A prendeu na manhã desta quinta-feira, 3, a vereadora Tatiana Medeiros (PSB), durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral. A parlamentar foi localizada em um condomínio na zona leste de Teresina, capital do Piauí. A Justiça Eleitoral determinou seu afastamento imediato da Câmara Municipal, além da suspensão de atividades da ONG fundada por ela.
Segundo a PF, Tatiana é suspeita de usar recursos desviados de dinheiro público e provenientes de uma facção criminosa para financiar sua campanha eleitoral de 2024, quando foi eleita, com 2,9 mil votos.
As investigações revelam que parte do dinheiro usado na campanha de Tatiana teria sido lavada por meio da ONG , fundada por ela e já alvo da PF na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado. A entidade social teria funcionado como fachada para movimentação de recursos ilegais.
A PF identificou vínculos diretos entre Tatiana e um dos líderes da facção criminosa que teria financiado a candidatura. A apuração começou logo depois da divulgação do resultado eleitoral e, segundo os investigadores, há indícios robustos de envolvimento da vereadora com o crime organizado.
Além de Tatiana, foram presos outros dois investigados. Um deles é seu companheiro, Alandilson Cardoso, que já se encontrava detido desde novembro de 2024 por suspeita de tráfico de drogas. O outro capturado tinha mandado de prisão em aberto.
Por determinação da , a ONG Vamos Juntos teve as atividades suspensas e foi proibida de receber novos recursos públicos. Dois servidores comissionados ligados ao grupo investigado também foram afastados de seus cargos na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa do Piauí e na Secretaria de Saúde do Estado.
Foram realizadas buscas e apreensões em três endereços ligados aos investigados, nas cidades de Teresina (PI) e Timon (MA). Os alvos estão impedidos de frequentar repartições públicas ou de manter contato com servidores.
Em nota, a Secretaria de Saúde declarou ter colaborado com as investigações. A Assembleia Legislativa informou que, até o momento, nenhum servidor efetivo aparece como investigado.
A defesa da vereadora, conduzida pelo advogado Édson Araújo, classificou a prisão como “arbitrária” e alegou que Tatiana não preenche os critérios legais para uma detenção preventiva. O advogado afirmou que aguardará acesso integral ao inquérito para apresentar manifestação completa.
O diretório municipal do PSB declarou, por meio de nota, que acompanha os desdobramentos do caso e só tomará medidas depois da conclusão das investigações.
A cassação do mandato, segundo o procurador-geral da Câmara de Teresina, Pedro Rycardo Couto, só poderá ser analisada depois da condenação definitiva da vereadora, sem possibilidade de recurso. Enquanto isso, a vaga deixada por Tatiana deve ser assumida pelo primeiro suplente do PSB, Leondidas Júnior, que obteve 2,2 mil votos nas eleições municipais. A convocação, no entanto, só poderá ocorrer 60 dias depois do afastamento da titular.
Na primeira fase da operação, em dezembro de 2024, a PF já havia apreendido R$ 100 mil em espécie — parte do dinheiro foi encontrada na sede da ONG e outra quantia em um endereço vinculado à vereadora. A suspeita é que os valores tenham origem em lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanha.
Fonte: revistaoeste