Preocupados com a alta umidade no campo e com o risco de impacto na produtividade das lavouras, produtores de Mato Grosso aceleram o ritmo da colheita da soja. Em algumas fazendas as colheitadeiras e os secadores trabalham dia e norte para garantir a qualidade dos grãos e evitar prejuízos.
Mato Grosso na safra 2022/23 de soja semeou 11,810 milhões de hectares e, segundo estimativas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), deve colher 42,820 milhões de toneladas.
De acordo com o Imea, até o dia 17 de fevereiro o estado colheu apenas 60,03% da área.
No município de Vera, região médio-norte, a movimentação é intensa na propriedade da família Strapsson. O motivo: tentar vencer o duelo com o excesso de chuvas, que tem castigado as lavouras nos últimos dias. Esforço para tentar garantir a renda da soja e também do milho, que ocupara agora a segunda safra.
“Meio complicado o tempo. Agora abriu. Tem que acelerar, correr atrás do atrasado, porque vai que fecha de novo o tempo. Estamos atrasados meia semana, porque teve esse atrapalho com a chuvarada. Colher com um pouco de umidade, mas tem que colher. Está tirando com 19%, 20% de umidade. É alta. Nós não tínhamos o costume de colher com essa umidade, mas agora estamos nos sujeitando. Tem que correr atrás do tempo perdido. A segunda safra compromete. A janela se fecha já já e tem que estar no embalo seguindo as colheitadeiras” diz Thiago Strapasson.
Força tarefa é a alternativa na soja
A alternativa encontrada pela família Strapasson nesta corrida contra o tempo foi realizar uma força tarefa envolvendo toda a família.
“Estamos correndo contra o tempo aqui. Já faz oito anos que eu colho. Parei dois anos porque tive filhos. O ano passado não colhi. Esse ano estou na ativa de novo. Já estava com saudades. É um serviço gostoso. É uma satisfação muito boa de poder ajudar o pai, irmão, o marido. Aqui não tem segredo, só gostar que vai embora. É um orgulho que a gente sente da gente mesmo”, comenta Cristieli Strapasson Bittencourt.
Conforme o agricultor Valcir Strapasson, com o tempo limitado “vai todo mundo pra cima da máquina se não faz assim não consegue tocar”.
Solo encharcado eleva custos de produção
Em Nova Mutum a situação não é diferente. A chuva não tem dado trégua e o solo encharcado já causa transtornos e aumento de custos na colheita da soja, além de deixar os produtores apreensivos com a rentabilidade diante da alta umidade nos grãos.
Presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen, comenta que em sua propriedade teve de contratar um funcionário para o turno da noite para não parar o secador.
“Umidade alta. O secador está trabalhando 25% de umidade e as últimas cargas vieram com 20%. E, o preocupante é que agora nós temos uma variedade que não é muito resistente a chuva e de agora pra frente elas já estão dissecadas e em fase de maturação. Então, o problema é esse de agora pra frente ela sai de verde para ardido”.
Com pouco mais da metade da safra de soja colhida em Nova Mutum, o presidente do Sindicato Rural afirma que a situação acaba prejudicando a semeadura do milho, outra cultura importante para o município.
“Está dando umas chuvas de 80 a 140 milímetros em questão de horas. Terra encharcada não vai e a preocupação tem a questão da adubação, porque está na hora de jogar o adubo. Aqueles que ainda tem os maquinários e a área compatível a fazer duas, três vezes beleza, mas e aquele que tem que jogar uma vez só, que horas ele vai jogar?”, pontua Paulo.
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Fonte: canalrural