O filme Uma Noite no Museu, de Shawn Levy, acompanha o que acontece no Museu de História Natural de Nova York depois que o sol se põe: todas as exposições ganham vida, inclusive o esqueleto de Tyrannosaurus rex. O fóssil é o cartão postal do museu e, segundo um novo estudo, pode ser também uma exclusividade.
Uma pesquisa publicada na revista Palaeontologia Electronica mostrou que existem mais fósseis de T. rex em coleções privadas – frutos de aquisições milionárias em leilões – do que existem ossos disponíveis para pesquisas científicas.
A venda da ossada de dinossauros em leilão não é novidade: em 2020, um T. rex foi vendido por quase 32 milhões de dólares. No ano passado, o recorde foi batido e os ossos de um estegossauro foram leiloados por US$ 44,6 milhões.
No entanto, o comércio privado de espécimes de T. rex, em específico, pode estar dificultando a compreensão dos pesquisadores sobre o réptil do período Cretáceo.
O pesquisador Thomas Carr, professor associado de biologia no Carthage College e diretor do Carthage Institute of Paleontology em Wisconsin, autor da pesquisa recém publicada, alertou que a maioria dos fósseis valiosos do grandalhão está em coleções privadas, especialmente os de animais mais jovens.
“Os estágios iniciais de crescimento do T. rex são atormentados por um registro fóssil precário e, portanto, sua perda acarreta o maior custo científico”, disse Carr para o portal Live Science. “No momento, nosso conhecimento sobre um dos aspectos mais básicos da biologia do T. rex está frustrantemente comprometido por interesses de mercado.”
Para entender o impacto do mercado privado na disponibilidade de fósseis de Rex, Carr analisou espécimes considerados “cientificamente informativos”, como crânios, esqueletos e ossos isolados. Ele identificou 61 em instituições públicas e 71 em coleções privadas — incluindo 14 fósseis juvenis —, embora ressalte que esse número é provavelmente subestimado devido à natureza sigilosa do mercado privado e à descoberta constante de novos fósseis.
O professor revelou que apenas 11% dos fósseis de T. rex coletados por empresas chegam a museus públicos e que o setor comercial descobre o dobro de fósseis em relação aos museus. Ele espera que seu estudo motive pesquisas semelhantes com fósseis de outras espécies antigas.
Porém, de acordo com alguns pesquisadores não envolvidos no estudo, existem situações mais alarmantes quando o assunto é fóssil. David Hone, da Queen Mary University of London, disse que, embora preferisse ver mais fósseis em coleções públicas, o comércio é difícil de controlar e há fósseis mais raros e importantes, como os do Brasil e da Mongólia, sendo traficados ilegalmente.
Fonte: abril