Irene Duarte possui mais de 40 anos de experiência e testou o método em uma turma de 30 alunos, incluindo um indígena que não falava português e outro com deficiência intelectual. A professora introduziu o método em 2021. Em quatro meses, todos aprenderam a ler.
O sucesso chamou a atenção da Secretaria Municipal de Educação, que nomeou Duarte como diretora do programa Alfabetiza Alta Floresta em 2022. Na época, apenas 35% das crianças estavam alfabetizadas ao final do 2º ano. Após a adoção do método, os índices subiram para 73% no 1º ano e 83% no 2º ano, chegando a quase 90% atualmente.
O impacto positivo rendeu à cidade o Selo Ouro de Compromisso Nacional com a Alfabetização, concedido pelo Ministério da Educação (MEC) em setembro de 2024. O selo reconhece municípios que se destacam no programa Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que visa garantir a alfabetização de todas as crianças até os 8 anos.
O sucesso de Alta Floresta inspirou outros estados, como Santa Catarina, que iniciou um projeto piloto em 73 escolas públicas com investimento de R$ 875 mil.
Além de crianças, o método tem sido aplicado para alfabetizar jovens, adultos, idosos e imigrantes. Em Joaçaba (SC), por exemplo, 35 crianças estrangeiras de países como Haiti, Venezuela, Paraguai e Japão aprenderam português com o IntraAct.
O material utiliza fichas com quadros que apresentam letras, sílabas e palavras de forma gradual, além de um “padrão” para ajudar na concentração durante a leitura. O processo de alfabetização dura, em média, quatro meses.
Irene Duarte ressalta que o método também ajuda a identificar problemas sociais que afetam o aprendizado, como violência doméstica, fome e traumas emocionais. Para ela, é essencial criar uma rede de apoio com profissionais como assistentes sociais, médicos e terapeutas.
“Nenhum método faz milagre se não houver uma política pública de alfabetização que monitore e construa estratégias eficazes”, afirma Duarte, em entrevista à Folha de S. Paulo.
Fonte: Olhar Direto