Três anos após chamar atenção com seu álbum de estreia independente, a paraense Zaynara lança seu segundo disco, “Amor Perene”, agora de contrato assinado com a Sony Music. “Mudou tudo. De artista independente pra alguém que é de gravadora é babado. Tanto que eu tô aprendendo a ter ajuda, porque fiz tudo sozinha por tanto tempo… é muito bom ter suporte”, ela diz ao POPline. Zaynara está feliz e realizada.
(Foto: Anthony Araújo)
“É um sonho de fato, sabe?”, diz a cantora. O álbum conta com dez faixas, incluindo as já conhecidas “Perfume da Bôta”, “Aceita Meu Tchau” e “Eu Não Gosto de Errar”. A cantora explora vários estilos musicais paraenses, em diálogo com a cena nacional. A tracklist conta com participações de Raphaela Santos, Marina Sena e Tierry, que está com ela no novo single, “5 Estrelas”.
Veja o novo clipe da Zaynara!
“Acho que é a música mais diferente do álbum, mas ao mesmo tempo é muito brega. É muito Pará. O Tierry tem esse arrocha que é muito bregoso. Tinha muito a ver juntar o Norte e o Nordeste, pensndo no momento que a gente está vivendo. O Belém é a capital mundial do brega. Trazer alguém que tem consigo toda essa potência faz muito sentido. Acho que essa música é a pontinha pra galera conhecer todo o resto do álbum”, Zaynara diz ao POPline.
“Amor Perene” é uma história contada em capítulos. O amor é o fio condutor e segue o percurso de um rio – metáfora para o sentimento que resiste às secas e transborda nas cheias. Zaynara garante que, apesar das misturas sonoras, seu som ainda é o beat melody, o gênero que criou e apresentou para o país.
“O que eu faço sempre vai ser beat melody. A graça de ter um gênero para chamar de seu é poder brincar como eu quiser. Quem está fazendo sou eu. O que eu fizer, se eu quiser chamar assim, é beat melody. Mas acho beat melody super versátil, super aberto. Não me vejo presa, sabe? Não gosto de rotular, de colocar as pessoas em caixinhas. Não faria isso comigo também”, comenta.
(Foto: Tereza Maciel)
Confira os melhores momentos da entrevista com Zaynara
Visibilidade da música paraense
“Eu fico muito feliz que a gente esteja sendo cada vez mais ouvido e, parafraseando o que a Joelma sempre fala, a música paraense está onde sempre deveria ter estado, sabe? Ter o seu destaque, o seu reconhecimento. Eu bato muito de que a música que a gente faz na Amazônia é música brasileira, com toda a sua originalidade, muitos de seus elementos. Mas é, de fato, música brasileira, sabe? Não cabe na caixinha de regional. Então eu fico muito feliz quando a gente tem cada vez mais espaço pra se expressar”.
Inspiração nos rios
“Eu sou de um lugar que é beira de rio, então eu estava imaginando isso quando a gente começou nesse processo de criação do álbum. E o álbum todo faz conexão com o rio, de alguma forma, seja numa citação, no meio da letra, seja no título, seja na estética. Eu acho que a gente conseguiu deixar isso tudo bem amarradinho. E eu queria muito mesmo que esse conceito ficasse bem claro. Amor perene se dá muito do que eu estava imaginando das relações que a gente tem com as outras pessoas. Relacionamentos, sejam eles amorosos ou não, eles têm seus momentos de cheias e secas, assim como os rios. Mas existem os rios perenes, que são os rios que não passam por isso. Tem essa constante ali”.
Mistura de sonoridades
“No Pará, a gente escuta arrocha, bachata, beat melody, essa coisa meio cumbia, muito latina, porque existe a cumbia brasileira, né? E eu quis trazer tudo isso que é muito forte no Pará e que o Brasil conhece. Quis fazer essa mistura e mostrar o menu da Amazônia. ‘Amazônia Menu’ é a primeira do álbum por causa dessa brincadeira de que a gente apresenta tudo o que tem de som na Amazônia. Mas tem muito mais, gente. Tem muito mais ainda. Tem muitos álbuns ainda pra gente explorar”.
(Foto: Anthony Araújo)
Zaynara feat. Tierry
“A gente já se conhecia pessoalmente e acho a voz dele linda. Ele é incrível. E eu cantava ‘Hackearam-me’ em todas as canjas possíveis. Eu cantei essa música tantas vezes, se duvidar, eu cantei mais do que ele. Quando eu ouvi ‘5 estrelas’, falei: ‘A gente tem que chamar ele, tem que tentar’. E assim, nasceu. A gravação do clipe foi muito divertida. Eu estava em São Paulo, com uma sensação térmica de 9 graus. Eu já passo frio em dias normais em São Paulo, agora tu imagina com a sensação de 9 graus! Eu com uma roupa que era pra fingir que estava super calor assim. Eu tremia. E a gente gravou na madrugada, foi uma madrugada inteira gravando. Estava muito frio, mas foi muito divertido”.
Parceria com Marina Sena
“A gente também já se conhecia. Ela já veio pro Pará, eu já fiz a abertura de show dela, a gente já comeu peixe com açaí, e tomou banho de rio. E aí eu a chamei, e ela foi uma queridona. A gente foi pro estúdio junto, ela escreveu a parte dela, a gente ouviu, mexeu na produção musical, ela participou de tudo”.
Fonte: portalpopline