O verme entra pela boca, na forma de um cisto, e se aloja entre os órgãos. Vai se desenvolvendo aos poucos, roubando nutrientes do hospedeiro. Quando está crescido o suficiente para sair, o parasita libera substâncias químicas que transformam sua vítima numa espécie de zumbi – e “controla sua mente”, obrigando-o a submergir em água. No líquido, o verme finalmente sai do corpo de uma maneira bem nojenta, deixando para trás seu hospedeiro afogado.
Parece um filme de terror à la Alien, o oitavo passageiro. Mas é real – bom, pelo menos para louva-a-deuses, besouros e outros artrópodes.
Animais conhecidos como “vermes-crina-de-cavalo” são parasitas de alguns invertebrados, conhecidos por alterar o comportamento de seus hospedeiros. Em vários vídeos que viralizam nas redes sociais, dá pra ver o momento que os vermes saem do corpo de suas vítimas uma vez que são colocados em água (você pode assistir um desses vídeos abaixo, mas fica o aviso de conteúdo perturbador).
Estamos falando, na verdade, de várias espécies de nematomorfos, animais que parecem uma lombriga ou uma minhoca, bem fininhos. Os gêneros mais conhecidos por seu parasitismo assustador são o Gordius ou Chordodes.
O ciclo de vida desses bichos começa na água doce, quando, no estágio larval, entram num estado de dormência e formam um cisto. Esses cistos podem acabar sendo consumidos por insetos herbívoros por engano, junto com plantas – são os chamados hospedeiros intermediários. Outros invertebrados, por sua vez, comem os insetos, e o cisto vai parar no corpo do hospedeiro definitivo.
É no corpo desta vítima “final” – geralmente um louva-a-deus, gafanhoto, grilos e outros, dependendo da espécie e verme – que o parasita cresce e se desenvolve, num processo que pode durar semanas ou meses. A última etapa, porém, é ainda mais assustadora: o nematomorfo assume o controle da mente do inseto, obrigando a procurar o corpo de água mais próximo e submergir no líquido. Isso é necessário porque o verme precisa estar em água doce para deixar o corpo de sua vítima e passar a viver livremente e se reproduzir.
Não se sabe exatamente como esse controle mental acontece, mas provavelmente ele envolve a liberação de substâncias químicas que interagem com o sistema nervoso do hospedeiro, influenciando-o a buscar água.
O processo é quase sempre letal para o artrópode parasitado, que pode morrer afogado ou decorrente do ferimento da saída violenta do verme de seu corpo.
Esses animais são especializados em parasitar, principalmente, insetos terrestres, então fique tranquilo: isso não vai acontecer com humanos.
Talvez a história toda tenha te lembrado de outro ser vivo igualmente assustador: o Cordyceps, fungo que inspirou o jogo e a série The Last of Us. esse parasita também controla a mente do seu hospedeiro artrópode (no caso, para procurar um lugar alto e bem arejado antes de morrer, para que os esporos do fungo se espalhem mais).
No entanto, são organismos bem diferentes: enquanto os vermes são animais do filo Nematomorpha, o Cordyceps é um tipo de fungo. A moral da história é que ser um inseto ou um aracnídeo não é nada fácil.
Fonte: abril