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Projeto Sapicuá: Iniciativa leva livros e educação cultural a crianças de escolas públicas

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Em viagens de longa duração, pantaneiros e ribeirinhos dispunham de um companheiro indispensável na estrada: o sapicuá. Feito de pano ou couro, carregado no ombro ou amarrado à cintura, este apetrecho guarda os víveres; aquilo que é necessário para o caminho, a exemplo do guaraná ralado e alguns utensílios. Mais que um objeto, o sapicuá é um guardador de preciosidades simples e vitais, tecido com a urgência da vida em movimento.

É inspirado nesta metáfora que nasce o Projeto Sapicuá de Literatura Mato-grossense, parceria entre a Casa de Cultura Silva Freire e Entrelinhas Editora. Inserido neste contexto, o sapicuá literário carrega outro bem essencial: o livro das infâncias mato-grossenses.

Com o objetivo de ampliar o acesso à leitura e promover a formação dos educadores, o projeto levará às escolas públicas uma coletânea com obras de literatura infantojuvenil mato-grossense, que abordem temas e vozes que semeiam o pertencimento cultural, o cuidado com o meio ambiente e a cultura local.

Serão beneficiados crianças e educadores de 12 escolas da Educação Básica da rede municipal de Cuiabá. No primeiro ano do projeto, a estimativa é que ao menos 23 mil crianças sejam alcançadas estabelecendo relação direta com o livro.

Cada sapicuá literário será composto por seis obras, sendo: Embaúba (Ivens Scaff); Bichos que escrevem (Lucinda Persona); Bugrinho, que menino é esse? (Daniela Andrade); Tempo Passarinho (Daniela Monteiro); Varinhas Mágicas (Lais Amicucci) e Pantanimais (Alexandre Azevedo).

Mais do que distribuir livros, o Sapicuá investe na formação continuada de professores, já que o projeto prevê também a publicação de um encarte digital ampliando a experiência formativa.

Para isso, o projeto contempla ainda a realização de um encontro pedagógico com a participação de especialistas, autores, ilustradores, editores e docentes para troca de conhecimentos: o Festival Sapicuá de Literatura Infantil Mato-grossense. O evento e a entrega dos livros acontecerão em setembro deste ano.

SAPICUÁ: O LIVRO PARA CRIANÇAS NO CENTRO DO PROCESSO PEDAGÓGICO

A intenção do Sapicuá é ampliar o repertório cultural de crianças e seus docentes incentivando práticas pedagógicas conectadas à Educação Patrimonial na perspectiva participativa. Tendo esse fio condutor, a proposta é oportunizar uma jornada de descoberta autoral para cada criança através do ato criativo ao invés do conteudismo.

No contato com a metodologia, a criança é anunciada como sujeito partícipe do processo educacional. Ou seja, ela também produz suas próprias narrativas e contribui para que os adultos (re)pensem a realidade considerando diferentes perspectivas.

Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Infância da Universidade Federal de Mato Grosso (GPPIN/UFMT), Daniela Freire é pesquisadora da metodologia há quase duas décadas. Ao longo desse período, ela esteve em contato com escolas e instituições de Educação Infantil em Cuiabá que experimentam a Educação Patrimonial em diálogo com seus projetos pedagógicos.

Os resultados, segundo Daniela, são aparentes. “Nas comunidades onde a metodologia foi aplicada, há forte adesão e sensibilização aos conteúdos históricos e ampliação da consciência sobre a importância do patrimônio para se pensar a vida no presente e nas projeções de futuro”, afirma. Alguns exemplos foram socializados no livro Cribiás 300+: por uma Educação Patrimonial toda nossa, publicado pela Entrelinhas.

LEITURA E TERRITÓRIO

Todos os livros que compõem a coletânea Sapicuá estabelecem um diálogo com o trabalho já desenvolvido pelo Programa Educativo da Casa Silva Freire, que tem como argumento principal o desenvolvimento da noção de Cuiabania e sua difusão por meio da literatura, em especial do livro para crianças.

O conceito de cuiabania foi cunhado pelo poeta Benedito Sant’Ana da Silva Freire e é entendido como processo cultural popular e histórico, que manifesta os modos de ser e viver na região que abrange o Vale do Rio Cuiabá, no fluxo do tempo entre passado e presente.

“O Projeto Sapicuá propõe que a noção de cuiabania seja trabalhada por meio de uma educação patrimonial participativa frente às ameaças da crise climática e do apagamento da memória social desta região”, afirma Larissa Silva Freire, coordenadora geral da Casa Silva Freire.

O Projeto Sapicuá também tem base na colaboração entre a Casa de Cultura Silva Freire e a Entrelinhas Editora. A parceria que une leitura e território soma mais de 30 anos: “Sonho antigo e compartilhado”, afirma Maria Teresa Carrión Carracedo, editora dos selos Entrelinhas.

“Editora e Casa Silva Freire se unem para ações de incentivo à leitura, sensibilização a partir da realidade, do entorno, ampliando a divulgação da literatura, arte e cultura de Mato Grosso, com seus autores e artistas, além de contribuir para a formação de professores. É com muita vontade de realizar que damos início a essas ações”, completa.

O Projeto Sapicuá de Literatura Mato-grossense é apoiado pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT), através da Secretaria de Estado de Esporte, Cultura e Lazer de Mato Grosso (SECEL-MT).

Da assessoria

Fonte: leiagora

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