As taxas médias de juros se mantiveram praticamente estáveis em junho, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). A média geral, que considera contratações de crédito livre e direcionado para famílias e empresas, foi de 31,5% ao ano, com leve recuo de 0,1 ponto percentual. No acumulado de 12 meses, houve alta de 3,6 pontos percentuais.
A estabilidade acompanha o cenário de juros elevados na economia, influenciado pela taxa Selic fixada em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A Selic, principal instrumento de controle da inflação, tem efeito direto nas taxas bancárias, encarecendo o crédito e incentivando a poupança.
O spread bancário, diferença entre o custo de captação dos bancos e o que é cobrado dos clientes, também se manteve estável no mês, fechando em 20,4 pontos, com alta de 1,8 p.p. em 12 meses.
Crédito livre e rotativo
As novas contratações de crédito livre para famílias registraram juros de 58,3% ao ano, com estabilidade no mês e aumento de 5,7 p.p. em relação ao ano anterior. O cheque especial teve elevação de 2,5 p.p., chegando a 137,5% ao ano, e o crédito pessoal não consignado subiu 4,2 p.p., alcançando 108,6% ao ano.
Por outro lado, o juro do cartão de crédito rotativo caiu 7,9 p.p. no mês, mas acumulou alta de 12,7 p.p. em 12 meses, atingindo 441,4% ao ano. A modalidade é uma das mais onerosas do mercado. Já o parcelamento da fatura do cartão teve elevação de 1,4 p.p. em junho, com estabilidade no acumulado anual, chegando a 182,5% ao ano.
Entre as empresas, a taxa média de crédito livre ficou em 24,3% ao ano, com variação positiva de 0,1 p.p. no mês e aumento de 3,5 p.p. em 12 meses.
Crédito direcionado
O crédito direcionado, com regras específicas do governo, registrou juros médios de 11,8% ao ano, com redução de 0,2 p.p. no mês e alta de 1,2 p.p. em 12 meses. Para pessoas físicas, a taxa foi de 11,1% ao ano, e para empresas, 14,1% ao ano.
Movimentação de crédito
As concessões de crédito totalizaram R$ 636,9 bilhões em junho. Houve recuo de 3,1% nas concessões ajustadas, com queda de 7,5% para empresas e aumento de 1,4% para famílias. Em 12 meses, o avanço foi de 13,9%.
O estoque de crédito do Sistema Financeiro Nacional chegou a R$ 6,685 trilhões, alta de 0,5% frente a maio. O crédito ampliado ao setor não financeiro, que inclui dívidas com bancos, títulos e fontes externas, alcançou R$ 19,3 trilhões, com avanço de 0,9% no mês e de 10,6% em 12 meses.
Endividamento e inadimplência
A inadimplência geral permaneceu em 3,6% em junho, estável nos últimos meses. Para pessoas físicas, ficou em 4,3%, e para jurídicas, em 2,4%.
O endividamento das famílias atingiu 49% da renda acumulada em 12 meses, com leve aumento mensal. Sem considerar o financiamento imobiliário, o índice foi de 30,7%. Já o comprometimento da renda com dívidas ficou em 27,8%, com alta de 0,4 p.p. no mês.
Fonte: cenariomt