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‘Dieta atlântica: descubra por que pode ser tão saudável quanto a mediterrânea’

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Você já ouviu falar da dieta atlântica? A abordagem se baseia nos princípios da culinária tradicional da população do noroeste da Espanha e do norte de Portugal, regiões banhadas pelo Oceano Atlântico. Ela é caracterizada por sua variedade de grupos alimentares e inclui proteínas de alto valor biológico, com ênfase em peixes e frutos do mar, vegetais e frutas frescas, nozes e sementes, além do uso predominante de azeite como fonte de gordura.

Apesar de se aproximarem, a dieta atlântica se distingue da mediterrânea ao incorporar laticínios e seus derivados, bem como ao contemplar o consumo moderado de carne suína e de cortes magros de boi, explica a médica Marília Zanier Gomes, que é especialista em endocrinologia e metabologia pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e atua como docente da PUC-GO (Pontifícia Universidade Católica de Goiás).

O preparo dos alimentos desse esquema nutricional também é algo para se levar em conta, pois são priorizados ingredientes frescos, sazonais e locais, sem interferência de industrializados. De acordo com a nutricionista Juliana Casagrande, doutora em ciências dos alimentos pela USP (Universidade de São Paulo), grelhados, sopas e guisados são bastante apreciados, assim como o consumo moderado de vinho.

A dieta atlântica também enfatiza a importância da prática regular de exercícios físicos. “É mais do que apenas uma dieta, é um estilo de vida”, comenta Casagrande, que é docente de pós-graduação no Centro Universitário São Camilo.

Benefícios da dieta atlântica

Os benefícios associados à dieta atlântica incluem potencial perda de peso, redução do risco de doenças cardiovasculares e de outras condições relacionadas à saúde, como aterosclerose. Uma pesquisa recente, divulgada em 7 de fevereiro deste ano, comprovou esses benefícios ao acompanhar 250 famílias que seguiram essa dieta por seis meses. Os resultados demonstraram melhorias significativas em vários aspectos de saúde, como os níveis de colesterol, pressão arterial, controle de açúcar no sangue e obesidade.

O nutricionista Filipe Oliveira de Brito, que é mestre em saúde coletiva pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), destaca que esses benefícios estão relacionados à exclusão de alimentos nocivos à saúde.

É uma dieta que tem efeito protetor, ou seja, ela faz bem porque você acaba ingerindo mais alimentos naturais que estão disponíveis historicamente no país e excluindo embutidos, doces e industrializados. Filipe Oliveira de Brito, pesquisador colaborador da Fiocruz-CE e atua como professor na Unifor (Universidade de Fortaleza)

Ao priorizar o consumo de peixes e frutos do mar, a dieta atlântica fornece grandes quantidades de ácidos graxos ômega 3, que são essenciais para a saúde cerebral. Estudos apontam que esse nutriente melhora a função cognitiva e reduz o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Outro benefício desse padrão alimentar é a regulação da saciedade, que naturalmente resulta na diminuição da ingestão calórica, promovendo o emagrecimento.

Como aderir

Seja você um amante de frutos do mar ou alguém que aprecia uma boa salada, essa dieta é acessível a todos e se alinha às diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira. Segundo Brito, tal qual a atlântica, o guia recomenda a inclusão de uma variedade de carnes ao longo da semana, além de enfatizar o consumo de frutas e a moderação no açúcar, sal e alimentos industrializados. Ele também destaca a importância de incorporar cereais integrais, como arroz, mandioca e batata-doce.

Fica muito mais difícil fazer algo que está longe da sua realidade, por isso a dieta atlântica proporciona uma adesão mais fácil. Filipe Oliveira de Brito, nutricionista

A dieta atlântica é considerada ligeiramente low carb, com uma proporção de carboidratos variando entre 40% e 45%, em comparação com o padrão médio de outras dietas, que geralmente fica entre 45% e 65%. No entanto, ao seguir a atlântica, o foco está nos tipos e na frequência dos alimentos consumidos ao longo do dia ou da semana, em vez de faixas específicas de macronutrientes.

Além disso, a dieta atlântica tende a ter uma ingestão um pouco mais alta de gordura em comparação com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, variando entre 35% e 40%. “É uma dieta mais descritiva do que prescritiva”, ressalta Brito.

Mas pessoas com risco cardiovascular devem ter cautela ao seguir a dieta atlântica, pois a ingestão de colesterol pode exceder 400 mg por dia. “É importante notar que, em relação ao colesterol, não há um limite rígido de ingestão para indivíduos saudáveis, desde que provenha de alimentos naturais. No entanto, para aqueles com risco cardiovascular, é recomendado limitar a ingestão de colesterol, geralmente abaixo de 300 mg por dia”, recomenda o nutricionista.

Para aderir à dieta atlântica, priorize alimentos naturais de todos os grupos alimentares, com ênfase em peixes, crustáceos, mariscos, cereais integrais, castanhas, sementes, frutas e verduras variadas. Os especialistas consultados por VivaBem apontam que o maior desafio na adoção desse esquema nutricional está no consumo de peixes e frutos do mar, que não são facilmente acessíveis para algumas pessoas. No entanto, a sardinha surge como uma alternativa mais barata e igualmente rica em ômega 3, sugere Casagrande.

Fonte: uol

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