cabelo enrolado, ele comenta: “Olha, mãe, igual ao meu!” Ou quando ele vê um desenho com uma criança negra, ele diz: “Olha, mãe, igual a mim!” É muito louco perceber isso hoje como mãe.”
“Infelizmente, não se fazem mais programas infantis como os daquela época”, observa Cinthya. “Falta, sim, um Castelo na TV, uma emissora que você pode deixar seu filho vendo tranquilamente, sabendo que ele está sendo educado. É muito importante, porque a criança é influenciada pelo que assiste.”
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Para encerrar o papo com uma pitada de nostalgia, o AdoroCinema perguntou à atriz qual era o seu quadro e seu bordão favoritos do programa. “Tem um que eu gostava muito, mas não sei se as pessoas identificam como um quadro. Em alguns capítulos, a gente entrava no castelo e ia comentar uma pintura, um quadro de fato, que estava no hall. Eu adorava fazer porque sempre gostei de Pintura, Arte, História.”
Quanto à frase de efeito preferida, Cinthya tem mais de uma. “Eu amo quando a cobra Celeste diz: ‘Tá mais calma, queridinha?’ As músicas do Ratinho também. Aqui em casa, eu uso direto “banho é bom” com meu filho. Quando ele era menor e até hoje, quando ele diz que não quer escovar os dentes, eu canto para ele a música de escovar os dentes”, admite Cinthya, rindo.
Aos saudosistas, fica a dica: o especial de Castelo Rá-Tim-Bum está disponível nas redes sociais e no canal do YouTube da TV Cultura.
Fonte: adorocinema