A sucessão familiar rural dentro da agricultura familiar têm sido um dos principais desafios no campo.
Entidades ligadas ao setor buscam soluções, como planejamento e capacitação profissional, para manter, principalmente, os jovens interessados em dar sequência ao negócio.
O produtor Aloise Wojcik faz parte da segunda geração de agricultores no município de Contenda, no Paraná.
Foi através do cultivo da batata que o agricultor extraiu a renda familiar e construiu o seu patrimônio.
Atualmente são quatro homens no processo de sucessão familiar, incluindo filhos e netos. Um dos poucos da região, já que o restante dos jovens preferiu se arriscar na cidade.
Juntos, eles estão expandindo a produção com a implantação de mais maquinários.
O cultivo da batata continua, mas observando o mercado, a estratégia foi rotacionar mais culturas para a agregar valor ao negócio.
Agora, além da batata, a família também planta milho, cebola e feijão.
Com margens de lucro estreitas, os investimentos na propriedade só foram possíveis através de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Na agricultura familiar, o planejamento sucessório é fundamental para a permanência da produção no campo.
Segundo o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (Fetaep), Alexandre Leal dos Santos, por isso, programas de incentivo e políticas públicas são importantes para a manutenção da atividade.
“Nós temos uma preocupação muito grande porque tem um número muito alto de propriedades que não têm o seu sucessor. Quando você olha a quantidade de cebola que está sendo produzida pela quarta geração de agricultores, se essas pessoas não estão aqui de onde que iria vir este produto? Por isso que nós trabalhamos muito forte incentivando os jovens a ficar. Não é só incentivar a ficar e produzir alimento, mas ter qualidade de vida e principalmente renda”, afirma.
Os jovens também são incentivados a ocuparem espaços como lideranças. É o caso do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Contenda, que tem um jovem na diretoria.
“Os jovens têm valor, eles estão saindo da propriedade rural para também fazer parte do nosso sindicato pra gente poder ajudá-los, acompanhá-los”, afirma Miguel Trzeciak, presidente da entidade.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) criou o programa ‘Herdeiros do Campo’, que propõe, através de capacitação com as famílias, a implantação de um plano de ação para nortear a sucessão familiar rural.
“A gente trabalha todos os assuntos que envolvem esse processo sucessório. E a gente trata sobre o patrimônio, sobre a empresa e sobre a família. As pessoas precisam se alimentar pelo mundo e aí como é que fica essa produção quando começa a não dar continuidade dessa matéria prima? Qual o impacto que teria não só numa questão de produtividade, produção de mercado, mas também falando sociologicamente? Então são várias discussões quando a gente trata o tema sucessão familiar”, explica a analista da Faep, Luciana Matsuguma.
Para alcançar mais famílias, o projeto tem parcerias com cooperativas. A Coopertradição, por exemplo, vai iniciar em junho a capacitação de sucessão rural com os produtores.
Fonte: canalrural