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Agronegócio

Safra 2025/26 em Mato Grosso: Impacto do Dólar e dos Insumos Agropecuários

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A colheita da soja 2024/25 bem encerrou e os produtores em Mato Grosso já começaram o planejamento da próxima temporada e a aquisição dos insumos. Com calculadora e lápis nas mãos, eles observam que o ciclo 2025/26 será de custos altos em decorrência ao dólar e ao preço dos insumos, que a cada dia estão mais pesados. 

Conforme o agricultor Vanderlei Klein, ao Patrulheiro Agro desta semana, a situação para a compra dos insumos está delicada. 

“No último mês a gente conseguiu fechar todos os insumos, dos adubos a  gente conseguiu comprar. Fertilizantes é o mais caro, os fosfatados é o que está mais pesando um acréscimo do ano que passou para esse de agora, são 10%, 15% de aumento e não para de subir”, explica. 

Para a próxima safra o grupo familiar pretende cultivar 5,3 mil hectares de soja no município de Boa Esperança do Norte.

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Foto: Pedro Silvestre/ Dia De Ajudar Mt

“A nossa soja  você pode ver aí desde novembro, dezembro do ano passado, entre todo o período da safra que teve, ela não teve uma mudança de preço relativa. A gente planta uma parte de área própria e a outra parte da área arrendada, mais químico, mais sementes, mais o custo operacional, mais o arrendamento, essa conta fica acima dos 55 sacos de soja”, conta Vanderlei. 

Em Nova Mutum, o consultor agronômico Naildo Lopes,  atende cerca de 148 produtores rurais, que juntos representam uma área estimada de 35 mil hectares na região do médio-norte de MT.

O que o assusta nesse momento, é que antes, trabalhava-se com um custo médio de até 48 sacos por hectare.   

“Baseado no preço de R$ 108  a saca para o futuro, eu estou precisando de 53 a 55 sacas de soja por hectare. Tem muitos produtores que avançaram um pouco, mas tem muitos com muita cautela, principalmente porque as taxas de juros hoje, se você tiver que captar no mercado, nós estamos sem recursos controlados e quando você vai usar recurso do próprio financiamento está em torno 17%, 18% que é muito pesado”, pontua Naildo.

O presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen, comenta que o custo e a soja estão diretamente atrelados ao dólar. Além disso, o valor da produção não está acompanhando o custo do produto e que hoje, o valor de R$ 110  a saca serve para pagar o custo da safra passada. 

“O milho está a R$ 50 e o custo do produto subiu em uma faixa aí de 8 %, 9% a mais e a produção está abaixo, tem que ficar atento para aproveitar o melhor momento porque está muito volátil o preço da nossa produção”, diz Paulo.

A propriedade de Thiago Strapasson, em Vera, ainda não comprou os  insumos dos 1.450 hectares de soja programados para a próxima temporada. Ele aguarda a melhor definição do milho que será usado como moeda de troca, além da atenção redobrada no mercado atrás de oportunidades nos preços. 

Essas são as estratégias adotadas pelo agricultor para tentar estabelecer uma boa margem de compras

“Nós achávamos que o ano passado estava complicado. Esse ano está um pouco pior, e isso assusta muito. O custo esse ano ficou complicado, está entre 20% a 25% mais caro, se o cara souber fazer bem as contas vai ser em cima do muro, se não souber fazer as contas ele vai cair do muro”, aponta o agricultor. 

Este ano, Thiago cultivou 1.370 hectares de milho na propriedade.

Aprosoja e Imea realizam pesquisa conjunta

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costas Beber, muitos produtores falam sobre a redução de adubos. 

“Fizemos uma pesquisa junto com o Imea e muitos produtores falam em redução de adubação. Claro, alguns aproveitando a reserva e outros já têm pouca reserva. E isso preocupa porque pode diminuir a oferta de alimento, o que aumenta ainda mais a inflação”, explica. 

Beber ainda diz que é preciso discutir a logística, a reforma administrativa do país e a responsabilidade fiscal que faz que na importação seja de insumo ou em peças para máquinas. 

“Mesmo as máquinas montadas aqui no Brasil, muita coisa vem de fora, isso acaba pesando na cotação em dólar e reflete em custo”, finaliza. 

Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em março o custeio da safra 2025/26 em Mato Grosso ficou em R$ 4.118,61 o hectare. Deste montante, R$ 1.878,66 correspondem a fertilizantes e corretivos, valor 1,98% superior a fevereiro e cerca de 9,24% a mais que o consolidado da 2024/25.

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Fonte: canalrural

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