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Ciência & Saúde

Robótica Bio-híbrida: Barata-ciborgue, o Futuro do Resgate em Desastres

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Imagine um exército de baratas equipadas com tecnologia de ponta, capazes de se infiltrar em escombros após um terremoto para localizar sobreviventes. Parece roteiro de ficção científica, mas é a realidade que propõe a robótica bio-híbrida.

Essa disciplina combina a capacidade natural de locomoção e resistência dos organismos vivos com o controle e a funcionalidade dos dispositivos eletrônicos.

A inspiração para essa tecnologia veio da necessidade de acessar locais de difícil alcance, como escombros de terremotos. Robôs tradicionais e cães farejadores têm limitações ao atravessar terrenos acidentados, mas os insetos possuem habilidades naturais de locomoção que as tornam ideais para a tarefa. 

Hoje, existem algumas dezenas de laboratórios ao redor do mundo que se dedicam à produção desse tipo de tecnologia.

O processo de criação das baratas-ciborgues envolve a instalação de um pequeno circuito eletrônico sobre o dorso do inseto, com eletrodos conectados a pontos estratégicos do sistema nervoso. Os eletrodos enviam impulsos elétricos que estimulam as antenas e os músculos da barata, permitindo que pesquisadores a direcionem para frente e para os lados.

O sistema pode ser operado remotamente por um humano ou de forma autônoma, por um computador de bordo que comanda o inseto conforme um algoritmo pré-programado. Veja o vídeo abaixo, de baratas ciborgue de um estudo publicado em 2015 na revista Current Biology.

O potencial dessa tecnologia é vasto. Além das operações de resgate, baratas-ciborgues podem ser usadas para monitoramento ambiental, exploração de áreas contaminadas e até espionagem. 

Mas elas não são os únicos organismos que têm sido adaptados para essas funções. Águas-vivas ciborgues, por exemplo, estão sendo estudadas para explorar os oceanos sem causar danos ao ambiente marinho. Esses animais, ao contrário dos submarinos robóticos tradicionais, se deslocam com baixo consumo de energia e não perturbam a vida aquática ao redor.

Veja, no vídeo abaixo, o momento em que águas-vivas ciborgues foram lançadas em mar aberto para testar sua habilidade de natação e orientação. O vídeo é parte de um estudo publicado em 2020 na revista Biomimetics

 

Um dos grandes trunfos dos ciborgues biológicos em relação aos robôs tradicionais é a durabilidade da bateria. Robôs convencionais precisam de fontes de energia para se locomover, o que limita seu tempo de operação e os torna mais pesados.

Já os insetos ciborgues se movimentam a partir da mesma energia de qualquer inseto – a alimentação. Pequenas baterias externas são necessárias apenas para os dispositivos de controle e comunicação. 

Além disso, a capacidade dos animais de se adaptar a terrenos variados é incomparável. É por isso que, mesmo em soluções totalmente robóticas, os pesquisadores se inspiram no design anatômico dos seres vivos – como o caso dos mosquitos-robôs criados pelo MIT e dos filtros de água inspirados em arraias-manta.

No entanto, a criação de seres vivos parcialmente controlados por humanos levanta questões éticas. Até que ponto podemos interferir no comportamento de um ser vivo? O impacto dessas modificações nos animais ainda é debatido, e pesquisadores procuram minimizar qualquer efeito negativo. 

Alguns estudiosos argumentam que, se o procedimento não reduz a qualidade de vida dos insetos e pode salvar vidas humanas, os benefícios superam as preocupações éticas. Outros, no entanto, defendem que é necessário estabelecer regulamentações mais rígidas para evitar abusos e garantir que essa tecnologia seja usada de maneira responsável.

Por enquanto, as baratas-ciborgues ainda não invadiram os escombros do mundo real, mas os avanços na robótica bio-híbrida indicam que o futuro pode ser dominado por pequenos agentes biotecnológicos. Se um dia você se deparar com uma barata carregando um chip nas costas, talvez seja melhor não esmagá-la – ela pode estar em missão de resgate.

Fonte: abril

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