A trajetória de Eunice Paiva, uma das figuras mais emblemáticas da luta por memória, verdade e justiça no Brasil, foi eternizada em selo postal lançado nesta terça-feira (20), no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrou a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural, promovida pelo Ministério da Cultura.
A peça filatélica apresenta Eunice em uma fotografia em preto e branco, sorrindo ao lado de três pombas brancas, símbolo universal da paz. O selo presta tributo à mulher que se tornou referência nacional e internacional por sua atuação contra a ditadura militar e na defesa dos direitos humanos.
A história de Eunice voltou a ganhar projeção global com o sucesso do filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. Baseado no livro de mesmo nome, escrito por seu filho Marcelo Rubens Paiva, o longa retrata a busca da mãe por respostas sobre o desaparecimento do marido, o deputado Rubens Paiva, preso e morto pelo regime militar em 1971.
Durante a cerimônia, o selo foi oficialmente obliterado por Marcelo Paiva e seu filho, Joaquim Paiva. A atriz Fernanda Torres, que interpretou Eunice no cinema, e o cineasta Walter Salles também receberam a homenagem. O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, entregou os álbuns com a peça filatélica aos familiares e artistas envolvidos.
Ao relembrar o legado de Eunice, a cerimônia reforçou o papel das mulheres que enfrentaram o autoritarismo com coragem. A emissão do selo também simboliza o compromisso de manter viva a memória daqueles que resistiram à repressão.
Eunice Paiva foi responsável por uma das principais pressões políticas que resultaram na criação da Lei 9.140/95, que reconheceu oficialmente como mortas as pessoas desaparecidas em razão de atividades políticas durante a ditadura militar. Em 1996, depois de 25 anos de luta, conseguiu o atestado de óbito de Rubens Paiva emitido pelo Estado brasileiro.
Formada em Direito, Eunice dedicou grande parte da vida à atuação em causas sociais. Tornou-se uma das poucas especialistas em direito indígena no país e, em 1988, contribuiu como consultora na Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a atual Constituição Federal.
No mesmo evento, os Correios também lançaram outro selo comemorativo, desta vez em homenagem aos 40 anos do Ministério da Cultura. A obliteração foi realizada pela ministra Margareth Menezes e pelo presidente Lula, que celebrou o retorno do MinC ao status de ministério, após ter sido rebaixado a secretaria em 2019. A pasta recuperou sua estrutura no início do atual governo, com a assinatura do decreto que restaurou sua importância institucional.
As novas emissões filatélicas já estão disponíveis para encomenda nas agências físicas e na loja online dos Correios.
Fonte: primeirapagina