CENÁRIO AGRO

Universidade Federal promove evento sobre combate ao agronegócio que gera denúncia à PGR

2025 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Um evento realizado nesta semana na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, gerou uma onda de insatisfação e críticas entre representantes da agropecuária gaúchos, por adotar como um de seus motes o “combate ao agronegócio”.

“Defender a vida, combater o agronegócio” foi o tema escolhido para a abertura da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, realizado na segunda-feira (22) em um auditório da instituição de ensino federal.

O episódio levou entidades do agro a divulgarem uma série de notas de repúdio e parlamentares a acionarem o Ministério Público Federal (MPF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Tribunal de Contas da União (TCU), pedindo investigação.

A UFPel, por sua vez, veio a público defender a realização do evento por refletir “o espírito de debate e pluralidade que caracteriza a vida universitária”, enquanto a organização do evento diz que a crítica é ao modelo de produção, e não ao setor agrícola. (veja mais abaixo).

Abertura da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), realizada junto com aula inaugural de turma especial de medicina veterinária de convênio da UFPel com o Pronera, teve como tema "defender a vida, combater o agronegócio"Abertura da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), realizada junto com aula inaugural de turma especial de medicina veterinária de convênio da UFPel com o Pronera, teve como tema “defender a vida, combater o agronegócio” (Foto: Reprodução/Instagram/rs_mst)

A abertura da jornada universitária ocorreu paralelamente à aula inaugural de um curso de medicina veterinária voltado exclusivamente a trabalhadores de assentamentos da reforma agrária.

A universidade mantém há alguns anos turmas especiais para assentados a partir de uma parceria com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), executado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em parceria com o Ministério da Educação (MEC).

O diretor da Faculdade de Agronomia da UFPel, Dirceu Agostinetto, diz ter ficado apreensivo ao saber da repercussão do evento, do qual teve conhecimento apenas após sua realização. “Quem observa de fora inclui toda a universidade nesse mesmo cômputo, como se toda a universidade fosse de esquerda, favorável ao MST e contrária ao agro, e isso não representa a realidade”, explica.

“Isso nos afeta diretamente, porque fazemos muitas aulas práticas e atividades de extensão, então visitamos diferentes tipos de propriedades. Especialmente o pessoal ligado ao agronegócio passou a nos ver com uma certa ressalva, achando que nós somos favoráveis a essa demonização do agro, o que não é o caso”, afirma.

Ele se diz preocupado com a possibilidade de redução na procura pelo curso, cujo público é formado majoritariamente por estudantes de famílias de produtores rurais.

Fundada em 1883, a Faculdade de Agronomia da UFPel, que hoje inclui os cursos de graduação em agronomia e zootecnia, além de grupos de pós-graduação, é a mais antiga do Brasil.

Diretórios acadêmicos de agronomia, zootecnia, engenharia agrícola e medicina veterinária da UFPel se manifestam

Na comunidade discente, o episódio também gerou repercussão. Os diretórios acadêmicos dos cursos de agronomia, zootecnia e engenharia agrícola da UFPel publicaram notas de repúdio às declarações que “atacam”, “deslegitimam” ou “incentivam o combate” ao agronegócio.

Já o diretório acadêmico de medicina veterinária disse repudiar “qualquer forma de violência, hostilidade ou desrespeito direcionado a estudantes, professores ou profissionais ligados” ao curso e à profissão em geral, ao mesmo tempo em que ressaltou “a importância fundamental do agronegócio para a economia, para a segurança alimentar e para a valorização do trabalho do médico veterinário, cuja atuação está intrinsecamente ligada ao setor”.

“Assim, pedimos serenidade neste momento, reafirmando que o curso de medicina veterinária da UFPel é único e coeso em sua missão, mesmo contando com turmas de diferentes origens e trajetórias. O que nos une é maior do que aquilo que nos diferencia: o compromisso com a ciência, com a ética e com o desenvolvimento justo do setor agropecuário brasileiro e com a saúde única”, diz nota oficial do grupo de alunos.

