Com o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos, as exportações de pisos de madeira maciça e decking de Mato Grosso foram praticamente paralisadas. Segundo o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasiu, o setor já havia embarcado cerca de U$ 8 milhões no primeiro semestre e se preparava para um volume ainda maior no segundo.
Agora, com quase 500 contêineres parados, que já renderiam aproximadamente mais U$ 8 milhões, e sem previsão de retomada do fluxo, o setor precisa reorganizar sua produção para outros mercados e manter as operações em funcionamento. Para isso, estima ser necessário um aporte de crédito entre U$ 8 e 10 milhões.
Segundo Blasiu, o valor seria suficiente para manter o funcionamento das unidades durante o período de adaptação. “A linha de crédito serviria como oxigênio financeiro para que as empresas consigam atravessar essa fase de transição e realocação de mercado”, explicou.
O setor tenta apoio institucional junto à Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e também com representantes do Congresso Nacional.
Grande parte das empresas do setor opera com crédito internacional por meio de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Essa modalidade é lastreada em dólar e só pode ser quitada com a receita de exportações.
“Não é só uma questão de fôlego. É uma questão de compromissos. Os contratos estão assinados, os créditos foram tomados. A receita que pagaria esses contratos, que é a exportação, foi cortada da noite para o dia”, disse Blasiu.
Cerca de 99% dos créditos ativos foram tomados em moeda estrangeira. “Eu não posso pagar esse crédito com real. Os bancos só aceitam dólar. E sem exportar, não tem dólar entrando”, resumiu o presidente do Cipem.
Fonte: Olhar Direto