O presidente do MĂ©xico, AndrĂ©s Manuel LĂłpez Obrador, disse nesta quarta-feira, 31, que apoiaria um acordo com os cartĂ©is mais poderosos e violentos do paĂs para tentar conter uma onda de violĂȘncia.
AMLO, como Ă© mais conhecido, se manifestou depois que uma ativista, Delia Quiroa, publicou uma carta aberta dirigida a 10 grupos do crime organizado. No texto, ela, que busca seu irmĂŁo hĂĄ mais de 10 anos, pede que os cartĂ©is parem com a prĂĄtica de âdesaparecimento forçadoâ â quando a vĂtima nĂŁo Ă© apenas morta, mas completamente apagado: seus corpos sĂŁo dissolvidos no ĂĄcido ou queimados atĂ© virarem cinzas.
+ Cartel mexicano entrega culpados por sequestro de americanos e pede perdĂŁo
Fazendo um apelo Ă comunhĂŁo entre bandidos e vĂtimas, marcada por tradiçÔes como o Dia das MĂŁes e o Dia dos Mortos, Quiroa convocou os cartĂ©is a assinarem âum pacto social para prevenir e erradicar o desaparecimento de pessoas no MĂ©xico e promover a pazâ.
âConcordo e espero que alcancemos a paz. Ă o que todos queremosâ, disse AMLO durante entrevista coletiva diĂĄria, quando questionado sobre o pacto proposto. âA violĂȘncia Ă© irracional e vamos continuar buscando a paz, para alcançar a paz e Ă© isso que estamos fazendo. E se houver uma iniciativa deste tipo, claro que a apoiamos.â
+ Operação da Interpol apreende US$ 5 bilhÔes em drogas na América Latina
âAprovo tudo o que significa deixar de lado ou nĂŁo usar a violĂȘnciaâ, acrescentou ele. Os membros do cartel âdevem assumir responsabilidades e se comportar como bons cidadĂŁosâ.
Mais de 100 mil pessoas desapareceram no MĂ©xico desde 1964, a maioria nos Ășltimos 15 anos, desde que o governo da Ă©poca declarou guerra contra os cartĂ©is. Tornou-se comum a prĂĄtica de enviar militares para as ruas, na tentativa de derrubar os principais lĂderes do crime organizado.
+ ApĂłs mortes em Acapulco e CancĂșn, MĂ©xico militariza praias por segurança
LĂłpez Obrador, eleito por maioria esmagadora em 2018, garantiu que teria uma abordagem diferente e sem confronto. âAbraços, nĂŁo balasâ, disse na Ă©poca.
Ele também prometeu tirar os militares das ruas, mas na verdade expandiu o financiamento e os poderes do exército, ao mesmo tempo em que criou uma força de Guarda Nacional, também militarizada, com mais de 100 mil soldados.
Seus esforços, contudo, pouco fizeram contra a onda de violĂȘncia. Mais de 30 mil pessoas foram mortas ao longo do governo de AMLO e mais de 40 mil foram dadas como desaparecidas desde que ele assumiu o cargo, segundo dados do governo.
Fonte: Veja