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Safra de Soja no Oeste de Mato Grosso: Cautela e Coragem no Início da Colheita

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O plantio da soja na região oeste de Mato Grosso começa a ganhar corpo, assim como em todo o estado. Em Campo Novo do Parecis, chuvas registradas nos últimos dias possibilitaram a entrada das plantadeiras em algumas propriedades, o que pode ajudar na hora de entrar em campo com o milho.

Até o momento, segundo informações do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a região oeste semeou 0,55% da área prevista para a soja.

Na Fazenda Cachoeirinha a previsão é cultivar três mil hectares com soja, conforme o gerente de produção, Márcio Fonseca de Almeida. Desta extensão 450 hectares já receberam as sementes.

Na propriedade localizada em Campo Novo do Parecis, o solo coberto com a palhada do milho mantém a umidade ideal para a emergência da soja. Ele relata ao Dia de Ajudar Mato Grosso que em comparação ao ciclo passado, os trabalhos estão mais acelerados: 20 dias. A antecipação e segurança para entrar na lavoura foi possibilitada diante dos 80 milímetros acumulados em três chuvas.

A meta, salienta Márcio, é fechar a área com potencial para o milho até o dia 15 de outubro, otimizando colheita e comercialização.

“Estamos com um corpo técnico acompanhando a entrada das plantadeiras, olhando profundidade, distribuição, fazendo um plantio com o máximo de qualidade, porque sabemos dos riscos que temos e sabemos também dos desafios de fechar a conta no final”.

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Foto: Pedro Silvestre/Dia De Ajudar Mato Grosso

Custos elevados e margens apertadas amplia cautela

Apesar disso, a largada ainda é cautelosa. Entre custos elevados, margens apertadas e a busca por produtividade, o desafio é avançar no campo sem abrir espaço para erros que possam comprometer a safra.

“O erro desse ano tem que ser zero. Temos que trabalhar com qualidade 100% técnica, operacional e ser muito assertivo”, frisa Márcio.

O agricultor Rui Prado pontua que “é impossível do produtor fazer todo o pacote tecnológico” diante dos custos atuais e os juros. “Temos que diminuir o pacote, até porque a expectativa de preço da soja não é boa. O negócio é realmente pisar no freio esse ano”.

Conforme ele, há vários anos o estado vem “investindo pesado na agricultura”, contudo nos últimos anos o setor tem enfrentado “dificuldades de fluxo de caixa e de recursos”.

“Então é um ano que realmente tem que se aproveitar o que tem. O ano passado tivemos uma produtividade média de 64 sacas de soja por hectare e essa com certeza vai ser menos em função até da diminuição de aplicação de insumos”, diz Rui.

Em Campo Novo do Parecis, de acordo com o Sindicato Rural, a perspectiva é cultivar cerca de 400 mil hectares de soja. Apesar dos registros de chuvas na região, nem todos os produtores foram contemplados por elas. Antônio César Brólio, presidente do Sindicato Rural do município, é um dos que aguardam a estabilidade do clima para liberar o início do plantio na fazenda, onde a soja deve ocupar 2,2 mil hectares nesta safra 2025/26.

“Estamos no início da chuvarada. A previsão para esta semana é boa, mas é preciso ter paciência. Um erro agora sai muito caro. É melhor esperar alguns dias para garantir a umidade certa no solo, porque o custo de plantio está alto e a soja hoje não deixa margem”.

Na região de Campo Novo do Parecis, comenta o presidente do Sindicato Rural, o produtor hoje para “não ficar no vermelho” precisa colher acima de 70 sacas de soja por hectare. “Então qualquer erro vai ficar difícil o ano que vem. Aí vai ter que tirar do milho”.

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Foto: Pedro Silvestre/Dia De Ajudar Mato Grosso

Safra de pé no chão, afirma setor

O plantio da soja em Mato Grosso, conforme levantamento do Imea, ainda é tímido. Até o dia 19 de setembro, apenas 0,55% dos 13 milhões de hectares previstos haviam sido semeados. Mesmo com a cautela dos produtores, os trabalhos estão mais adiantados que no ano passado, quando nesta mesma época apenas 0,27% da área havia sido semeada. A média dos últimos cinco anos é de 0,48%.

“Segundo as previsões, vai ser um ano bom de chuva aqui para Mato Grosso. Então acreditamos que por fator climático vamos ter uma tranquilidade. Estamos fazendo [a safra] meio que com recurso próprio, financiamento bancário zero. Esse Plano Safra não nos auxiliou em nada. Estamos buscando algumas alternativas de financiamento com as revendas, com as próprias tradings”, diz Jorge Diego Giacomelli, diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Ao Dia de Ajudar Mato Grosso, o diretor da Associação afirma que a temporada é um ciclo de “pé no chão”, para garantir produtividade e “torcer para que esses preços melhorem”.

“Esses preços que temos hoje não acompanham, não trazem margem para o produtor. Sabemos que isso está muito atrelado ao câmbio. Esse câmbio tem nos atrapalhado muito, mas o produtor é assim, ele semeia, ele olha para o céu, pede para Deus, ele agradece a Deus, tem fé”.

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Fonte: canalrural

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