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STF silencia Jair Bolsonaro: futuro como fiador da direita em 2026

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Após quatro meses de prisão domiciliar, da prisão preventiva e agora no cumprimento da pena definitiva por tentativa de golpe pela condenação, em regime fechado, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continua a exercer uma influência singular sobre a corrida presidencial de 2026. Mesmo inelegível e afastado das redes sociais, seu nome permanece forte nas pesquisas e pauta os movimentos mais importantes da direita e do centro, cujas lideranças disputam o seu aval decisivo para chegarem competitivas às urnas.

A combinação de dois fatores — o peso acumulado do capital político de Bolsonaro e seu entorno e a fragmentação do campo conservador — torna o ex-mandatário o principal fiador de qualquer candidatura capaz de romper a barreira do primeiro turno. Ainda que alguns aliados alimentem expectativas de uma reviravolta jurídico-política que o recolocaria na disputa, o que prevalece é a cobrança crescente por um gesto, uma palavra ou uma indicação sua.

Bolsonaro foi declarado inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político devido à reunião com embaixadores até 2030. Mas a inelegibilidade agora foi ampliada até 2060 com o trânsito em julgado da condenação por tentativa de golpe.

Para Leandro Gabiati, da consultoria política Dominium, Bolsonaro já integra o grupo de personagens que funcionam como polos de referência política para grandes parcelas da sociedade, independentemente de sua situação jurídica. “No Brasil, são simbólicos os casos de Lula, anos atrás, e de Bolsonaro no presente. Apesar das particularidades e diferenças de cada um, carisma e trajetória longa são elementos comuns — e ajudam a explicar a força consolidada dos dois”, afirma.

No caso de Bolsonaro, observa o analista, o banimento imposto pelo Judiciário acaba reforçando sua influência entre seguidores. “Diante desse cenário, qualquer candidato da direita que pretenda ser competitivo precisa negociar com Bolsonaro. Um apoio explícito dele pode garantir uma base inicial de 20% a 25% dos votos no primeiro turno, praticamente assegurando vaga no segundo”, avalia Gabiati. Com vários nomes testando musculatura na direita e no centro, essa transferência — ou a falta dela — pode ser decisiva em 2026.

Mundo político estava à espera do encontro de Bolsonaro e Tarcísio

Nesse contexto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tornou-se o epicentro das expectativas sobre a sucessão. Seu cálculo político combina construção silenciosa de alianças, gestão disciplinada do tempo e um esforço para evitar desgastes prematuros. A percepção predominante nos bastidores é de que “todo mundo está esperando Tarcísio”: aliados, adversários e articuladores do centro-direita aguardam um sinal seu para ordenar estratégias.

O encontro marcado com Bolsonaro para 10 de dezembro — autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes e depois cancelado por ele em razão da prisão preventiva — carregava a expectativa de produzir efeitos imediatos sobre o tabuleiro partidário. Siglas como o PSD, de Gilberto Kassab, e até o PT prestam atenção nos desdobramentos, cientes de que um simples gesto entre os dois pode alterar rumos e cálculos eleitorais.

Segundo analistas e políticos, a recusa de Tarcísio em assumir publicamente a condição de presidenciável não reflete indecisão, mas uma tática clássica de acumulação de força. O governador sabe que uma candidatura majoritária exige sustentação partidária sólida, base estadual robusta e alianças costuradas com paciência — especialmente num ambiente nacional instável e com a direita ainda em recomposição. Observa também, com cautela, os rearranjos entre os fiéis de Bolsonaro, calculando se vale entrar agora no jogo ou aguardar a consolidação do terreno.

Movimentações da família Bolsonaro e da base influenciam a dinâmica da direita para 2026

Entre as principais questões a resolver para 2026 está a resistência dentro da própria família Bolsonaro, em especial do deputado Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos Estados Unidos. Crítico da possível candidatura de Tarcísio, ele a tachou de fruto do “sistema”. Ele mantém seu próprio nome como presidenciável ou defende a alternativa do senador Flávio Bolsonaro, seu irmão.

O cientista político Ismael Almeida chama atenção para um ponto pouco comentado, mas potencialmente decisivo: o comportamento da base política associada ao ex-presidente no Congresso e nos estados. Para ele, parte dos parlamentares eleitos na esteira do impulso dado pela figura de Bolsonaro vem adotando uma postura tímida — quando não omissa — diante das ações judiciais e políticas que atingem Bolsonaro.

“Muitos que devem sua projeção, seus votos e até seus mandatos ao capital eleitoral de Bolsonaro escolheram o distanciamento calculado, movidos por conveniência, medo de desgaste institucional ou simples sobrevivência”, aponta. Para Almeida, esse movimento pode prejudicar “quem se beneficia do símbolo que Bolsonaro ainda representa.”

Segundo o especialista, o eleitor fiel a Bolsonaro, atento aos gestos e às lealdades demonstradas publicamente, deve ser o principal agente de cobrança. “Quem apostar em desembarque silencioso pode pagar caro”, ressalta.

Ex-ministro diz que apoio em 2026 está condicionado a indulto a Bolsonaro

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, afirmou que o candidato a presidente receberá apoio somente no caso de se comprometer com o indulto a Bolsonaro e aos que participaram dos atos de 8 de janeiro de 2023.

“O 1º critério – absolutamente excludente! – do nosso apoio a presidente em 26 é se comprometer a conceder indulto e perdão ao presidente Bolsonaro, extensivo aos que participaram das depredações do 8 de janeiro. Direto e reto”, afirmou Nogueira nas redes sociais.

O plano da oposição, porém, é aprovar no Congresso um projeto de lei que conceda anistia ao ex-presidente e aos demais. Alguns parlamentares defendem a anistia ampla e irrestrita. No entanto, há outro grupo que defende o PL da dosimetria – que prevê a redução das penas – como mais viável e possível de aprovação nas duas Casas do Legislativo.

Fonte: gazetadopovo

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