O milho nesta temporada 2024/25 voltou a ganhar espaço na região do Vale do Araguaia em Mato Grosso. O mercado aquecido e a instalação de uma usina de etanol devem impulsionar a produção do grão neste ciclo, avaliam os produtores.
No município de Água Boa, com o clima considerado favorável, o Grupo Itaquerê comemora o bom desenvolvimento do milho nesta segunda safra. A área plantada deve aumentar em 500 hectares em relação ao ano passado e chegar a 1.735 hectares nesta temporada.
“Não faltou chuva. As escolhas dos híbridos também foram importantes. Entramos com um material bom, resistente e até agora tem dado tudo certo”, comenta o coordenador administrativo do grupo, Gerlisson Ferreira Viana.
O coordenador administrativo salienta ainda à reportagem do Dia de Ajudar Mato Grosso que a expectativa na região é que as chuvas prevaleçam um pouco mais.
“A chuva não pode cortar agora. Ela tem que perdurar mais uns 30 dias. Não pode faltar, não”.

Gergelim registra queda de preço
A queda no preço do gergelim, que divide espaço com o milho na segunda safra, e a demanda aquecida pelo grão dourado na avaliação do Sindicato Rural de Água Boa podem impulsionar o cultivo dos milharais nesta segunda safra.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Geraldo Delai, em 2024 o quilo do gergelim era comercializado entre R$ 5 e R$ 5,20, ou seja, quase US$ 1 por quilo.
“Esse ano está na faixa de R$ 4,20. Dá US$ 0,75 de dólar. Acredito que o milho ocupe um pouco da área do gergelim do ano passado. Entra bem dentro do planejamento do agricultor, porque quando ele começa a colheita da soja, ele pode entrar com o milho até onde alcançar dentro da janela e depois ele pode entrar com o gergelim, que tolera um pouco mais, necessita menos água que o milho. Facilita bastante essa interação do milho e do gergelim”.
Em Canarana, município vizinho e considerado a capital nacional do gergelim, o milho também deve ganhar mais espaço na segunda safra deste ano.
Na propriedade do produtor Diego Dal Asta, que na safra passada não plantou milho, a cultura já ocupa uma boa parte da área mesmo com 10 dias de atraso na janela.
“Esse ano resolvemos apostar próximo de 50% da área com milho safrinha. Mesmo não estando em um preço que a gente acha bom de comercializar, plantamos ele para fazer uma diversificação de culturas e trabalhar metade da área com gergelim e metade com milho”.

Assim como Geraldo Delai, o produtor de Canarana também ressalta que o olhar para o milho aumentou nesta safra diante do comércio do gergelim esse ano estar “um pouquinho mais frio”.
“Então vemos que produtores que no ano passado não plantaram milho, plantando 30%, 40% da área de milho. Acreditamos sim que a área de milho no município vai ter um aumento e a de gergelim uma queda, embora ainda não tenha finalizado os serviços de plantio do gergelim”, frisa Diego Dal Asta.
Usina de etanol de milho em Canarana
A implantação de uma usina de etanol de milho em Canarana é outro fator que deve impulsionar a produção do cereal no município. A previsão é que a inauguração ocorra no segundo semestre deste ano.
O local terá capacidade para produzir 222 milhões de litros de etanol e também será responsável pela produção de derivados do milho como farelos, DDG, DDGS e óleo de milho. A futura instalação é vista pelos agricultores como uma grande promessa, um passo importante para fortalecer o agronegócio e impulsionar o desenvolvimento da região.
“Gera renda, gera movimento para o município e o milho agrega, não só com o grão para o agricultor, mas também no solo com a palhada, com controle de erva daninha. Acreditamos que com essa usina de etanol aqui em Canarana vai agregar nos preços”, pontua o produtor Mateus Goldoni ao Dia de Ajudar Mato Grosso.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Lino Costa, pelo tamanho da área em que plantam o milho a produtividade não é muito expressiva em relação a outros municípios de Mato Grosso. Contudo, ele frisa que “mas, é muito crescente”.
“Nós chegamos a quase 170 mil hectares. Então já é um incentivo para o cultivo de milho e de sorgo, também”.
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Fonte: canalrural