Polêmica envolve também Embrapa Clima Temperado, sediada em Pelotas

A polêmica envolveu também a Embrapa Clima Temperado, sediada em Pelotas. O chefe-geral da unidade, Leonardo Dutra, esteve presente na aula inaugural do curso de medicina veterinária do convênio entre UFPel e Pronera.

Além disso, outro evento que será realizado com participação da Embrapa Clima Temperado em outubro, a 12ª Feira de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares, foi divulgada no site da instituição com um texto que definia como “seu principal desafio” “o enfrentamento do agronegócio e a sua produção de commodities de monoculturas”.

Depois da repercussão do caso da UFPel, a página do evento da Embrapa foi retirada do ar. Nesta quinta-feira (25), foi republicada, com o texto modificado, sem a menção ao “enfrentamento do agronegócio”.

A Embrapa é uma empresa pública, vinculada ao governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Instituições federais do RS estão aparelhadas pela esquerda, dizem servidores

Tanto a jornada universitária realizada na UFPel quanto a divulgação da feira promovida pela Embrapa “estimulam a situação já precária de polarização política e falta de diálogo existente para o bem comum do país”, diz um servidor público federal de uma das instituições, que pede para não ser identificado por temer represálias.

“No caso da UFPel há clara justaposição dos termos defesa da vida e combate do agronegócio, induzindo a associação do agronegócio à morte. Imaginemos aqui um cenário inverso, em que uma outra universidade ou qualquer instituição pública ou privada convocasse seus participantes a ‘defender a vida, combater os movimentos sociais’. Qual seria a interpretação pública e das mesmas instituições a respeito?”, questiona.

“Do mesmo modo, o mesmo exercício poderia ser feito com a divulgação do evento apoiado pela Embrapa Clima Temperado: imaginemos o cenário de um grande evento do agronegócio em que o seu principal desafio fosse ‘o enfrentamento às sementes crioulas e tecnologias populares’”, diz.

“Talvez apenas assim os responsáveis legais das instituições propagadoras de tais retóricas possam perceber e compreender a gravidade das afirmações com às quais compactuam.”

Outro servidor público federal que pede para não ser identificado diz que desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem havido um “aparelhamento” das instituições federais no Rio Grande do Sul por aliados do atual governo e do MST.

Chefe da Embrapa de Pelotas diz que presença na UFPel não representa endosso a combate ao agronegócio

À reportagem, o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado afirma que participação na aula inaugural “Reforma Agrária Popular e Questão Ambiental” ocorreu para atender a convite institucional feito pela UFPel, que, segundo ele, destacava objetivos como “celebrar a continuidade do Pronera e realçar a sua importância” e “apresentação da nova turma de medicina veterinária do Pronera, histórico de atividades e importância da educação para a população do campo.”

“Inclusive, conforme declarado na mídia pelos representantes da UFPel, a frase divulgada não tinha ligação direta com a aula inaugural”, explica. De acordo com Dutra, a representação da Embrapa Clima Temperado não teve como intuito endossar o combate ao agronegócio.

“Esse enfrentamento ao setor não faz parte da nossa visão, uma vez que a instituição tem em sua missão gerar conhecimentos e tecnologias para o benefício de toda a sociedade brasileira, considerando as diferentes frentes da agropecuária nacional”, afirma.

Já a retirada da página da 12ª Feira de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares do ar, ele afirma ter ocorrido “para a realização de ajustes na descrição do evento”. “Para a atualização, o sistema interno exige que a página seja retirada do ar. Mas, após o ajuste, esse retorno nem sempre é imediato. As informações do evento já foram atualizadas e estão disponíveis para consulta”, diz.

Associação Rural de Pelotas questiona existência de turmas na UFPel exclusivas para assentados

O diretor da Associação Rural de Pelotas, Eduardo Osório, considera descabida qualquer acusação contra o agronegócio, uma vez que o setor sustenta o país, segundo ele.

“Hoje o agronegócio produz mais em uma área inferior a de todos os assentamentos brasileiros da reforma agrária”, diz. “Só que o agronegócio este ano vai entregar uma safra recorde, enquanto os assentamentos nem sequer conseguem se autossustentar. Para venderem sua produção, precisam de programas de auxílio governamental, como o da merenda escolar, que paga mais caro pelos alimentos do que o valor de mercado.”

