A conexão entre campo e cidade nunca foi tão visível como na era da agricultura digital. Em Mato Grosso, essa relação é impulsionada pela tecnologia que nasce muitas vezes nos centros urbanos e ganha forma nas lavouras. Os efeitos não ficam restritos às áreas rurais: são sentidos diretamente na mesa das famílias, na economia local e até nos indicadores de desenvolvimento humano.
Para o produtor Valdir Ciomar Martini, que cultiva soja e milho em uma área de 800 hectares em Guiratinga, a tecnologia transformou a produtividade no campo. “Não vou falar que diminuiu a área plantada, mas aumentou muito a produtividade por hectare. Graças a Deus que veio essa tecnologia, que por trás de uma mesa do escritório tem alguém trabalhando para nós do campo podermos produzir”, afirma.
Ele destaca ainda que esse avanço contribui para a sustentabilidade e reforça o papel do agro na segurança alimentar urbana: “Com essa tecnologia, isso veio fazer com que diminuísse muito o impacto ambiental. A gente coloca café da manhã, almoço e janta na mesa de quem mora na cidade”.
A ciência, muitas vezes distante do campo, tem papel fundamental nesse processo. Para o geofísico Sérgio Sacani, a inovação tecnológica no agro funciona de forma parecida com a exploração espacial.

“Toda tecnologia que você desenvolve para uma coisa, você acaba usando para outra. Às vezes você desenvolve um sensor para medir algo da plantação, e um médico percebe que pode usar aquilo para detectar uma doença. Essa integração é grande”, disse o geofísico em entrevista ao Dia de Ajudar Mato Grosso durante passagem por Rondonópolis no Circuito Aprosoja 2025.
Sacani lembra ainda que regiões como o Cerrado, antes consideradas inférteis para a produção de soja e milho, hoje são produtivas graças à tecnologia aplicada. “Você olha o Cerrado e pensa que não pode nascer nada ali. E, graças à ciência, hoje se planta com sucesso”.
Tecnologia no agro, impacto na cidade
Em Rondonópolis, iniciativas como o Agro Club Tecnológico têm promovido essa ponte entre a cidade e o campo. Criado há pouco mais de dois anos, o projeto já reúne mais de 40 associados e atua como um facilitador para levar soluções tecnológicas ao produtor rural.
“No Agro Club, levamos para o produtor otimização do tempo, redução de custos e automatização de processos. Mas, para levar isso ao campo, você precisa do que está na cidade: desenvolvimento, pesquisa, universidades, alunos. Normalmente a startup é criada por um jovem que está na cidade e que está ouvindo a dor do produtor”, explica o CEO Durval Carneiro.

Essa interdependência entre campo e cidade também se traduz em desenvolvimento. Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja Mato Grosso, destaca os avanços da biotecnologia e da agricultura regenerativa.
“A biotecnologia reduziu o uso de defensivos e a entrada na lavoura. E a agricultura regenerativa, nos últimos anos, tem sido uma nova revolução. Sequestramos 1,6 toneladas de carbono no sistema soja-milho. Isso significa retirar carbono da atmosfera, aumentar a matéria orgânica, melhorar o solo e aumentar a produtividade”, detalha.
Beber ressalta ainda que o impacto vai além das lavouras. “Isso aumenta a oferta de alimentos, impacta na inflação, nas exportações, atrai capital de fora e movimenta a economia. Durante a pandemia, Mato Grosso foi o único estado em que a economia cresceu. O campo colhe mais e a cidade colhe mais desenvolvimento, mais oferta de serviços públicos”.
A tecnologia, afirmam especialistas e setor produtivo, é o elo entre inovação e sustentabilidade, entre a lavoura e a cidade. “O agro que preserva e produz também transforma o ambiente urbano, mostrando que desenvolvimento sustentável é uma via de mão dupla”, ressalta o presidente da Aprosoja Mato Grosso.
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Fonte: canalrural