Matteo Messina Denaro, o último “poderoso chefão” da máfia italiana e um dos criminosos mais procurados do mundo, foi preso em Palermo, na Sicília, nesta segunda-feira, 16, após 30 anos de buscas intensas.
Denaro, 60 anos, foi detido em uma clínica particular, onde estava há cerca de um ano sob o nome falso de “Andrea Bonafede”. Sob aplausos de outros pacientes da clínica, ele foi levado pela polícia para o quartel de San Lorenzo, na capital siciliana. O mafioso chegou a tentar fugir ao ver a chegada das forças de segurança, mas não ofereceu resistência ao ser cercado.
Apelidado de Diabolik ou U Siccu (o magro), Denaro nasceu em Castelvetrano, Sicília, em 1962. Seu pai era um poderoso chefe da Cosa Nostra, e Denaro prosperou nos negócios da família, construindo um império ilícito de vários bilhões de euros na indústria de coleta de lixo, energia eólica e setores de varejo. Após as mortes dos chefões Bernardo Provenzano, em 2016, e Salvatore Riina, em 2017, ele foi considerado candidato a líder de toda a máfia siciliana.
De acordo com promotores da Itália, ele está por trás de alguns dos crimes mais hediondos da máfia siciliana, incluindo ataques com bombas que mataram os lendários juízes antimáfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino. Em 2002, ele foi condenado e sentenciado à revelia à prisão perpétua por ter matado pessoalmente ou ordenado o assassinato de dezenas de pessoas.
“Esta é uma grande vitória para o Estado italiano, que mostra que nunca devemos nos render à máfia. Meus sinceros agradecimentos e de todo o governo às forças policiais e ao Ministério Público de Palermo pela captura da figura mais significativa da máfia”, disse a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
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O mafioso, que uma vez afirmou de forma infame “enchi um cemitério, sozinho”, aparentemente manteve seu estilo de vida luxuoso, graças ao financiamento de diversos políticos e empresários, segundo os promotores. Ele era conhecido por usar ternos caros, relógios Rolex e óculos escuros da Ray-Ban.
A busca para localizar Denaro foi complicada pela quase completa ausência de fotografias recentes. Com apenas algumas fotos de identidade tiradas no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, as autoridades italianas reconstruíram sua aparência digitalmente, usando tecnologia de ponta e informações fornecidas por informantes da máfia. Alguns disseram que o chefe fez uma cirurgia plástica para ocultar sua identidade, enquanto outros afirmaram que ele removeu suas impressões digitais.
Ao longo dos anos, dezenas de pessoas foram presas em seu lugar em casos de identidade equivocada. Em 2019, a polícia militar Arma dos Carabineiros invadiu um hospital siciliano para prender um homem que estava se recuperando na unidade de neurologia. Dois anos depois, um britânico de 54 anos foi algemado durante uma refeição em um restaurante em Haia, na Holanda, por policiais que colocaram um capuz sobre sua cabeça e o arrastaram para fora diante de dezenas de clientes. Ele foi solto alguns dias depois.
Apesar de sua poderosa rede de proteção, Denaro ficou cada vez mais isolado nos últimos anos. A polícia italiana sufocou seus negócios e prendeu mais de 100 de seus cúmplices, incluindo primos, sobrinhos e sua irmã. Pouco a pouco, os promotores italianos cortaram todo seu contato com a família e apoiadores que o protegiam na clandestinidade.
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Em agosto de 2021, a emissora italiana de TV pública Rai divulgou uma gravação, datada de março de 1993, na qual a voz de Denaro foi identificada pela primeira vez. Em setembro daquele ano, a polícia italiana divulgou um vídeo de 2009 no qual seu rosto pode ser visto de longe.
Mas toda vez que os investigadores pareciam se aproximar de seu alvo, Denaro mais uma vez desaparecia como um fantasma – e reaparecia pelo mundo. Ex-mafiosos afirmaram tê-lo visto na Espanha, Inglaterra, Alemanha e América do Sul. Outros disseram que ele nunca havia deixado seu reduto em Castelvetrano, na província de Trapani.
Agora que Denaro não é mais um homem livre, promotores devem tentar descobrir os detalhes seu longo período na clandestinidade, incluindo onde ele foi abrigado e a rede de pessoas que o protegiam.
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Fonte: Veja