📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Os microplásticos imitam hormônios como o estrogênio, causando problemas de saúde como infertilidade e câncer de mama ao desregular o sistema endócrino.
  • Estas partículas estão associadas a riscos elevados de infarto e derrame, evidenciando seu amplo impacto na saúde cardiovascular.
  • A produção de plástico deve crescer 70% até 2040, agravando a poluição e a exposição humana aos microplásticos.
  • Os microplásticos se acumulam nos órgãos, provocando inflamação e interferindo no sistema imunológico, o que resulta em problemas crônicos de saúde.
  • As estratégias para reduzir a exposição aos microplásticos incluem usar itens reutilizáveis, evitar embalagens plásticas e implementar medidas legislativas como a proibição de sacolas plásticas.

🩺Por Dr. Mercola

Microplásticos e nanoplásticos se infiltraram em todos os cantos do nosso ambiente e de nossos corpos. Essas pequenas partículas, originadas da decomposição de plásticos maiores, se destacam por serem minúsculas. Os microplásticos medem menos de 5 milímetros e os nanoplásticos, menos de 0,1 micrômetro. Elas penetram com facilidade e se acumulam no organismo.

Após entrarem no corpo, essas partículas de plástico imitam hormônios naturais, como o estrogênio, alterando o sistema endócrino e agravando doenças hormonais, como o câncer de mama. Esse desequilíbrio hormonal tem sérias implicações para a saúde reprodutiva global, exigindo políticas que diminuam tanto o lixo plástico quanto a exposição decorrente.

Os efeitos dos microplásticos na saúde hormonal

Um relatório recente publicado na Forbes evidencia a presença generalizada de microplásticos em nosso meio ambiente e seu impacto na saúde humana. O estudo analisa como essas pequenas partículas de plástico interagem com nosso sistema hormonal e as implicações da sua contaminação em larga escala.

De início, o relatório abordou o impacto dos microplásticos como desreguladores endócrinos. Para contextualizar, desreguladores endócrinos são substâncias que interferem na atividade hormonal. Neste caso, os microplásticos foram apontados como os principais responsáveis. Essas partículas imitam hormônios naturais, como o estrogênio e o cortisol. Conforme observado pelo Dr. Christopher Thompson, professor de medicina na Harvard University:

“Ao imitar hormônios como o estrogênio e o cortisol, os microplásticos podem favorecer o ganho de peso, problemas metabólicos, questões de fertilidade e outras complicações de saúde graves”.

Quando os microplásticos entram no organismo, ocorre a dominância do estrogênio, ou seja, o excesso desse hormônio em comparação aos demais. Isso contribui para a infertilidade e eleva o risco de cânceres ligados aos hormônios, como o de mama.

Além disso, o relatório ressaltou a relação entre a exposição aos microplásticos e riscos cardiovasculares preocupantes. Outro relatório da Forbes, publicado anteriormente, indicou que pessoas expostas a níveis mais altos de microplásticos têm maior risco de infarto e derrame. Essa associação evidencia os impactos dos microplásticos na saúde além da desregulação hormonal.

O que causa o aparecimento dos diversos problemas de saúde? Resumindo, é a bioacumulação de microplásticos em diferentes órgãos do corpo. Após entrarem no corpo por meio da ingestão, inalação ou contato com a pele, os microplásticos se dirigem a vários órgãos, como fígado, rins e cérebro. Quando chegam lá, liberam compostos desreguladores endócrinos, os quais interferem na atividade hormonal e provocam estresse oxidativo.

Os microplásticos também causam inflamação crônica, uma preocupação relevante para a saúde pública. A inflamação é a resposta natural do corpo a estímulos prejudiciais, mas ao se tornar crônica, pode ocasionar diversos problemas de saúde, como doenças autoimunes e maior vulnerabilidade a infecções.

Implementando a redução de resíduos em grande escala

O relatório da Forbes também abordou o aspecto ambiental dos microplásticos. Mais de 400 milhões de toneladas de plástico são descartadas a cada ano. Essa enorme quantidade de lixo contribui para a onipresença dos microplásticos em nossa água, ar e solo. O volume impressionante levou as autoridades a buscar diversas soluções, caso contrário, seremos soterrados por resíduos plásticos que demorarão séculos para se decompor.

