A história da televisão mato-grossense não é feita apenas por quem aparece na tela, mas também por quem fica atrás das câmeras. Dos tempos do VHS ao 4K, eles acompanharam e protagonizaram a evolução da TV. Cinegrafistas, editores, operadores de áudio e equipes comerciais carregam consigo memórias de uma época em que a tecnologia era limitada, os equipamentos pesados e os processos, quase artesanais.
Em comemoração aos 60 anos da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), o Primeira Página ouviu alguns colaboradores que possuem mais de 30 anos de história dentro do grupo e contam suas experiências.
Do VHS ao 4K: a evolução do cinegrafista
Frank Eduardo, cinegrafista desde 1992, lembra com humor e nostalgia dos tempos em que os equipamentos eram analógicos e os desafios, diários. “Quando entrei, era tudo em VHS. O gravador era enorme, a gente carregava tudo nas costas: o VT, a iluminação, as fitas”, conta.
Ele relembra as dificuldades de gravar reportagens em movimento, como em coberturas de motocross. “Era um perrengue. Você corria atrás do repórter, quase era atropelado pelos motoqueiros, e ainda tinha o risco do cabo de vídeo quebrar no meio da gravação”.
Com o tempo, a tecnologia evoluiu, passando do Beta para o digital e, hoje, para o 4K. “Antes, éramos três numa equipe: cinegrafista, auxiliar e repórter. Hoje, se precisar, você faz a matéria sozinho”, diz. Além das mudanças técnicas, Frank destaca as experiências vividas. “Conheci lugares que nunca imaginei: Mato Grosso, São Paulo, Rio Grande do Sul… Tudo graças à TV”.
Do analógico ao digital: o salto na edição
Nicanor Rodrigues, editor de imagem, acompanhou a transição do analógico para o digital sem grandes traumas, mas com um pé atrás. “Todo novo equipamento dá um certo medo. Já dominávamos o analógico, mas o digital trouxe agilidade e possibilidades inéditas”, afirma.
Ele destaca as melhorias na finalização e nos efeitos visuais. “Antes, um ajuste demorava horas. Hoje, é um toque na tela”.
Apesar das vantagens, ele valoriza o aprendizado do período analógico. “Me sinto privilegiado por ter vivido essa transformação, mas não sinto falta do antigo”, brinca.
OPEC: da datilografia ao digital
Patrícia Campos, da área de Operações Comerciais (OPEC), começou em 1994, quando os roteiros eram datilografados e os comerciais chegavam em fitas XDCAM. “Era tudo manual. Hoje, as compras de espaço são integradas ao sistema, os materiais são enviados digitalmente, e os relatórios saem via Power BI”, explica.
O som que mudou: do vinil ao digital
Jolinei Ribeiro, operador de áudio, viveu a transição dos rolos de fita para a era digital. “Antes, tudo era gravado em rolo: músicas, vinhetas, comerciais. Depois, montávamos na cartucheira e mandávamos para a coordenação”, recorda. Ele menciona a criatividade exigida no passado. “Antigamente, você tinha que criar uma trilha do zero. Hoje, já está tudo pronto na internet”.
Apesar da praticidade, ele guarda saudades do processo manual. “Era mais trabalhoso, mas tinha mais valor. Hoje, tudo vem ‘mastigado’”.
Um legado de histórias
Seja no tempo das fitas VHS, dos rolos de áudio ou dos roteiros datilografados, esses profissionais ajudaram a moldar a identidade da TV.
Suas histórias são um testemunho de adaptação, superação e, acima de tudo, paixão pela comunicação. Como diz Frank: “Se for contar tudo, dá um livro. Muito perrengue, mas também muita realização”.
Fonte: primeirapagina