📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Otimizar os níveis de vitamina D pode aliviar a menstruação dolorosa ou a dismenorreia, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nutrients.
  • A vitamina D reduz a inflamação e os níveis de prostaglandinas – níveis altos de prostaglandinas podem levar a contrações mais intensas dos músculos uterinos, um dos principais contribuintes para a dor menstrual.
  • Uma análise de subgrupo também revelou que a suplementação de vitamina D reduziu a intensidade da dor naqueles com deficiência de vitamina D.
  • A progesterona é outro tratamento importante para dores menstruais.

🩺Por Dr. Mercola

Otimizar os níveis de vitamina D pode ser uma maneira simples de aliviar a menstruação dolorosa ou a dismenorreia, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nutrients. A vitamina D mostra-se promissora, pois reduz a inflamação e os níveis de prostaglandinas – níveis altos de prostaglandinas podem levar a contrações mais intensas dos músculos uterinos, um dos principais contribuintes para a dor menstrual.

Embora abordar outros fatores, como a progesterona, também seja importante para o alívio da dor menstrual, conhecer o seu nível de vitamina D e aumentá-lo, se necessário, é uma intervenção simples a se considerar.

A suplementação de vitamina D aliviou cólicas menstruais dolorosas

Para explorar se a vitamina D pode diminuir a dor em mulheres com dismenorreia, os pesquisadores realizaram uma revisão abrangente dos estudos existentes, incluindo ensaios clínicos randomizados até 30 de dezembro de 2023.

Os estudos focaram nos efeitos da suplementação de vitamina D na intensidade da dor e na necessidade de alívio adicional da dor. No geral, foram analisados ​​11 estudos envolvendo 687 participantes. Os resultados revelaram uma redução significativa na intensidade da dor entre aquelas que receberam vitamina D em comparação com o grupo controle.

Análises adicionais mostraram que a suplementação de vitamina D reduziu de forma eficaz a dor associada à dismenorreia primária, mas não teve efeito significativo na dismenorreia secundária. A dismenorreia primária é uma forma comum de dor menstrual relacionada ao ciclo menstrual.

A dismenorreia secundária refere-se à dor menstrual causada por um distúrbio subjacente do sistema reprodutivo, como endometriose, miomas, adenomiose, doença inflamatória pélvica ou estenose cervical. Uma pesquisa separada descobriu, no entanto, que a suplementação de vitamina D também foi útil para reduzir a dismenorreia relacionada à endometriose.

O s pesquisadores escreveram: “Nas análises combinadas, descobrimos que a suplementação de vitamina D diminuiu de forma significativa a intensidade da dor da dismenorreia, e o poder cumulativo apoia uma resposta de tratamento ‘verdadeira’”.

Uma análise de subgrupo também revelou que a suplementação de vitamina D reduziu a intensidade da dor naquelas com deficiência de vitamina D. Quanto à forma como a vitamina D funciona para aliviar a menstruação dolorosa, os pesquisadores explicaram que os receptores de vitamina D estão presentes em vários órgãos reprodutivos, incluindo os ovários, o útero, a placenta e a glândula pituitária, sugerindo que a vitamina D desempenha um papel significativo na saúde reprodutiva.

A pesquisa indica que a vitamina D interage com esses receptores para suprimir a expressão de marcadores induzidos pela inflamação e fatores associados à contração uterina nas células musculares lisas do útero. Foi interessante observar uma redução nos níveis de vitamina D durante a fase lútea do ciclo menstrual.

Essa diminuição pode levar a um aumento de citocinas inflamatórias e prostaglandinas, intensificando assim a dor associada à dismenorreia. “No geral, através desses mecanismos, a suplementação de vitamina D oferece benefícios positivos no alívio da intensidade da dor da dismenorreia”, explicaram os cientistas.

A vitamina D alivia dores menstruais em adolescentes

Estima-se que 45% a 95% das mulheres – e 80% das adolescentes – sofram de dismenorreia. Cólicas menstruais dolorosas, que podem ocorrer na parte inferior do abdômen ou nas costas durante a menstruação, estão entre as queixas ginecológicas mais comuns entre as mulheres e podem afetar muito a qualidade de vida, incluindo perturbações do sono e do humor.