Osório questiona ainda a existência de turmas de medicina veterinária exclusivas para assentados da reforma agrária na UFPel. “Se o filho de um pequeno agricultor deseja fazer veterinária, ele tem que entrar no processo normal seletivo da universidade, pelo Enem, que é um exame feito em todo o país. Agora se você é do programa de reforma agrária, você tem um núcleo muito restrito que vai disputar as vagas do curso”, diz.

Deputado pede apuração de possível discurso de ódio e desvio de finalidade de espaço público federal

O deputado federal Sanderson (PL-RS) encaminhou um ofício ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitando a apuração de possível discurso de ódio contra o agronegócio e desvio de finalidade no uso de espaço público federal para promoção político-ideológica na UFPel.

Na representação, o parlamentar ressalta que a frase “defender a vida, combater o agronegócio” constou de materiais de divulgação pública do evento, cartazes, comunicações digitais e falas de organizadores e participantes, o que lhe confere caráter oficial.

“A expressão ‘combater o agronegócio’, ao ser adotada oficialmente dentro de um espaço público federal (UFPel), com apoio institucional e financiamento público indireto (por meio do Pronera), pode configurar discurso de hostilidade e incitação à animosidade contra indivíduos, empresas e atividades inteiras que operam de maneira lícita, contribuindo com tributos, empregos e desenvolvimento regional”, argumenta o deputado em trecho destacado no documento.

“Não se trata aqui de censurar debates ou visões críticas sobre os impactos ambientais, sociais ou trabalhistas de determinados modelos de produção agrícola — temas plenamente legítimos em ambiente universitário”, acrescenta.

“Entretanto, a adoção da ideia de ‘combate’ institucionalizado ao agronegócio configura viés ideológico radicalizado, podendo caracterizar abuso do espaço público para promoção de agenda política unilateral e ofensiva, incompatível com os princípios da impessoalidade, legalidade, pluralismo e finalidade educativa da universidade.”

O parlamentar afirma haver indícios da participação ativa do MST, que “não é ente público, tampouco possui representação institucional formal no Estado brasileiro, mas goza de espaços privilegiados em algumas instituições públicas, como parece ser o caso da UFPel”.

Ele alega ainda que “a possível apropriação de espaços acadêmicos para promoção político-ideológica, sem a devida pluralidade de opiniões, pode caracterizar desvio de finalidade no uso de estrutura federal de ensino, além de configurar ofensa à neutralidade institucional que deve reger a administração pública, sobretudo em contextos acadêmicos”.

A iniciativa foi criticada ainda por deputados estaduais como Rodrigo Lorenzoni (PP), Marcus Almeida (PP) e Felipe Camozzato (Novo).

“Na UFPel, aula inaugural da turma de veterinária exclusiva para alunos provenientes do MST virou palanque político com discursos ideológicos e alunos entoando palavras de ordem”, disparou Lorenzoni no X, onde anunciou ter denunciado o caso também ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).

“Um evento de extrema-esquerda, de um movimento (MST) que tem no currículo violência e invasão de propriedades, faz doutrinação ideológica, militância política, e que incita ódio e espalha desinformação sobre o agro brasileiro”, definiu Camozzato

Farsul se diz “perplexa e indignada” com “conivência da reitoria da UFPel” a evento contra agronegócio

Em nota de repúdio, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) manifestou “preocupação” com a atividade e “perplexidade e indignação” com a conivência da reitoria da UFPel que, para a entidade, “vai em caminho contrário às necessidades e anseios da sociedade brasileira”.

“O ataque a um setor que é responsável por alimentar os milhões de brasileiros, além de mais duas centenas de outros países, faz apenas aumentar a cizânia em um país acossado pelo ranço ideológico”, diz trecho da publicação da Farsul.

“O discurso de ódio contra aqueles que são apontados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como exemplo de agricultura sustentável em nada agrega ao desenvolvimento de nossa nação”, prossegue o texto. “E mais agravante é isso ocorrer exatamente dentro de um ambiente acadêmico, onde deveria imperar o conhecimento, a tolerância e a concórdia.”

