Rachel Reis chegou ao seu segundo álbum. “Divina Casca” foi disponibilizado ontem (15) nos tocadores de música e, para ela, o momento é especial. O assombro que muitos artistas enfrentam na provação do segundo disco não se abateu sobre a baiana, que garante que, apesar do desafio que é “levantar um disco”, “esse álbum foi muito mais tranquilo de fazer.”
Em entrevista exclusiva ao POPline, Rachel confirmou que a nova fase artística é “mais madura” e ainda detalhou “Divina Casca”, as novas canções, parcerias, e sua conexão mais do que sensorial com a música da Bahia.
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Foto: Érico Toscano
A carreira de Rachel Reis já começou celebrada e com os olhos do mercado voltado para a sua música. Com seu primeiro disco, “Meu Esquema” (2022), a baiana de Feira de Santana já conquistou uma indicação no Grammy Latino, além de prêmios nacionais diversos que catapultaram seu nome para o panorama brasileiro e internacional.
Agora, Rachel se sente pronta para viver o que conquistou nos últimos anos, sem medo da pressão e de uma possível cobrança: “Levantar um álbum é muito difícil. Esse álbum foi mais tranquilo de fazer, nesse sentido de ter como fazer. Mas eu não me botei pressão, não comi nenhuma pressão também, nem de mercado, nem de equipe, não existe isso na minha relação com as pessoas que trabalham comigo,” disse ela.
A liberdade pra criar sem pressão é nítida no trabalho novo de Rachel. Uma pluralidade grande de sonoridades, produzidas por diferentes nomes como RDD, Iuri Rio Branco, Sekobass, Barro e Guilherme Assis, dão corpo ao “Divina Casca” ao longo de suas 15 faixas.
“Tinha algumas coisas que eu queria falar. Eu consegui viver também pra poder trazer mais coisas, ter percepções… Então eu consegui ter tempo e maturar, pra ir fazendo esse álbum de um jeito tranquilo, pra ele virar o que ele virou, sem muita pressão e preocupação de como vai bater, de questão de números. Óbvio que a gente quer que seja bem recebido, mas com a tranquilidade de que o essencial pra mim é fazer a minha mensagem do jeito como eu gostaria,” comentou.
Maturidade e Bahia como centro gravitacional
Para Rachel Reis, seu segundo álbum, que traz canções como o já conhecido single “Ensolarada”, a excelente “O Maior Evento da Sua Vida”, e a poética “Casca”, é sobre as transformações pelas quais ela mesmo passou nos últimos anos, desde o “Meu Esquema”. A mensagem é simples, mas forte: abraçar as próprias vivências.
“Quando passam-se ali quatro anos com todo final de semana na estrada, entendendo como é que é estar no palco, os bastidores, o mercado, e as minhas vivências pessoais. […] Maturar as coisas, entender um pouco, me abraçar de um modo geral. Essa casca que eu falo, tanto no sentido literal e no sentido poético da coisa, que é da nossa vivência, que é das nossas questões. A gente poder abraçar isso também, se perdoar e se entender, porque a gente é complexo. Então, a mensagem desse álbum é muito nesse sentido, dessa homenagem geral àquilo que a gente é,” disse Rachel.
Foto: Érico Toscano
A Bahia continua sendo o centro gravitacional das vivências de Rachel Reis e principalmente de sua música – que vai do pagodão, ao arrocha, samba e bolero no novo disco. “Divina Casca” conta com o toque de outros grandes artistas baianos, como o Psirico de Márcio Victor em “Apavoro”, a jovem cantora pop soteropolitana Nêssa, que aparece com Don L e Rincon Sapiência em “Tabuleiro”, e o grandioso BaianaSystem, que lá atrás foi citado por Rachel na música “20h”, em “Alvoroço”.
“Tem muito de Bahia no meu álbum. […] Eu gosto dessa sonoridade que também não se fecha, que se abre para outras coisas, mas continua passeando muito ali (na Bahia). Faz parte de mim,” confessou a cantora.
Ela continuou:
“As parcerias também dão muito esse perfume. Márcio Victor tinha que ter. Sou fã dele, acho ele um gênio, um dos maiores percussionistas do mundo. […] Desde que eu citei BaianaSystem lá em 2020, sentia que as pessoas ficavam com essa expectativa. Eu sou fã da banda, me referencio muito neles. […] Nêssa pra mim é uma grande popstar. Uma mulher negra fazendo um pop muito bom, legítimo, com muita originalidade.”
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O canto da “sereiona”: um disco com a cara da artista
Outro baiano presente no novo álbum de Rachel Reis é Pepeu Gomes; bom, pelo menos na ficha técnica. Isso porque Rachel regravou “Sexy Yemanjá”, clássico do cantor lançado em 1988, que serviu como trilha sonora da novela da Globo “Mulheres de Areia” de 1993.
“Sempre fui noveleira! Lembro que reprisava muito ‘Mulheres de Areia’, e essa música marcou. Quando começava aquele toque, eu falava: ‘meu Deus, que música!’ Levo ela para os shows, as pessoas gostam quando eu canto. Fiquei com isso na cabeça, além de ter essa ligação com a minha identidade, com o rolê da ‘sereiona’, risos! É uma música gostosa, nostálgica, que me traz um sentimento bom. Fiquei muito feliz que conseguimos a liberação pra botar no álbum,”contou.
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O cover de Pepeu serviu também para selar o novo momento de Rachel Reis, que se consagra com a chegada de seu segundo disco. Para ela, “Divina Casca” expressa exatamente o que ela queria e o resultado não poderia ser mais positivo:
“Esse álbum tem uns nove produtores. Chamei gente que eu sou fã, que admiro, e que eu queria que estivesse nesse álbum pra eu sentir minha caneta, minha voz, meu direcionamento ali na roupagem dessas figuras. […] Está muito minha cara. Então foi o resultado que eu queria. Fico bem feliz quando eu escuto tudo.”
“Divina Casca” nas está apenas à altura das expectativas em torno de Rachel Reis, mas é um trabalho cheio de camadas, texturas e poesia. É disco pra ouvir de fone, de olhos fechados, na pista ou no sofá. Um convite generoso e bonito pra sentir e se permitir transformar, junto com ela.
Fonte: portalpopline