Os Estados Unidos vão impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, encerrando na prática o livre acesso ao mercado norte-americano e gerando fortes impactos em setores estratégicos da economia nacional. Especialistas afirmam que a medida pode provocar desemprego e afetar o preço de alimentos no mercado interno.
Em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Donald Trump confirmou as sanções e justificou a decisão com críticas à relação comercial entre os países. Atualmente, cerca de 15% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, principalmente produtos manufaturados e semimanufaturados. O professor Roberto Goulart Menezes, da Universidade de Brasília, alerta para a gravidade da situação, prevendo redução na entrada de dólares e aumento do desemprego.
Entre os principais produtos afetados estão petróleo bruto, minério de ferro, aço, máquinas, aeronaves e eletrônicos. Empresas como Embraer e Petrobras devem enfrentar dificuldades para manter vendas no mercado americano. Segundo Alexandre Pires, professor do Ibmec-SP, embora haja possibilidade de redirecionar exportações para outros países, os EUA representam um mercado crucial, cujo fechamento encarece operações e reduz competitividade.
O agronegócio também será diretamente impactado, com itens como açúcar, café, suco de laranja e carne entre os mais exportados. Espera-se uma queda nos preços internos dessas commodities, já que parte da produção ficará sem mercado externo. Pires prevê negociações intensas para reverter as tarifas, alertando para as dificuldades de retomar mercados após longos períodos de restrição.
Apesar das acusações de Trump sobre suposta relação comercial injusta, o comércio bilateral soma cerca de US$ 80 bilhões ao ano, com os EUA mantendo superávit de aproximadamente US$ 200 milhões. Especialistas veem na decisão uma estratégia de pressão, descrita como chantagem, e lembram que Trump já usou táticas semelhantes contra parceiros como Canadá e Japão. A medida contra o Brasil chega em meio a tensões políticas, incluindo críticas mútuas entre Lula e Trump durante a cúpula do Brics no Rio de Janeiro.
Para analistas, a tarifa elevada — cerca de 25% maior que a aplicada a outros países — reflete também questões políticas, como a participação do Brasil no Brics e debates regulatórios internos. Segundo Menezes, a iniciativa revela o uso de barreiras comerciais como instrumento de negociação e poder na arena internacional.
Fonte: cenariomt