A ausência de amizades verdadeiras costuma ser vista como fracasso, mas essa percepção nem sempre corresponde à realidade.
Em uma reflexão profunda, o psicanalista e escritor Gabriel Rolón explica que ter poucos amigos — ou perceber que algumas relações se perderam ao longo do caminho — pode indicar um movimento interno de amadurecimento e autoconhecimento, e não uma falta de valor pessoal.
Muitas pessoas convivem com a solidão de forma discreta, acompanhada de culpa ou vergonha.
Rolón destaca que essa experiência não deve ser interpretada automaticamente como incapacidade social.
Em muitos casos, a solidão não desejada é um sinal de que algo está pedindo atenção: antigas feridas, medos reprimidos e padrões emocionais que influenciam a maneira como nos conectamos.
Segundo Rolón, existe uma diferença clara entre ter vínculos reais e manter companhias passageiras.
A vida social não se mede pela quantidade de contatos, mas pela profundidade das relações.
Ter poucos amigos pode significar que a pessoa deixou de tolerar superficialidades e passou a priorizar conexões autênticas, baseadas em respeito e reciprocidade.
Experiências dolorosas — como rejeições, rupturas e decepções — podem influenciar escolhas afetivas.
Às vezes, essas marcas nos levam a insistir em relações prejudiciais; em outras, ajudam a estabelecer limites mais saudáveis.
A falta de amigos, nesse contexto, pode ser um reflexo de proteção emocional: um movimento consciente ou inconsciente para preservar a própria paz.
Para Rolón, relações verdadeiras começam com uma relação saudável consigo mesmo.
Conhecer as próprias fragilidades, reconhecer o próprio valor e aceitar quem se é são passos fundamentais.
Esse processo, muitas vezes solitário, evita que a vida seja preenchida por vínculos vazios ou pela necessidade de aprovação.
Estar com poucos amigos não significa estar perdido. Pode representar uma fase de maturidade emocional, em que a pessoa revisa prioridades, redefine limites e se reconecta consigo mesma.
Valorizar qualidade em vez de quantidade abre espaço para relações mais sinceras e significativas.
Aceitar períodos de solidão pode favorecer insights profundos e preparar o terreno para vínculos realmente nutritivos.
A falta de amigos não deve ser vista como falha pessoal. Muitas vezes, é um sinal de mudança interna — uma reorganização emocional que marca uma nova etapa da vida.
Como reforça Rolón, não se trata de alguém “quebrado”, mas de alguém em transformação.
Buscar profundidade, respeitar o próprio ritmo e valorizar a autenticidade pode levar a relações mais verdadeiras e a um bem-estar emocional mais sólido.
Fonte: curapelanatureza






