Neste meu artigo vou falar sobre dois elementos que fazem parte da minha vida profissional há muitos e muitos anos: comunicação e tecnologia.
A semana foi marcada pela campanha malsucedida da Apple para o lançamento do novo iPad Pro. No vídeo publicado em redes sociais, instrumentos musicais, câmeras, latas de tinta, livros, além de personagens épicos como Angry Birds eram esmagados por uma prensa metálica industrial, transformando tudo no iPad Pro, a música finaliza com a frase: “A única coisa que eu sempre preciso é você.” O comercial gerou repercussão negativa, principalmente entre artistas que criticaram a ideia de que toda criatividade humana pode ser substituída por um “gadget”.
Ao dizer que o novo vem e substitui o velho; que o que já existe se torna obsoleto frente às novas tecnologias; que o industrial substitui o humano; que o digital se sobrepõe ao analógico; que a criatividade pode ser condensada em um elemento; a Apple nega o que a fez ser uma das marcas mais amadas do mundo: o foco no usuário.
O significado clássico de comunicação remonta à sua raiz do latim, “communicare”, que significa “compartilhar”, “tornar comum”. Mas a mensagem em si é menos importante do que a forma como o receptor a recebe e interpreta. Uma mensagem pode ser influenciada por uma variedade de fatores, como o contexto, as experiências passadas, as crenças e os valores do receptor.
Pode-se dizer a mesma coisa da charge publicada há poucos dias sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, muito criticada pela sua falta de sensibilidade. Na visão de ambos os criadores, a mensagem era clara, na visão de muitos receptores, era completamente equivocada.
Tor Myhren, vice-presidente de marketing da Apple, assumiu o erro e publicou um texto pedindo desculpas: “Erramos o alvo com este vídeo, e lamentamos”.
Quando me formei publicitária, em 1997, poucos veículos de comunicação eram produtores de conteúdo, uma mensagem durava o tempo em que o papel parava de circular ou que o comercial passava na TV e no rádio, aí acabava.
Hoje, o digital eterniza a informação, os produtores de conteúdo são bilhões de usuários – diariamente, o mundo gera cerca de 2,5 quintilhões de dados (um exemplo para entender essa grandeza é pensar em segundos: um bilhão de segundos é aproximadamente 31,7 anos. Agora, multiplique isso por um quintilhão!).
A superexposição e a quantidade insana de conteúdo produzido podem nos fazer perder o senso crítico. A velocidade da propagação da informação pode nos fazer perder a medida de quanto vale o tempo e a facilidade de acesso pode nos fazer perder o cuidado sobre o que nos impacta.
É claro que, nas últimas décadas, temos, de fato, visto os smartphones, wearables, tecnologias substituírem equipamentos, mercados, empresas, até profissões (já falei várias vezes sobre isso aqui). Presenciamos, no nosso dia a dia, de uma mudança de comportamento e de hábitos de consumo. Não é sobre negar o futuro ou a tecnologia, é sobre entender e se comprometer com o mundo de muitos “Es” ao invés de “OUs”. Marcas, influenciadores, líderes, devem ter isso sempre em mente.
Não é meu objetivo com este artigo uma crítica técnica à campanha da Apple. É um desabafo de reflexão sobre o quanto precisamos nos aproximar dos valores humanos para podermos avançar com as oportunidades tecnológicas.
Criatividade não é sobre ferramentas, mas sim sobre o que e como sentimos. Agir com empatia, cuidado e compaixão, buscando conhecer e respeitar as diferenças, nos faz ser mais assertivos sobre o que falamos e criamos.
E vem aí o GazzSummit Agrotechs
O GazzSummit Agrotechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em um dos setores mais relevantes do país. O evento será realizado no dia 15 de agosto de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
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Fonte: gazzconecta