Agricultores gaúchos iniciaram, nesta terça-feira (13), uma mobilização para chamar a atenção do governo sobre o grave endividamento no setor agropecuário. O movimento, que não tem data para terminar, reivindica que o governo federal atenda ao pedido de securitização das dívidas ou apresente outra alternativa de prorrogação e renegociação.
A mobilização ocorre em diversas regiões do estado, com concentração de produtores e máquinas agrícolas em pontos estratégicos, próximos a rodovias importantes. O ato, de caráter pacífico, busca dar visibilidade à situação crítica enfrentada por muitos produtores, que acumularam dívidas após sucessivos períodos de estiagem e, mais recentemente, uma grande enchente.
“O pior problema está nas cooperativas de crédito. Elas penalizam os produtores de forma muito severa e não estão respeitando o manual do crédito rural. Não temos produto para vender e, consequentemente, não temos como honrar os pagamentos. O que nos resta é lutar pela securitização”, disse a produtora Luciene Agazzi.
“Estamos sofrendo com uma grande estiagem há cinco anos e enfrentamos dificuldades para plantar a próxima safra de soja. Se não houver uma ampla securitização, com prazos de 15, 20 anos ou mais, a situação vai se tornar insustentável para nós, pequenos agricultores”, afirmou o produtor Leonardo Seibt.
De acordo com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), o endividamento do setor já se aproxima de R$ 73 bilhões, sendo que grande parte das dívidas vence ainda este ano. Muitos produtores não conseguiram renegociar os débitos com as instituições financeiras ou o fizeram com juros mais elevados, agravando ainda mais a situação.
A mobilização com máquinas agrícolas teve início ainda na semana anterior, durante a Expojoia, realizada no noroeste gaúcho. No evento, houve uma audiência pública do Senado, com a presença do senador Luís Carlos Heinze (PP-RS), autor do projeto de securitização das dívidas rurais, que prevê a prorrogação dos passivos por até 20 anos.
“É preciso mobilização, é preciso pressão, para que na próxima etapa possamos garantir a securitização e alongar essas dívidas. É disso que os produtores precisam: prazo longo para se reorganizar e conseguir pagar as contas”, afirmou Heinze.
O movimento segue sem prazo definido para encerrar-se. Os organizadores afirmam que as manifestações só cessarão quando houver uma medida concreta de apoio por parte do governo federal.
Fonte: canalrural