Os antigos chineses consideravam o kombucha um elixir da vida. O fermentado, com mais de 60 tipos de e leveduras, ajudaria no funcionamento do intestino e teria um punhado de benefícios terapêuticos. Ainda hoje, uma galera fã de terapias milenares vê no kombucha um remédio para males diversos – de hemorroida a câncer.
Não se engane: faltam comprovações para esse tipo de benefício. Mas o kombucha pode mesmo ter utilidades inusitadas. Ele serve para criar circuitos eletrônicos flexíveis, afirmam pesquisadores do Unconventional Computing Laboratory (“Laboratório de Computação Não Convencional”, em tradução livre do inglês), da University of the West of England (UWE, Inglaterra).
Se você não está familiarizado com o kombucha, saiba que ele é feito a partir de chá, açúcar e um disco gelatinoso conhecido como scoby – Symbiotic Culture Of Bacteria and Yeast, ou “cultura simbiótica de bactérias e leveduras”, em português. Quem produz kombucha usa este disco para fermentar porções frescas de chá adocicado. Lotado de microrganismos, ele fica no topo dos potes da bebida.
Foi essa parte do kombucha que o professor Andrew Adamatzky, fundador do laboratório da UWE, e seus colegas usaram para criar circuitos elétricos. Em camadas secas do disco gelatinoso, eles imprimiram circuitos usando dois métodos: 1. inserindo na superfície uma mistura de poliéster e cobre com uma impressora 3D; e 2. com um jato de aerossol de um polímero (que conduz eletricidade, claro). Então eles incorporaram LEDs de 3 a 5 milímetros nos circuitos, fixando-os com adesivo epóxi impregnado de prata.
Segundo os pesquisadores, os resultados foram promissores. Os circuitos elétricos nos “tapetes” de kombucha não só se mostraram funcionais como também resistiram a dobras e alongamentos repetidos do material base.
“As habilidades e propriedades eletrônicas do kombucha proposto, como o fato de este ser um material mais leve, mais barato e mais flexível do que os sistemas eletrônicos convencionais, abrem caminho para seu uso em diversas aplicações”, escrevem os pesquisadores no estudo. Tais aplicações envolvem desde tecnologias vestíveis (como dispositivos que monitorem a frequência cardíaca) à produção de sistemas computacionais.
O estudo foi publicado, por enquanto, em um repositório de acesso livre para trabalhos que ainda não foram revisados por pares – uma tarefa da produção de conhecimento científico que precede a publicação em revistas especializadas.
Fonte: abril