Uma das estratégias adotadas pelas autoridades foi a proibição de sacolas plásticas descartáveis, comprovada como eficaz na diminuição do lixo plástico e da poluição. A meta da União Europeia de limitar o uso a 40 sacolas plásticas por ano por cidadão é um exemplo dos esforços internacionais para conter a poluição por plástico. No entanto, são necessárias mais medidas para reduzir a exposição ao plástico desde o início.

Reciclar plástico não é uma maneira eficaz de reduzir os resíduos

Um estudo publicado na Nanomaterials destaca a escala alarmante da produção de plástico e sua posterior dispersão no ambiente. Só em 2019, a produção global de plástico ultrapassou 368 milhões de toneladas, com uma parcela considerável sendo mal gerida e descartada. Essa tendência de produção desenfreada deve chegar a 736 milhões de toneladas até 2040, intensificando os níveis de poluição e a exposição humana aos plásticos.

Outro relatório, divulgado pela Smaller Footprint Co., constatou que, embora os plásticos sejam parte elementar da vida moderna, seu uso excessivo e manejo inadequado geraram sérios desafios ambientais.

Além disso, o relatório ressalta o rápido crescimento na produção mundial de plástico, que dobrou entre 2000 e 2019 e deve aumentar 70% até 2040. O estudo destaca que a reciclagem sozinha não é suficiente para enfrentar a crise do plástico, pois apenas 6% dos plásticos devem ser reciclados até 2040.

Um dos fatores que contribuem para a baixa taxa de reciclagem é o conceito de “viés da reciclagem” ou “negligência na redução”. Isso significa que as pessoas costumam dar prioridade à reciclagem em vez de evitar o consumo de plástico logo de início. Por quê? Os consumidores se sentem autorizados a usar mais plástico, acreditando erroneamente que encaminhar o lixo para centros de reciclagem reduzirá o impacto ambiental.

O viés da reciclagem compromete os esforços para reduzir o consumo total de plástico, pois a dependência dessa prática desvia a atenção de estratégias mais eficientes. Como consequência, sem resolver a causa principal, o fluxo de plástico para o ambiente continuará a aumentar. Para combater isso, o relatório sugere mudar o foco para o consumo consciente. Ao reduzir o uso de plástico de forma consciente logo no começo, você terá um impacto maior na diminuição da poluição plástica.

Outras sugestões incluem instituir um dia sem plástico por semana, optar por produtos reutilizáveis e apoiar marcas que priorizam reduzir o uso de plástico. Essas ações promovem hábitos sustentáveis que são factíveis e acessíveis, estimulando mudanças comportamentais a longo prazo.

O relatório destaca que pequenas mudanças constantes resultarão em reduções expressivas no consumo de plástico com o passar do tempo. Por exemplo, apoiar marcas sustentáveis será crucial para incitar mudanças mais amplas. Ao optar por empresas comprometidas em reduzir o uso de plástico, os consumidores acabarão influenciando o mercado a ponto de outras adotarem práticas ambientais corretas.

Como reduzir sua dependência de plásticos

Os microplásticos representam uma ameaça significativa à saúde hormonal e ao bem-estar geral. Na verdade, acredito que é um dos maiores contribuintes para a queda das taxas de fertilidade. Enfrentar essa questão demanda uma abordagem diversificada que leve à diminuição do uso de plástico no dia a dia. Aqui estão algumas estratégias eficazes que recomendo:

1. Opte por sacolas de compras reutilizáveis: mude para sacolas reutilizáveis feitas de materiais como lona ou outros tecidos sustentáveis ao fazer compras. Essa simples mudança reduzirá bastante a quantidade de sacolas plásticas descartáveis que você leva para casa, diminuindo o acúmulo de plástico no ambiente e sua exposição pessoal.

2. Busque alternativas aos recipientes de plástico: utilize recipientes de vidro, aço inoxidável ou livres de BPA para armazenar alimentos e bebidas. Evite filmes plásticos e prefira panos de cera de abelha ou tampas de silicone. Isso reduz a liberação de produtos químicos nocivos, como BPA e ftalatos, além de minimizar a ingestão de microplásticos provenientes de embalagens de alimentos.

3. Evite plásticos descartáveis: diminua o uso de itens plásticos de uso único, como canudos, talheres e garrafas de água. Leve seus próprios utensílios reutilizáveis e invista em uma garrafa de água durável e reutilizável. Essas medidas ajudarão a reduzir a produção e o descarte de lixo plástico, combatendo a causa principal da poluição por microplásticos.

