As paredes repletas de fotos antigas e as toalhas das mesas bem desgastadas são sinais de que o tempo passou por ali. Mas a chama da Castelões, pizzaria paulistana mais longeva de São Paulo, que deve completar 100 anos em 1º de outubro, nos cálculos do atual proprietário Fabio Donato, segue firme e forte na mesma ruazinha onde nasceu, uma travessa da Rua do Gasômetro, no Brás, bairro que concentrou parte dos imigrantes italianos na capital paulista e onde antigamente havia um gerador de gás.
Teria sido em 1924 que Ettore Siniscalchi, de origem italiana e cuja família era dona da lendária Confeitaria Guarany, abriu primeiro um botequim para tomar vinhos e comer affettati, como são chamados os frios fatiados. O nome Castelões teria derivado de um time de futebol de várzea formado por imigrantes que moravam nas redondezas. Não por acaso, afinal o imóvel era onde a equipe se reunia depois das partidas para a típica resenha pós-jogo. Era o embrião do misto de cantina e pizzaria batizada de Castelões, surgido mais tarde.
Naquela época, as pizzas ainda não eram difundidas na cidade e nem um orgulho paulistano como hoje. A Castelões foi um dos endereços que ajudou a propagar o gosto por uma das mais famosas receitas italianas. Num primeiro momento, a estratégia era usar um ambulante, que levava uma lata com pizzas empilhadas e ia nas portas das fábricas da vizinhança vender para os operários.
Neto de Vicente Donato, um dos garçons que estava na casa desde a fundação e que arrematou a pizzaria de Emilio, filho de Siniscalchi na década de 1950, Fábio Donato herdou a pizzaria do pai, João Donato Neto. Terceiro da linha sucessória da família Donato, ele gosta de exibir o livro de ouro onde estão registrados nomes ilustres que já passaram por lá atraídos pela pizzas, como a apresentadora Hebe Camargo (1929 – 2012), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o automobilista argentino Juan Fangio (1911 – 1995).
Castelões
Rua Jairo Góis, 126 – Brás – (11) 94721-3355 – Instagram: @cantina_casteloes
Do forno a lenha da Castelões, saem redondas de massa elástica no melhor estilo napolitano, com fermentação natural e bordas altas, só que em tamanho grande. Entre as coberturas, há sabores clássicos como margherita, calabresa e aliche. Uma das mais pedidas leva o nome da casa. Na montagem peculiar, primeiro o disco de massa recebe uma camada de muçarela especial, sobre o queijo é espalhado o molho de tomate fresco e, em seguida, fatias de calabresa de fabricação própria com toque picante e de erva-doce. Para finalizar a refeição, se estiver disponível, vale pedir a panacota com calda azedinha de morango.
Fonte: viagemeturismo