Para a federação estadual, a discussão de ideias, “sem dúvida nenhuma”, é saudável e necessária, “mas a mesquinhez da ira gratuita em nada agrega ao debate”, “ainda mais quando esse estímulo ao ódio vem de um grupo que ascende ao ensino superior gratuito de forma privilegiada por uma legislação benevolente a um público específico”, diz a nota assinada pelo presidente da Farsul, Gedeão Silveira Pereira.

Aprosoja-RS vê tema do evento como “ataque ao desenvolvimento nacional e ao futuro do país”

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS) também declarou repudiar de forma “veemente” “toda ação ou discurso que incentiva o combate ao agronegócio no Brasil”.

A associação ressalta que o agro brasileiro é uma das bases da economia nacional, responsável por gerar emprego, renda e desenvolvimento em todas as regiões, além de garantir segurança alimentar para brasileiros e contribuir de forma significativa para as exportações.

“Reforçamos que ataques infundados ao setor não apenas desrespeitam o trabalho de todas as famílias que vivem da atividade agropecuária, como também enfraquecem a imagem do Brasil o cenário internacional”, diz publicação da Aprosoja-RS.

“Percebemos que o MST e demais entidades estão tentando, com esse discurso, deslegitimar ou criminalizar o agronegócio. Isso deve ser visto como um ataque ao desenvolvimento nacional e ao futuro do país”, afirma ainda a entidade.

Movimento de produtores rurais vítimas de enchentes no RS também se manifesta

Também veio a público manifestar repúdio a Coordenação do SOS Agro RS, movimento criado por produtores rurais vítimas das enchentes que atingiram centenas de municípios gaúchos em 2024.

“O agronegócio é fundamental para a economia, geração de empregos e segurança alimentar do Brasil. Repudiamos discursos que busquem deslegitimar quem trabalha no campo e reforçamos a importância do respeito e do diálogo construtivo nas instituições de ensino”, disse a organização.

“A Coordenação do SOS Agro RS reforça seu compromisso com a defesa dos agricultores, da produção rural e do diálogo respeitoso, e espera que instituições de ensino promovam debates equilibrados, com base em fatos e dados, respeitando todos os setores da sociedade”, conclui comunicado da entidade.

Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS diz ser “inaceitável” evento na UFPel defender combate ao agronegócio

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), por meio de sua Comissão de Agronegócio, Cadeia Produtiva e Extensão Rural, também manifestou repúdio e definiu o lema “defender a vida, combater o agronegócio”, como “inaceitável”.

“Para o CRMV-RS, o agronegócio é um pilar essencial do desenvolvimento nacional, responsável por milhões de empregos, pela produção de alimentos e pelas oportunidades oferecidas a médicas e médicos veterinários e zootecnistas. Em vez de ser combatido, deve ser fortalecido com base em ciência, tecnologia, sustentabilidade e respeito”, diz trecho de nota lançada pelo conselho.

A entidade de classe declarou reconhecer a importância do acesso à educação para jovens de todas as origens, mas não aceitar que instituições de ensino e eventos acadêmicos promovam discursos “que coloquem em xeque um setor vital para o presente e o futuro do Brasil”.

“É preciso construir pontes de diálogo e conhecimento, não barreiras ideológicas”, conclui a nota, assinada pelo presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira, e pelo coordenador da Comissão de Agronegócio, Cadeia Produtiva e Extensão Rural, Rogério Folha Bermudes.

A Associação dos Médicos Veterinários da Zona Sul do Rio Grande do Sul, sediada em Pelotas, também afirmou ter recebido “com preocupação” o lema do evento. “Vincular a defesa da vida à ideia de combater o agronegócio é um equívoco grave, que desconsidera o papel essencial de milhões de produtores e profissionais comprometidos com práticas cada vez mais sustentáveis e responsáveis”, diz trecho de nota da associação.