Essa é também uma razão comum para faltar à escola e ao trabalho e traz consigo um enorme fardo econômico, custando US$200 bilhões de dólares por ano nos EUA. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que inibem a síntese de prostaglandinas, são prescritos com frequência para tratar dores menstruais, mas eles aumentam o risco de úlceras gástricas e sangramento gastrointestinal.

Os contraceptivos orais também podem ser prescritos para tratamento, apesar de poucas evidências de que sejam eficazes para a dismenorreia. Além disso, 50% das mulheres param de usar contraceptivos orais para dores menstruais devido a efeitos colaterais, tornando a vitamina D uma alternativa atraente.

Uma revisão sistemática revelou que níveis baixos anormais de vitamina D aumentaram a gravidade da dismenorreia primária, enquanto os suplementos de vitamina D e cálcio reduziram a gravidade e diminuíram a necessidade de analgésicos.

É importante lembrar que o cálcio, a vitamina D3, o magnésio e a vitamina K2 devem ser equilibrados de maneira adequada para uma saúde geral ideal. O ideal, além de mais seguro é comer mais alimentos ricos em cálcio, magnésio e vitamina K2, junto com uma exposição saudável ao sol.

Um estudo realizado com 85 adolescentes também revelou que a vitamina D poderia ser uma opção terapêutica viável para reduzir a gravidade da dismenorreia primária. As participantes receberam 50.000 UI de vitamina D por semana durante cinco meses, o que aumentou bastante os níveis de vitamina D e reduziu os sintomas de dismenorreia.

A vitamina D também pode aliviar dores crônicas e miomas uterinos

Em uma revisão sistemática e meta-análise, os pacientes com artrite, dor muscular e dor crônica generalizada apresentaram níveis de vitamina D mais baixos do que aqueles sem dor, em relação a outras condições ligadas à dor.

A vitamina D também pode ser útil para outras condições reprodutivas além da dismenorreia, incluindo os miomas uterinos, que são crescimentos que se desenvolvem a partir do tecido muscular do útero. Eles podem causar uma variedade de sintomas dependendo do seu tamanho, localização e número, incluindo sangramento menstrual intenso, menstruação prolongada, dor pélvica e impactos na fertilidade.

Um estudo examinou como os níveis de vitamina D podem afetar o desenvolvimento e a progressão de miomas uterinos e comparou mulheres com níveis de vitamina D iguais ou maiores que 30 nanogramas por mililitro (ng/mL) com aquelas com níveis séricos inferiores a 20 ng/mL.

Dentre as 1.610 mulheres incluídas no estudo, os níveis de vitamina D iguais ou maiores que 20 ng/mL foram associados a uma redução estimada de 9,7% no crescimento de miomas quando comparados com pessoas com níveis de vitamina D inferiores a 20 ng/mL.

Quando os pesquisadores analisaram os dados de indivíduos com níveis de vitamina D iguais ou superiores a 30 ng/mL, isso foi associado a uma redução de 22% na incidência de miomas em comparação com indivíduos com níveis inferiores a 30 ng/mL. O grupo com os níveis mais altos de vitamina D, acima de 30 ng/mL também teve um aumento de 32% na perda de tecido fibroso.

A luz solar é a melhor fonte de vitamina D

Eu recomendo obter vitamina D através da exposição solar adequada, pois ela oferece benefícios além da otimização da própria vitamina. É possível que níveis mais elevados de vitamina D podem servir como um marcador para uma exposição saudável à luz solar, podendo ser responsável por muitos dos benefícios para a saúde, como a redução do risco de câncer e o aumento da longevidade, atribuídos à vitamina D.

A exposição regular à luz solar, por exemplo, aumenta a produção de melatonina, sendo esse um potente agente anticancerígeno. No entanto, se você não conseguir uma exposição adequada a luz, a suplementação pode ser necessária. A prevalência global de insuficiência de vitamina D (definida como um nível de 20 a menos de 30 ng/mL) e deficiência de vitamina D (definida como um nível inferior a 20 ng/mL) é de 40% a 100%.

