“A beleza é a verdade, a verdade a beleza — é tudo que sabeis na terra, e tudo que deveis saber.”
(John Keats)
Deus criou três irmãs: a Verdade, a Beleza e a Justiça. Os antigos Doutores da Igreja diziam que elas nunca se separavam. E, de fato, durante algum tempo, por breve que fosse, elas andaram juntas, lado a lado. Onde ia a Verdade, ia a Beleza; onde ia a Beleza, ia também a Justiça.
No entanto, em determinado período da história, as três irmãs foram radicalmente separadas. Sozinhas, elas se enfraqueceram. A Beleza não era mais bonita. A Verdade não era mais real. A Justiça não era mais equânime. O que se apresentava como Beleza era a mais hedionda feiura; o que se fazia passar por Verdade era a mais ridícula farsa; o que se impunha como Justiça era a mais cabulosa vingança. Mas então eu conheci alguém que pode unir as três irmãs novamente: Santa Catarina.
Diante de tudo que está acontecendo, por mais dolorosas que sejam as notícias, eu busco inspiração em Santa Catarina. Nela eu encontro a força para enfrentar a ditadura da mentira, do ressentimento, da malícia, da sujeira e do terror. Ela é um exemplo de coragem, humildade e nobreza de espírito. Ah, se todos fossem iguais a Santa Catarina!
Em você, Santa Catarina, eu vejo a Verdade — a Verdade que é o reino do espírito, que é apreendida pela inteligência, que se fundamenta no real. Jacopo de Varazze lhe admirava a sabedoria, a eloquência e a firmeza. Foram essas qualidades que a tornaram tão próspera e segura, a ponto de ser buscada e admirada por tantos que deixam suas terras para vê-la de perto. Santa Catarina, diligente pelos próprios esforços, não depende da caridade alheia para se manter; ao contrário, por si mesma é pródiga em seu amor por todos de boa vontade. Acolhedora e pacífica, minha e nossa Santa Catarina!
Em você, Santa Catarina, eu vejo a Beleza. Não apenas a Beleza das praias paradisíacas, das serras geladas e dos campos fecundos; algo além das cidades acolhedoras, dos vales verdes e das fontes puras; acima das festas, dos festivais, das cores e das culturas. Em você, Santa Catarina — imagem do trabalho, da alegria e do encanto —, sobretudo eu vejo a Beleza da liberdade.
Em você, Santa Catarina, eu vejo a Justiça, que um sábio certa vez definiu como dar a cada um aquilo que lhe é devido. Em tempos de rancor e vingança, tempos em que o inocente é aprisionado e o justo é perseguido, tempos em que os guardas do imperador maltratam e aterrorizam os filhos da terra, lançando-os ao calabouço e torturando-os na roda de espinhos, você enfrenta os algozes com a força de sua fé no Justo Juiz. Chegará o tempo em que todos eles pagarão pela iniquidade praticada, e a sua fidelidade, minha querida amiga, terá a justa recompensa.
Nesse dia, eu quero estar ao seu lado — minha bela, justa e veraz Santa Catarina.
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Fonte: gazetadopovo