Federação de criadores de animais de raça considera que evento “em vez de abrir diálogo, fecha portas e cria muros”

A Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) declarou ver “com inquietação” a realização da Jornada Universitária pela Reforma Agrária na UFPel, afirmando que o lema “defender a vida, combater o agronegócio”, “em vez de abrir diálogo, fecha portas e cria muros”.

“O agronegócio brasileiro não é inimigo: é parte essencial da vida de cada brasileiro, da alimentação diária às divisas que sustentam a economia. Demonizar esse setor é desconsiderar milhões de trabalhadores e famílias que produzem com tecnologia, sustentabilidade e compromisso social”, defende a Febrac.

“Universidades são espaços para a troca de ideias e para a construção de soluções. Transformá-las em palanque para discursos de confronto e preconceito não contribui para a ciência nem para a sociedade. O futuro exige cooperação, não embates ideológicos”, afirma ainda a federação em nota assinada por seu presidente, Marcos Tang.

Sindicatos rurais de diversas cidades do Rio Grande do Sul, como de Alegrete, Candiota, Júlio de Castilhos e Lavras do Sul, também se manifestaram em defesa do agronegócio e em repúdio ao episódio ocorrido na UFPel.

Reitoria da UFPel defende pluralidade e formação crítica de seus estudantes

Diante da repercussão negativa do episódio, a reitoria da UFPel divulgou uma nota em que afirma ser “uma instituição pública, plural e comprometida com uma formação crítica de seus estudantes e atenta aos desafios da atualidade”.

No texto, a universidade ressalta que atividades recentes, citando a Aula Inaugural da VI Turma Especial de Medicina Veterinária do Pronera, refletem “o espírito de debate e pluralidade que caracteriza a vida universitária, em sintonia com sua longa trajetória de formação de profissionais críticos e comprometidos com diferentes setores da sociedade”.

“É na universidade que os projetos de sociedade são debatidos a partir das mais diferentes tendências conceituais e assim se buscam perspectivas para fomentar o desenvolvimento em seus diferentes contextos”, diz a nota.

A UFPel defende ainda a parceria com o Pronera há mais de 20 anos por “oferecer educação formal a trabalhadores e trabalhadoras rurais assentados da reforma agrária, contribuindo para a democratização do acesso ao ensino superior e formando profissionais de excelência que hoje atuam em diferentes regiões do país, assim como ocorre com os egressos de todos os demais cursos da instituição”.

“A UFPel reafirma seu compromisso com a pluralidade de ideias e a formação cidadã de seus estudantes. Cumprimos, assim, nossa função social: formar profissionais críticos, capazes de analisar e debater temas relevantes e complexos para a sociedade brasileira, entre eles os modelos de produção no campo, sempre orientados pelo interesse público e pelo respeito à diversidade de perspectivas.”

Organização de evento na UFPel diz que crítica é a modelo de produção do agronegócio, não ao setor ou ao produtor

Já a comissão organizadora da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) na UFPel argumenta que a crítica que faz ao agronegócio “não pode ser confundida com uma crítica ao setor produtivo agrícola, muito menos ao produtor e à produtora rural”.

“O agronegócio é compreendido, no contexto das Juras, enquanto o modelo de produção agrícola que se coloca como hegemônico hoje no Brasil, caracterizado pela concentração de terras, pelo uso intensivo de agrotóxicos, pela exploração do trabalho e pela destruição do meio ambiente”, diz a comissão, em nota divulgada pelo MST.

“Agronegócio não é sinônimo de produção agrícola, tampouco resume tudo o que é produzido no campo no Brasil”, afirma ainda a nota.

No texto, a comissão organizadora do Jura diz ainda que, embora a abertura oficial do Jura Zona Sul do RS tenha ocorrido junto com a aula inaugural da turma especial de medicina veterinária da parceria da UFPel com o Pronera, “é falsa a informação de que a Jura seja promovida pelo Pronera.

“A Jura é um evento de caráter nacional, realizado desde 2013 em diversas instituições de ensino superior”, diz a nota. “Anualmente, é definido um tema articulador para as jornadas, que é utilizado em todas as Juras que ocorrem no país, buscando abordar temas e problemas que atravessam a vida das populações do campo, das águas e das florestas.”

Fonte: gazetadopovo

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.