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Projeto de arquitetura de casas indígenas de MT se destaca na Bienal Internacional de SP

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A arquitetura sustentável e a valorização dos povos originários ganharam destaque nacional com o Módulo Tecnoíndia, projeto que representou Mato Grosso na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Inspirado nas casas indígenas brasileiras, o protótipo une inovação tecnológica, sustentabilidade e ancestralidade em uma estrutura modular de madeira. O projeto contou com o apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem).

Desenvolvido pelo arquiteto e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), José Afonso Portocarrero, o Módulo Tecnoíndia foi exposto no Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, como parte da mostra “EXTREMOS: Arquiteturas para um Mundo Quente”. A estrutura, com quatro metros de altura e seis metros de largura, combina saberes indígenas e técnicas construtivas contemporâneas, oferecendo soluções adaptadas ao clima tropical e aos desafios urbanos da atualidade.
Portocarrero, que atualmente é secretário de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, explica que o projeto nasceu de mais de quatro décadas de pesquisa sobre a arquitetura indígena, com foco na sabedoria ancestral e nas tecnologias construtivas dos povos originários.
“O projeto nasce do reconhecimento do valor das casas indígenas, com pesquisas que desenvolvi ao longo de 41 anos como professor da UFMT. As habitações tradicionais têm uma tecnologia própria — parede e cobertura são uma só estrutura — e carregam uma cosmologia. A casa é ao mesmo tempo farmácia, quarto e cozinha. É um conhecimento que reúne antropologia, história e arquitetura”, afirma.
Segundo o arquiteto, o Módulo Tecnoíndia foi idealizado dentro do conceito do Sebrae Sustentável e alcançou resultados expressivos de conforto térmico. “O projeto reduziu a temperatura interna em até nove graus, superando nossas expectativas. Isso mostra que podemos usar a tecnologia a favor do meio ambiente, e não contra ele. Não sou contrário ao ar-condicionado, mas é preciso projetar com inteligência — considerando o terreno, a ventilação e os materiais.”
O sistema modular da estrutura permite montagem e desmontagem simples, podendo ser replicado em escolas, habitações populares, pousadas, aldeias ou mesmo em situações emergenciais, com custo reduzido e alto desempenho térmico. “Não é uma barraca: é uma casa completa, que pode ser adaptada e comercializada futuramente. Estamos agora em uma nova fase da pesquisa, definindo o tipo de cobertura ideal, que pode ser uma telha termoacústica ou outra solução acessível”, acrescenta.
A pesquisa contou com a colaboração do engenheiro Alberto Dalmaso e de estudantes da UFMT, e resultou em um pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O projeto já recebeu reconhecimento em encontros nacionais, como o Encontro de Arquitetura em Curitiba, e agora ganha visibilidade internacional na Bienal de São Paulo.
Portocarrero também destaca a importância do apoio do Cipem na difusão da madeira como ferramenta para descarbonização da construção civil.
“Nós desaprendemos a projetar com a madeira, que é o material mais sustentável que existe. Ela é reposta pela natureza, diferentemente do aço, do alumínio ou do concreto. Seja por meio do manejo sustentável ou do plantio, a madeira é fundamental para uma arquitetura mais equilibrada. O Cipem tem sido um parceiro essencial nesse processo de resgatar o uso qualificado e responsável desse material.”
Para o presidente do Cipem, Ednei Blasius, o projeto simboliza o papel estratégico da madeira na transição para uma economia de baixo carbono.
“A madeira oferece ganhos ambientais e econômicos na construção civil. O duplo benefício advém da economicidade dessa matéria-prima associada à redução do impacto ambiental, com absorção de carbono (CO₂) que fica capturado na própria edificação. Apoiar iniciativas como o Módulo Tecnoíndia é reafirmar o compromisso do setor com a inovação e a sustentabilidade.”
A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo reuniu mais de 200 projetos de 30 países e 17 estados brasileiros, apresentando soluções criativas para os desafios climáticos e sociais das cidades. A presença mato-grossense na mostra reforça a capacidade do Estado de unir tradição, ciência e responsabilidade ambiental na construção de um futuro mais equilibrado — e reafirma o potencial da madeira como protagonista de uma nova arquitetura brasileira.

 

Fonte: Olhar Direto

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