A 4ª edição do Prêmio Jejé de Oyá, uma das mais importantes iniciativas de valorização da cultura, da memória e do protagonismo negro em Mato Grosso, foi realizada na noite desta segunda-feira (29), no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, e premiou pessoas negras de 10 diferentes áreas de atuação (confira a lista completa mais abaixo).
Ao todo, 20 profissionais foram celebrados, entre eles, a jornalista da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), Lorraine Costa.
“É um motivo de muito orgulho receber um prêmio que leva o nome de Jejé de Oyá, que enfrentou muito preconceito e continua dando essa força para todos nós. Isso mostra que em meio a tanto racismo, que continua nos confrontando, seguimos firmes”, declarou.
O evento foi apresentado pelo jornalista Derik Bueno, também da RMC. Ele afirmou que “estar em um palco de representatividade, de várias figuras importantes, é algo sensacional”.
Nesta edição, foram dois premiados por categoria, escolhidos por um júri técnico, que seguiu critérios, como, primeiramente, ser negro e ter destaque na área em que atua. Além dos premiados, a cerimônia também homenageou personalidades e manifestações culturais.
O tema da premiação foi “Território”, reforçando espaços físico e simbólico ocupados por pessoas negras, no passado e no presente. Segundo o fundador da Bemtivi Academia de Arte, organizadora do Prêmio Jejé de Oyá, Jeferson Bertoloti, o prêmio tem como objetivo combater ao racismo, por meio de discussões sobre igualdade racial, pertencimento, direito de espaço e homens e mulheres que venceram dentro da área de atuação.
Confira os premiados da 4ª edição:
Categoria Alimentação e Gastronomia
Deni Correa: chefe quilombola (Chapada dos Guimarães)
Edinaldo Pereira Neves: Múltiplos Sabores (Cuiabá)
Categoria destaque Afro Científico
Carolina Joana da Silva: professora Unemat/Seciteci (Cáceres)
Jozanes Assunção: professora UFMT (Cuiabá)
Categoria Mídias Sociais
Micos Brown: youtuber (Cuiabá)
Márcio Barreto: vendedor (Cuiabá)
Categoria Estética da Identidade Negra
Shirley Black: megahista (Cuiabá)
Adriano Oliveira: barbeiro (Cuiabá)
Categoria Performance Artística
Spinha: DJ (Cuiabá)
Gê Lacerda: cantora (Cuiabá)
Categoria Impacto Social
José Aparecido: biólogo (Cáceres)
Gorila Rise: projeto social (Várzea Grande)
Categoria Comunicação e Jornalismo
Lorraine Costa: jornalista TV Centro América (Cuiabá)
Kleber Lima: jornalista HiperNoticias (Cuiabá)
Categoria Performance Física
Flávia Zelinda: técnica de Ginástica Artística (Sinop)
“Pelezinho”: jogador de futebol (Cuiabá)
Categoria Artes Visuais
Paulo Pires: escultor (Rondonópolis)
Diego Almeida: fotógrafo (Cuiabá)
Categoria Escrita Artística
Edilene Rodriguez: escritora e professora de teatro (Primavera do Leste)
Kilwangy Kya Kapitango A Samba: professor Unemat (Barra do Bugres)
Homenageados:
- Ivo Gregório de Campos: presidente do Instituto Mato-grossense de Resgate da Cultura e Cidadania (Cuiabá)
- Maria Inês da Silva Barbosa: professora universitária (Salvador)
- Nubya Beatriz Gomes Reis: delegada de Polícia Civil (Várzea Grande)
- Dança do Chorado: manifestação cultural (Vila Bela da Santíssima Trindade)
- Dança do Congo: manifestação cultural (Vila Bela da Santíssima Trindade)
Quem foi Jejé de Oyá
José Jacinto Siqueira de Arruda nasceu em Rosário Oeste e se mudou para a capital mato-grossense com a mãe, ainda pequeno. Negro e homessexual, Jejé de Oyá ficou famoso, entre as décadas de 50 e 80 por quebrar estigmas e confrontar a elite cuiabana da época.
Jejé, junto dos amigos João Pedro Ponce de Arruda e Martha Ponce Arruda, escreviam para jornais, na época. Ele é considerado um dos principais colunistas sociais da história do estado.
Os três também eram foliões e participavam dos carnavais de rua na capital.
Jejé morreu devido a uma parada cardíaca, aos 81 anos, em janeiro de 2016. No ano seguinte, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) o aprovou como patrono do colunismo social do estado.
Fonte: primeirapagina