4. Limite o uso de plástico em sua casa: reduza o uso de produtos plásticos em casa, substituindo-os por alternativas naturais ou ecológicas. Por exemplo, utilize escovas de dente de bambu ou metal em vez de plástico, escolha pratos de madeira ou vidro e opte por produtos de limpeza naturais com embalagens sem plástico.

Essa abordagem abrangente diminui a presença de plásticos no ambiente onde você vive, reduzindo o risco de exposição crônica a desreguladores endócrinos.

Outras estratégias para reduzir a exposição ao plástico

A exposição a embalagens plásticas é uma das maneiras mais comuns de microplásticos penetrarem no corpo, mas também existem outras vias. De acordo com pesquisas publicadas, os microplásticos entram no corpo pela pele e pelo nariz. Isso significa que você também precisa ficar atento a outros plásticos presentes em sua casa.

Para os pais, recomendo trocar brinquedos de plástico por aqueles feitos com materiais sustentáveis e limpos. Além disso, substitua todos os produtos de limpeza e cosméticos que contenham ftalatos por opções naturais.

Até os itens que compõem a identidade do seu lar são produzidos com plástico. Isso inclui persianas de vinil, pisos e papéis de parede. O acúmulo de poeira sobre esses objetos os torna contaminados, facilitando a inalação pelos moradores.

Em casos de dominância estrogênica, a suplementação com progesterona pode ajudar. A progesterona é um antagonista natural do estrogênio, e neutraliza os efeitos negativos do excesso. É um dos quatro hormônios dos quais acredito que muitos adultos podem se beneficiar. Os outros três são o hormônio tireoidiano T34, a DHEA e a pregnenolona. Na próxima seção, explicarei em detalhes como administrar a progesterona de forma correta.

Como usar a progesterona

Antes de considerar o uso de progesterona, é preciso entender que ela não é uma solução milagrosa e que o maior benefício vem ao adotar uma dieta bioenergética que possibilite que você queime a glicose como principal combustível sem acumular elétrons nas mitocôndrias, os quais prejudicam a produção de energia. Meu novo livro, “Os segredos da saúde celular: Um guia para alcançar a longevidade e a felicidade”, aborda esse processo de forma bem detalhada.

Depois de ajustar a sua dieta, uma estratégia eficaz que pode ajudar a neutralizar o excesso de estrogênio é tomar progesterona via transmucosa (aplicada nas gengivas, não via oral ou transdérmica), que é um antagonista natural do estrogênio. A progesterona é um dos quatro hormônios dos quais acredito que muitos adultos podem se beneficiar. (Os outros três são o hormônio tireoidiano T3, DHEA e pregnenolona.)

Não recomendo a progesterona transdérmica, pois a sua pele expressa altos níveis da enzima 5-alfa redutase, o que faz com que uma parte significativa da progesterona que você está tomando seja convertida de maneira irreversível, sobretudo em alopregnanolona, e não possa ser convertida de volta em progesterona.

Maneira ideal de administrar a progesterona

Observe que quando a progesterona é usada de forma transmucosa nas gengivas, como eu recomendo, a FDA acredita que de alguma forma, ela se converte em um medicamento e proíbe qualquer empresa de fazer essa recomendação em seu rótulo. É por isso que empresas como a Health Natura promovem seus produtos de progesterona como “tópicos”.

No entanto, saiba que é perfeitamente legal para qualquer médico recomendar um medicamento off-label ao seu paciente. Neste caso, a progesterona é um hormônio natural, não um medicamento, e é bastante segura mesmo em doses elevadas. Isso é diferente da progesterona sintética chamada progestina, que é usada pelas empresas farmacêuticas, e com frequência referida de maneira incorreta.

O Dr. Ray Peat fez um trabalho seminal em progesterona e é provável que tenha sido o maior especialista do mundo em progesterona. Ele escreveu seu Ph.D. sobre estrogênio em 1982 e passou a maior parte de sua carreira profissional documentando a necessidade de neutralizar os perigos do excesso de estrogênio com dietas com baixo teor de LA e suplementação transmucosa de progesterona.

Ele determinou que a maioria dos solventes não dissolve bem a progesterona e descobriu que a vitamina E é o melhor solvente para fornecer progesterona de forma ideal ao seu tecido. A vitamina E também protege você contra danos causados pelo LA. Você só precisa ter muito cuidado com a vitamina E que usa, pois a maioria dos suplementos de vitamina E no mercado é inútil e só lhe causará danos, não benefícios.