Além disso, foi demonstrado que 20 ng/mL não são suficientes para uma boa saúde e prevenção de doenças, o que significa que a verdadeira prevalência de pessoas sem níveis ideais de vitamina D é ainda maior. A única maneira de determinar quanta exposição ao sol é suficiente e/ou quanta vitamina D3 você precisa tomar é medindo seus níveis de vitamina D, 2 vezes por ano.

Após confirmar seus níveis de vitamina D através de testes, ajuste sua exposição ao sol e/ou suplementação de vitamina D3 de acordo. Em seguida, lembre-se de testar de novo em 3 a 4 meses para garantir que atingiu o nível desejado.

O nível ideal para a saúde e a prevenção de doenças está entre 60 ng/mL e 80 ng/mL (150-200 nmol/L), enquanto o ponto de corte para a suficiência parece estar por volta de 40 ng/mL. Nas unidades europeias, essas medidas correspondem a 150 até 200 nmol/L e 100 nmol/L.

A progesterona é um tratamento fundamental para a dor menstrual

A progesterona controla a produção de prostaglandinas e, quando os níveis de progesterona diminuem logo antes da menstruação, os níveis de prostaglandinas aumentam. Mulheres com dismenorreia apresentam níveis aumentados de prostaglandinas. Os contraceptivos orais, que muitas vezes incluem progesterona ou uma forma sintética dela conhecida como progestina, são prescritos para controlar a dismenorreia – mas podem destruir a sua saúde.

Em vez disso, a suplementação de progesterona pode ajudar. A dose de progesterona bioidêntica que eu recomendo é de 30 miligramas (mg) a 50 mg por dia, misturada com uma gordura de cadeia longa conforme descrito abaixo, tomada por via oral à noite antes de dormir, pois pode promover sonolência.

No entanto, as mulheres que ainda menstruam precisam ter cuidado com o horário da suplementação de progesterona. A progesterona é crucial para uma gravidez bem-sucedida e você pode inibir de forma grave sua capacidade de engravidar se tomá-la na hora errada. (Durante a gravidez, a progesterona dispara. No terceiro trimestre, as mulheres produzem cerca de 600 mg por dia.)

Se a sua menstruação for regular, comece a tomar progesterona no 14º dia após o início do fluxo menstrual e tome-a por 14 dias seguidos (até o dia 27 do ciclo). Se seus ciclos forem curtos, comece no dia 12 e continue por 14 dias. Sempre tome progesterona durante os 14 dias completos, mesmo que sua menstruação comece antes do fim dos 14 dias. Comece a próxima progesterona 14 dias após o início do fluxo.

Não há toxicidade para a progesterona, ao contrário do estrogênio e da testosterona, nenhum dos quais eu recomendo. A suplementação de progesterona também não diminuirá sua produção natural, então você não precisa se preocupar com isso. Na verdade, ela melhora a sua produção natural.

A progesterona, entretanto, precisa ser misturada com vitamina E para uma biodisponibilidade ideal. A Health Natura vende um produto de progesterona em vitamina E. Uma alternativa é fazer o seu próprio, dissolvendo o pó de progesterona USP pura em uma cápsula de vitamina E de alta qualidade. A diferença na biodisponibilidade entre tomar progesterona por via oral sem vitamina E e tomá-la com vitamina E é de 45 minutos versus 48 horas.

Outra boa razão para tomar progesterona com vitamina E é que ela se liga aos glóbulos vermelhos, o que permite que a progesterona seja transportada por todo o corpo e distribuída para onde ela é mais necessária. Além do mais, Georgi Dinkov cita pesquisas que mostram que quando você dissolve uma substância em vitamina E, ela atinge os locais específicos com maior inflamação, o que pode ser relevante para a dismenorreia.

O gengibre é outra opção natural. Evidências de seis ensaios clínicos mostraram que o gengibre foi eficaz até certo ponto na diminuição da dor em mulheres com dismenorreia. O funcho é outro remédio para cólicas menstruais e pode aliviar a dor da dismenorreia primária, assim como dos AINEs comuns.