Às vezes, aquilo que parece apenas um detalhe pode revelar algo muito maior.
A escolha natural por usar mais uma das mãos — direita ou esquerda — pode estar ligada a características cognitivas pouco percebidas no dia a dia.
Os canhotos, embora representem uma minoria, despertam curiosidade e, segundo estudos recentes, possuem habilidades que a ciência começa a compreender melhor.
Cerca de 10% das pessoas no mundo são canhotas. Esse pequeno grupo inclui nomes de destaque na história e na cultura, como Leonardo da Vinci, Lady Gaga, Mozart e Christopher Nolan.
Algo que os une é a capacidade de pensar de maneira inventiva e romper padrões tradicionais.
Uma das explicações está na maneira como o cérebro é ativado. Enquanto os destros tendem a usar mais o hemisfério esquerdo — responsável pelo raciocínio lógico e pela linguagem — os canhotos costumam mobilizar com maior frequência o hemisfério direito, relacionado à criatividade, intuição e emoção.
É como se o hemisfério esquerdo tocasse uma melodia rígida e previsível, enquanto o direito improvisasse com liberdade.
Os canhotos, por natureza, parecem ter mais facilidade para seguir essa segunda melodia.
Uma pesquisa publicada na revista Perceptual and Motor Skills reforça essa ideia.
Ao analisar 96 canhotos e 96 destros em testes de criatividade, os cientistas observaram que os canhotos — especialmente as mulheres — tiveram melhor desempenho.
Eles se destacaram por apresentar mais ideias originais e soluções inovadoras para os desafios propostos.
Isso não significa que ser canhoto torna alguém automaticamente criativo ou artístico.
O que os estudos apontam é que há um terreno fértil para o pensamento divergente, ou seja, para enxergar diversas possibilidades onde a maioria vê apenas uma.
Outro fator importante é o ambiente. Desde cedo, pessoas canhotas precisam se adaptar a utensílios e espaços criados para destros — como carteiras escolares, tesouras e utensílios domésticos.
Essa necessidade constante de adaptação estimula o cérebro a buscar alternativas e criar soluções próprias.
A psicóloga clínica Katina Bajaj, em entrevista ao Business Insider, explica que essa experiência cotidiana atua como uma espécie de treino para a imaginação.
Cada obstáculo enfrentado contribui para desenvolver uma forma mais criativa de pensar e agir.
É como se, todos os dias, um canhoto tivesse que redescobrir jeitos diferentes de realizar tarefas simples — o que, com o tempo, fortalece sua flexibilidade mental.
Isso não quer dizer que todo canhoto seja um gênio criativo, mas sim que sua forma de perceber o mundo é diferente — resultado de uma estrutura cerebral particular e de anos de adaptação.
Essa combinação costuma favorecer uma visão mais ampla e inovadora, útil nas artes, ciências, negócios e em qualquer área que valorize novas ideias.
Também serve de inspiração para os destros: pensar como um canhoto pode significar explorar caminhos menos óbvios e estimular a criatividade de maneiras inesperadas.
Ser canhoto não se limita a uma característica física. É uma maneira própria de interpretar o mundo, de pensar fora dos padrões e transformar obstáculos em oportunidades criativas.
Uma perspectiva rica e inspiradora — independentemente de qual mão você usa para escrever.
Fonte: curapelanatureza





