A afirmou nesta quinta-feira, 19, que o “retorno” da rede social , na quarta-feira 18, desrespeita uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Anatel, essa ação é vista como uma tentativa deliberada de não cumprir a ordem judicial estabelecida pelo STF.
A agência declarou que tomará “todas as medidas necessárias para assegurar o cumprimento da decisão”, indicando que futuras tentativas de evitar o bloqueio serão confrontadas com “ações cabíveis”.
“A conduta da rede X demonstra intenção deliberada de descumprir a ordem do STF”, disse o órgão. “Eventuais novas tentativas de burla ao bloqueio merecerão da Agência as providências cabíveis.”
Ainda segundo a agência, a identificação dessa violação foi possível graças à colaboração das operadoras de telecomunicações e da empresa Cloudflare.
O posicionamento da Anatel vai ao encontro do que esclareceu a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), que representa as empresas do setor. Segundo a Abrint, o site pode ter voltado ao ar por meio do chamado “IP dinâmico”, uma técnica que dificulta a identificação do provedor da conexão.
A Abrint não qualificou a medida como “deliberada”, ainda que os detalhes técnicos fornecidos pela associação tenham afastado a probabilidade de o retorno do site ter sido acidental.
É possível bloquear Twitter/X de novo no Brasil sem causar ‘apagão cibernético’?
O aplicativo Twitter/X voltou a funcionar para alguns usuários brasileiros nesta quarta-feira, 18, depois de quase 20 dias de bloqueio imposto pelo ministro Alexandre de Moraes.
A empresa conseguiu contornar a restrição ao utilizar endereços de IP dinâmicos fornecidos pela Cloudflare.
Além da violação, a Corte ficou diante de um cenário complexo: bloquear a Cloudflare poderia provocar um apagão cibernético de escala imprevisível, segundo especialista pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Fundada em 2009, a Cloudflare oferece serviços para diversos sites e aplicativos, como Discord, Udemy e Canva. Atualmente, a empresa vale US$ 26,6 bilhões na Bolsa de Nova York.
O professor do Instituto de Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jéferson Campos Nobre explicou ao Estadão que muitos serviços on-line utilizam a Cloudflare, que oferece um produto chamado de “proxy reverso”.
Para fazer isso, o proxy reverso atua como um intermediário entre o usuário e o provedor do serviço.
Porém, ao realizar essa comunicação, o “proxy reverso” esconde o IP de quem contrata o serviço, que acaba adotando números fornecidos pela Cloudflare. O bloqueio do Twitter/X no Brasil foi feito a partir do número de IP verdadeiro da empresa de Elon Musk.
“O endereço da internet que nós utilizamos para acessar um site pode se modificar com tecnologias como a da Cloudflare”, explicou Nobre ao Estadão. “Essa é uma das formas que podem ser utilizadas para evitar o bloqueio, porque, se ele for feito apenas em um endereço, ao se mudar esse endereço, o bloqueio deixa de ser eficiente.”
A Cloudflare é utilizada por diversos serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet. Bloquear a Cloudflare para impedir o acesso ao Twitter/X poderia causar um impacto significativo na internet do país e afetar o funcionamento de muitos sites e aplicativos. “Seria uma ação bastante temerária,” acrescentou Nobre.
Fonte: revistaoeste