É Natal, outra vez. Talvez a data mais celebrada e a mais esperada por grande parte das pessoas de todo o mundo. É época de reencontro, de reconciliação, de visita aos parentes distantes, de troca de presentes. Presentes sim, vamos falar um pouco sobre eles, mas antes, vamos abordar um pouco mais o Natal, com todas as suas tradições, com suas particularidades nas diferentes partes do planeta, uma série delas.
Comecemos pelas luzes, centenas delas cortando as ruas e vestindo as cidades de esperança; os sons são outras tradições, que habitam canções natalinas que trazem a infância para os adultos e a magia da alegria eterna para as crianças; a ceia, esta é única, sem igual, por mais que comamos a mesma coisa em outras épocas do ano, o sabor é diferente, falta o tempero natalino, que se encontra no clima, que emana de nossas expectativas; encontros familiares, que não são aqueles do dia a dia, mas uma revivência dos nossos encontros infantis, é quando nos tornamos aquelas crianças por um dia, apenas um, que gostaríamos de que fosse eterno.
Mas, e os presentes? Estes não parecem mais representar as oferendas dos Reis Magos ao Menino Jesus, hoje é um misto de afeição, tradição social e até mesmo poder. O ideal cristão sucumbiu aos pés do consumismo comercial. Os cartões de Natal praticamente sumiram, não se vê mais aqueles textos manuscritos, elaborados com carinho de alguém para outro alguém, os presentes são caros, mas como a tradição secular nos obriga a oferecer algum, recorremos com frequência à poupança, ao décimo terceiro salário e outras fontes de renda. O ser humano, porém, é sábio e descobriu maneiras para diminuir os gastos com brincadeiras como a do amigo secreto e a do amigo da onça, embora nesses casos troquemos a conexão pelas regras transacionais do jogo.
É certo que quando gostamos de algum presente e pensamos em alguém, dizemos que esse agrado é a sua cara, talvez seja a nossa, mas quando ofertamos algo assim, com certeza é afeto puro. Por outro lado, quando oferecemos algo de que a pessoa precisa, fazemos isso por simples empatia, o que não diminui o nosso bem querer pelo outro. De qualquer forma, no Natal como um todo, alastra-se o espírito natalino, incluindo o presente de Natal, que certamente é um genuíno mediador de emoções, que por meio da carga emocional, trazida pelas memórias afetivas, fortalece vínculos familiares, até mesmo em famílias inteira, ou parte delas, não cristãs.
O presente não tem que ser visto apenas pelo que é, mas pelo que representa, o invólucro colorido e o tamanho da embalagem não devem ser mais importantes do que a intenção; o preço não deve ser o elemento de maior importância na representação de carinho ou amor. Há de se ter em mente que a intenção por trás do gesto é mais importante do que o gesto.
A tradição natalina de dar e receber presentes, em si não é vazia, colabora com a construção de um momento propício para expressarmos o que, muitas vezes, não se diz ao longo do ano. Não podemos esquecer que o presente inicial foi uma oferenda ao Menino Jesus. São nossas crianças, nossos meninos os verdadeiros merecedores de nossos agrados. Presenteá-los é observar a pureza e o afeto, externados em cada olhar, em cada sorriso, em cada mão que recebe o presente, sem a obrigação de nos dar nada em troca e que nem por isso nos deixam de amar.
Quanto aos adultos, vale lembrar que as histórias que contamos e aquelas que ouvimos são verdadeiras dádivas, que compartilhamos na vida, muito mais prazerosas do que qualquer ganho material. Deveríamos, certamente, valorizar mais o tempo que passamos juntos com familiares e amigos nos bons e maus momentos. Afinal de contas, o mundo certamente seria bem melhor se as trocas de presentes pudessem ser substituídas por trocas de afeto.
Fonte: primeirapagina






