Depois de um ano e meio de aumentos consecutivos, o café moído apresentou queda nos preços ao consumidor brasileiro em julho, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O divulgou a informação nesta sexta-feira, 25.
O índice apontou deflação de 0,36% no mês, no comparativo com junho. Marcou, assim, a primeira redução desde dezembro de 2023, quando houve baixa de 0,45%.
Apesar desse recuo, o café moído ainda acumula alta de 76,5% nos últimos 12 meses, sendo o maior avanço entre os 367 itens analisados pelo IPCA-15 do IBGE. A joia registrou a segunda elevação mais expressiva, com 32,59%. No período, o índice geral subiu 5,3%.
Pesquisas anteriores, como o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, já haviam sinalizado início de queda nos preços do café em São Paulo, depois de um ano e meio de aumentos. Mesmo assim, o valor do produto permanece elevado. O café moído chega a cerca de R$ 80 por quilo, de acordo com levantamento publicado na quinta-feira 24, pelo jornal Folha de S.Paulo.
Condições de safra x tarifas de Trump

O encarecimento do café foi provocado por problemas de oferta, associados ao clima adverso, que reduziram estoques e elevaram os preços internacionais a patamares recordes. Para os próximos meses, analistas projetam alívio nas cotações. Eles atribuem essa expectativa à melhora nas condições de safra.
Há, entretanto, incertezas relacionadas ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai , incluindo o café, a partir de 1º agosto. O Brasil é um dos principais fornecedores do grão aos norte-americanos.
“O mercado cafeeiro segue em ritmo lento e incerto”, afirmou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, em nota divulgada na quarta-feira 23. “Ainda digerindo e exercitando possibilidades de como deslocar a oferta com a possível tarifação americana de 50% a produtos brasileiros.”
Impacto do café na inflação de produtos sazonais

Outro levantamento, do , destacou que o café liderou os aumentos em uma cesta típica consumida no inverno. De acordo com a instituição, o produto registrou elevação de 90% nos últimos 12 meses. Esse avanço superou a média da cesta, que ficou em quase 3%.
“Os números mostram que a cesta de produtos mais consumidos no inverno está com ritmo de aceleração moderado em 12 meses”, afirmou o economista Matheus Dias, do Ibre-FGV. “Mas com destaque negativo para o café em pó, que teve alta significativa.”
Fonte: revistaoeste