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Turismo

Espaço Alto: exposições, apresentações musicais e uma imersão na história do Centro de São Paulo

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A Letrux corre na frente no rol de cantoras que eu mais queria ver no palco, mas toda vez que eu sabia de um show dela no Sesc e tentava comprar, pimba, já tinha esgotado. Foi então uma alegria quando eu soube que ela faria uma única apresentação num lugar no Centro de São Paulo que eu já seguia no Instagram, o Espaço Alto. 

Em plena rua Líbero Badaró, a um pulo do prédio da prefeitura, definitivamente não é um lugar qualquer. O Espaço Alto ocupa dois andares do edifício Armando Lara Nogueira, que foi projetado em 1916 pelo escritório Ramos de Azevedo, o engenheiro-arquiteto do Teatro Municipal, do Palácio dos Correios, da Pinacoteca e de tantos outros ícones paulistanos. O prédio sediou a histórica exposição de Anita Malfatti, de 1917, que seria o “estopim” para a Semana de Arte Moderna cinco anos depois. Ao lado do Lara fica a Casa Godinho, uma das mercearias mais antigas de São Paulo – com certeza a mais bonita –, até hoje famosa pela empadinha de bacalhau.

O edifício manteve a vocação cultural e seus cinco pavimentos são ocupados por escritório de arte, estúdio de fotografia e dois dos andares, o primeiro e o quarto, são do Espaço Alto. A entrada do prédio é por um corredor muito estreito, subi um andar de escada e já estava no lugar onde seria o show. O espaço é um grande salão sem divisórias, sem lajes de concreto, com vigas de aço no teto e piso de madeira. No fundo, janelões com varandinhas que se debruçam para a Líbero Badaró. Quase pude encostar nos magníficos postes da Light, de fato toquei na ornamentação em estilo eclético da fachada e vi de longe o prédio da prefeitura.

Eram 80 lugares, almofadas no chão, mas por sorte tinha meia dúzia de cadeiras e consegui uma delas, para alívio da minha lombar. Letrux e o parceiro Thiago Vivas entregaram tudo! Eles criaram o pocket show “Alfabeto sonoro”, acompanhados de piano e violão, em que percorrem de “A” a “Z” músicas e poemas: teve Sheryl Crow, Geraldo Azevedo, Tom Jobim, Edu Lobo, George Michael (no vozeirão do Thiago), Paralamas, Pink Floyd e ainda teve textos de Fernanda Young, Rita Lee, Fernando Pessoa e até bibliomancia com o livro A dificuldade de ser, do Jean Cocteau.

Momento alto pra mim foi quando Letrux cantou El Desierto, de Lhasa de Sela, e Quizás, Quizás, Quizás, de Osvaldo Farrés (deslize a galeria abaixo e assista um trechinho). E teve ainda duas participações luxuosas da pianista e solista Erika Ribeiro, indicada ao Grammy Latino, e da tradutora Bruna Beber, que traduziu ao vivo dois poemas que fez a plateia, como disse Letrux, gargalhar e corar. O clima todo da noite foi: “amiga, agora vem aqui e dá uma palhinha”. 

O que rolou naquele 28 de julho foi o piloto do Sala Som, projeto de shows pequenos do Espaço Alto no qual os artistas recebem o público como se estivessem na sala de estar. É como se fosse uma Casa de Francisca, só que ainda mais intimista e sem restaurante – tinha apenas um bar improvisado no fundo da sala onde cada um se servia de vinho e já fazia o pix.

Teria sido lindo se na saída, umas 11 e tanto, aquele trecho do Centrão estivesse com bares abertos e gente ocupando a rua. A onda que o show criou foi tão tão boa que achei que seria tranquilo caminhar pelo Viaduto do Chá até o metrô Anhangabaú, ainda que desertos. Por sorte foi.

O Espaço Alto também abriga exposições temporárias e fomenta atividades que incentivam a ocupação do Centro. Siga eles pelo Instagram para saber mais da programação.

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Fonte: viagemeturismo

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