Veterinária salva tucano que caiu do coqueiro e quebrou o bico; fez bico de papelão
Graças a uma veterinária, um filhote de tucano que caiu de um coqueiro de mais de 20 metros ganhou uma segunda chance. A ave foi encontrada no chão, debilitada e incapaz de se alimentar, em Novo Horizonte (SP). Depois do acidente, ela foi levada para a clínica de Viviane Silva, que logo percebeu que o desafio ia além da recuperação física.
Como o tucano ainda dependia totalmente da mãe para se alimentar, Viviane precisou encontrar uma forma de oferecer comida de modo seguro, sem causar estresse. A especialista passou horas observando o comportamento do filhote até decidir criar algo que simulasse o bico materno. A ideia simples e criativa se tornou essencial para a sobrevivência do animal.
A adaptação funcionou tão bem que devolveu o apetite do tucano, apelidado de Tuca. Em poucos dias, a ave já mostrava sinais de melhora e se acostumava à rotina de cuidados, sempre alimentada com frutas oferecidas por comerciantes da cidade.
O resgate
O filhote foi visto por uma funcionária pública, que notou a queda e pediu ajuda. O protetor de animais Marco Antônio Rodrigues levou a ave até a clínica de Viviane, onde recebeu os primeiros atendimentos.
Apesar da queda de grande altura, Tuca não apresentou lesões graves, além do bico.
Logo no primeiro dia, Viviane encontrou dificuldade para oferecer alimentação, pois o tucano recusava a comida sem a presença da mãe. Isso motivou a criação do bico improvisado.
Leia mais notícia boa:
O bico de papelão
Para imitar o formato do bico materno, Viviane usou papelão, fita crepe, uma mangueira fina e uma seringa. O resultado foi um bico artificial com o tamanho e a curvatura semelhantes aos de um tucano adulto. A mangueira interna se conectava à seringa com papinha de frutas, permitindo que o filhote se alimentasse de forma natural e sem risco de aspiração.
A alimentação de Tuca é baseada em frutas como banana e manga, enviadas por comerciantes da região. Com o novo método, o filhote aceitou a comida rapidamente e se fortaleceu.
Viviane afirmou que Tuca deverá ficar pouco tempo em reabilitação e poderá voltar à natureza assim que atingir maturidade. A soltura deve acontecer perto do ninho original.
Ajuda a outros animais
Viviane já cuidou de diversas aves resgatadas. Em 2022, ela recebeu uma coruja Suindara recém-nascida, em estado crítico. Para ajudar no desenvolvimento da ave, adaptou a clínica com um viveiro grande para que ela aprendesse a voar.
Após sete meses, a coruja foi reintegrada ao ambiente natural.
Depois daquele caso, outras aves passaram pela clínica, como corujas e maritacas, até a chegada de Tuca.
“Cuidar de um animal silvestre é sempre um desafio, porque eles chegam com muito medo e, por instinto, atacam para se defender. Quando conquistamos a confiança deles, é a maior gratificação que existe. O medo se transforma em carinho, em reciprocidade. Parece um paradoxo, pois o que mais me emociona é vê-los ir embora. Eu sinto uma saudade imensa, mas a sensação de dever cumprido me deixa completamente realizada”, disse a veterinária ao G1.
Fonte: sonoticiaboa






