O anúncio das dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou repercussão em diversos veículos internacionais nesta quarta-feira, 30. A medida, que tem base na Lei Global Magnitsky, bloqueou possíveis bens do magistrado no país e também restringiu seu acesso a serviços de empresas norte-americanas, além de proibir sua entrada nos EUA.
O bloqueio também atinge ativos relacionados a empresas com vínculos com Moraes. Ele não pode realizar transações financeiras com cidadãos nem instituições dos Estados Unidos, o que envolve, por exemplo, a utilização de cartões de crédito emitidos por bandeiras norte-americanas.
O jornal The New York Times, dos EUA, associou as sanções às tarifas estabelecidas por Donald Trump sobre produtos brasileiros e descreveu a decisão como um triunfo para o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a publicação, “o ministro Moraes tornou-se talvez a figura mais polêmica do Brasil”. “Durante anos, ele atuou como o principal órgão de controle sobre Bolsonaro e seus aliados de direita, muitos dos quais atacaram as instituições brasileiras e alegaram que as eleições de 2022 foram fraudadas, apesar da falta de provas”, escreveu o NYT.
Já o The Washington Post, também norte-americano, destacou que a punição aprofunda o clima de hostilidade entre Brasil e Estados Unidos e agrava a crise diplomática entre os dois países.
O jornal relatou que “as sanções contra o juiz brasileiro, que autoridades dos EUA vinham considerando há meses a pedido do filho de Bolsonaro, aprofundaram a crise entre os dois países mais populosos do Hemisfério Ocidental — aliados históricos cuja relação se deteriorou de forma repentina e dramática para uma hostilidade aberta”.
O britânico The Guardian relatou que aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificaram a iniciativa como um golpe à democracia, enquanto apoiadores de Bolsonaro comemoraram a decisão. “As sanções foram comemoradas por familiares e apoiadores de Bolsonaro, que veem a pressão dos EUA como a única maneira de ajudar o ex-presidente a escapar de uma pesada pena de prisão e, quem sabe, salvar seu futuro político”, publicou.
O francês Le Monde traçou um histórico dos embates entre Moraes e Bolsonaro e fez ligação entre as sanções e o julgamento do ex-presidente no STF. “Trump se intrometeu no julgamento, acusando as autoridades brasileiras de conduzirem um caça às bruxas”, escreveu o jornal da França.
“Seu governo já impôs restrições de visto a Moraes por conta do caso, e Trump anunciou tarifas de 50% sobre as importações brasileiras, citando, em parte, o tratamento dado a Bolsonaro.”
Em Portugal, a SIC Notícias informou que os EUA justificaram a sanção referindo-se a “violações graves dos direitos humanos” atribuídas a decisões do ministro no STF. O canal também ressaltou a escalada das tensões comerciais, já que “esta decisão representa mais uma escalada da guerra comercial e diplomática iniciada pelo governo de Donald Trump contra o governo de Lula da Silva, a dois dias das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao Brasil entrarem em vigor”.
O argentino Clarín, por sua vez, avaliou que Trump intensificou o confronto com Lula ao sancionar Moraes e colocou a punição como parte da resposta do governo norte-americano ao julgamento de Jair Bolsonaro.
Segundo o veículo, “a punição do juiz faz parte da repressão do governo Trump ao governo brasileiro pelo julgamento em andamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe”. O Clarín ainda relatou que a tensão entre Brasil e EUA cresceu significativamente desde o início de julho, quando Trump passou a apresentar novas exigências políticas ao governo brasileiro.
Fonte: revistaoeste