Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) deram um passo importante no combate à resistência antimicrobiana, uma das maiores ameaças à saúde pública no mundo.
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), eles desenvolveram um sistema rápido, eficaz e de baixo custo para diagnosticar bactérias resistentes a antibióticos, tanto em humanos quanto em animais.
A novidade está na implantação do Lateral Flow Assay (LFA), um teste rápido que identifica genes de resistência bacteriana em cerca de 2h30, um avanço significativo em relação ao método tradicional, que pode levar até dois dias para entregar o resultado.
O ganho de tempo é crucial para que médicos e veterinários possam agir rapidamente, escolhendo o tratamento certo e evitando o uso indevido de antibióticos principal causa da resistência microbiana.
O que a pesquisa mostrou?
Durante o estudo, foram analisadas 172 amostras bacterianas de animais (domésticos e silvestres) e 50 de humanos. Os testes apontaram resistência a diversos antibióticos importantes, como aminoglicosídeos, meticilina e carbapenêmicos medicamentos que costumam ser a última linha de defesa contra infecções graves.
Além disso, os testes rápidos baseados na técnica LAMP-CRAS (uma espécie de “PCR turbinado”) conseguiram identificar corretamente quase metade das amostras testadas, com uma velocidade muito superior à dos exames convencionais.
Os dados obtidos também alimentam um sistema de informação sobre a presença de bactérias multirresistentes (as chamadas cepas MDR), que já serve de referência para profissionais de saúde em todo o estado.
Por que isso importa?
A resistência antimicrobiana (RAM) já é considerada uma crise global. Segundo um relatório da ONU, se nada for feito, até 2050 infecções resistentes podem matar 10 milhões de pessoas por ano. E o impacto não para aí: estima-se que até 2030, a crise possa empurrar 24 milhões de pessoas para a extrema pobreza.
Com iniciativas como essa, a ciência feita em Mato Grosso mostra que inovação e compromisso com a saúde pública andam lado a lado e que o futuro da medicina passa, sim, pelo trabalho incansável de pesquisadores que enxergam além do microscópio.
Fonte: primeirapagina